Lambança dos famosos

Romeu Prisco

Considero a Globo, disparadamente, a melhor emissora de televisão aberta do Brasil. Entretanto, nem por isso, todas suas realizações constituem obras-primas, merecedoras de elogios incondicionais. Este foi o caso do quadro “Dança dos famosos”, levado ao ar nos últimos domingos, no programa do “Faustão”, o apresentador mais xarope do nosso meio artístico. Para dar idéia e antecipar o que pretendo neste texto, transcrevo a mensagem eletrônica que, em 17.09.2012, enviei àquela emissora:

“Assunto: Dança dos famosos - Senhores (as), simplesmente vergonhosa a monumental lambança que fizeram com Claudia Ohana, que se iniciou na apresentação da dança em “paso doble” e terminou ontem com a apresentação em tango e samba. A Globo não se mostrou confiável e aquela atriz deverá ter muito estomago para continuar no elenco dessa emissora !”

O outro concorrente que disputou o título com Claudia Ohana, Rodrigo Simas, mereceu, entre os homens, e apenas entre os homens, estar na final, mas, nem de longe mereceu sair vitorioso. Porém, este resultado não chegou a surpreender, eis que, na apresentação anterior à final, na dança em “paso doble”, já ficara evidente a preferência da emissora por sua vitória.

Rodrigo Simas exibiu-se no “paso doble” como se fosse um soldado prussiano em desfile marcial, ao exagerar nas batidas com os pés sobre o piso do palco, contra a graça, a leveza e o desempenho impecável de Claudia Ohana, que obteve as melhores notas do júri. Todavia, estranhamente, nas médias das notas do auditório e do público telespectador, via telefone, Rodrigo Simas ficou bem à frente de Claudia Ohana, o que lhe valeu o primeiro lugar.

Ontem, 16.09.2012, na apresentação em tango e samba, Claudia Ohana voltou a exibir-se graciosa e impecavelmente. Como a sua apresentação em samba aconteceu por último, finalizando a competição, o júri teceu-lhe rasgados elogios, chegando a dizer que o “encerramento da competição dera-se com chave de ouro”. Porém, de forma incoerente, na verdade decorrente de uma nota infeliz de um dos jurados chamados “técnicos”, J. C. Viola, atribuiu a vitória a Rodrigo Simas, que também contou com a opção do auditório e dos telespectadores, desta feita por pequena margem.

Diante de tamanha injustiça, resta a impressão de que a Globo manipula os resultados, o que parece ocorrer com freqüência, quando um dos candidatos sobra em simpatia, mas deixa a desejar na dança, fazendo o gênero de um despreparado auditório, incapaz de discernir entre personagem-ator e personagem-dançarino. Tendo em vista esta notória deficiência, se a Globo não manipula os resultados, pois, então, deveria fazê-lo. Ao dizer-se que a “voz do povo é a voz de Deus”, basta atentar para as eleições políticas, cujos votos de hoje são a desgraça de amanhã, mais satisfazendo os desígnios do diabo !

Se Claudia Ohana vier a honrar-me com a leitura deste texto, conte com a minha total solidariedade, pela tremenda decepção que sofreu. Até Fred Astaire sonharia com uma “partner” como você !

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