Peter Mieg, o compositor suíco e seu estilo neo-clássico

Em 2002, fiz um amplo estudo sobre a obra do pintor, escritor e compositor Peter Mieg, para participar do Concurso ( promovido pela Fundação que leva seu nome, na Suíça), no qual sai vencedor e que escolheu minha peça" Ballade pou Peter Mieg" para comemorar os 100 anos de nascimento do maior músico erudito da Suíça. O curioso é que para compor, me detive na única peça escrita pelo compositor para violão clássico e a partir de um trecho, escrevi a ballade, que até hoje é muito saudada naquele país.

Mas sua obra é vasta e de muita qualidade. Num século, marcado por experimentalismos e vanguardas, o compositor suíço optou pela renovação do classicismo, que sugere um equilíbrio entre temas, entre os instrumentos e na retórica sonora de dualidades e confrontos.

Ouço bastante as peças de Mieg para orquestra de cordas, cordas solos ( violino e violoncelo) com orquestra de câmara e orquestra sinfônica e ultimamente tenho me deleitado com seus 2 concertos para piano e orquestra. Estas obras ( de que tenho a gravação e as partituras) foram re-lançadas pela Fundação que leva seu nome em CD, cuja matriz original é de 1967.

A música de Peter Mieg é refinada, elegante, com temas bem construídos e adiante, bem resolvidos ( melódica e harmonicamente). Lembram muito suas próprias aquarelas que são de uma simplicidade e beleza encantadoras, mas que surpreendem por um detalhe de traço ou cor. A música de Mieg é também surpreendente, mas sobretudo uma renovação do classicismo ( o chamado neo classicismo, que os russos Igor Strawinski e Sergei Prokofiev também adotaram) com a inclusão de elementos do jazz, da atonalidade circunstancial e passageira, de resoluções intermediárias e finais inovadoras e da utilização inusitada de instrumentos da palheta orquestra. Uma marca de Mieg é usar os pizzicatos de violoncelos e contrabaixos para trechos de modulação e mudanças melódicas. Tais pizzicatos também atendem ao recurso da clareza de timbres para ressaltar pianíssimos de violinos e flautas.

Talvez isto explique a juventude da obra de Mieg, que pertence à um outro tempo, mas que soa fresca e renovada aos ouvidos do século XXI e que permanecerá como a bem resolvida visão moderna sobre o tempo de Haydn, Mozart e Beethoven. O 1º Concerto para piano e orquestra é de 1947 e o segundo, data de 1961.

Ainda não conhecida no mundo, a música de Peter Mieg precisa de urgente avaliação, pois é muito superior à experimentações vagas do século que passou e como poucos, colabora para a entrada de novatos no universo erudito. Mieg é um grande compositor e escreveu para as mais diversas formações.

Aldo Moraes
Enviado por Aldo Moraes em 24/11/2011
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