Brasil: o batismo da MPB em 1966

O que vem a ser “Música Popular Brasileira”, cujo acrônimo é MPB? Essa famigerada e controversa expressão vem desde o princípio do século XX mas, sem definir claramente um movimento ou grupo de músicos e compositores. Em 1945, a estudiosa folclorista e poetisa Oneyda Alvarenga lançou um livro com o título de “Música Popular Brasileira”, que relaciona o termo a manifestações populares como o bumba-meu-boi. Somente duas décadas depois, seria criada a sigla MPB e a concepção atual que se tem do termo. Para mim, enquanto músico, o que que chamam de MPB, ainda não foi nem é definido como um claro estilo musical. Sei que a denominação mais recente teve início em 1966, sendo aplicado a tipos de músicas não-elétricas, que surgiram após o início, origem e evolução da Bossa Nova. A tal MPB dizem alguns estudiosos, surgiu em um momento de declínio da Bossa. É que na primeira metade da década de 1960, a música de João Gilberto passaria por transformações e, a partir de uma nova geração de compositores, nela seria colocado um ponto, na segunda metade da mesma década. Se foi assim, não quero crer com isso que um estilo musical possa chegar ao fim, muito menos ser aniquilado. Os verdadeiros amantes da música e os grandes compositores do presente, irão sempre voltar a beber nas velhas e ricas fontes dos estilos que a moda e a mídia se negam a mostrar e tentam apagar. Os artistas e o público da MPB foram em grande parte ligados aos estudantes e intelectuais, fazendo com que mais tarde a MPB fosse conhecida como "a música da universidade”. Mas que fique bem claro, que não dá para comparar nem de longe com o que chamam hoje de “sertanejo universitário” ou algo que o valha. Naquela música de há cinquenta anos, havia consistência harmônica e melódica e letras bem elaboradas, três elementos que faltam na “praga da música atual” que é paga par ser tocada e massificada na maioria das rádios e TVs do nosso tempo.

O início da MPB é frequentemente associado à interpretação feita por Elis Regina da canção Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Elis, tinha pouco mais de vinte anos quando interpretou essa música no I Festival de Música Popular Brasileira na TV Excelsior, que se tornou o single mais vendido na história da música brasileira na época, levando a cantora ao estrelato. A partir dali, difundiram-se artistas novatos, filhos da Bossa, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque, que apareciam com frequência em festivais de música popular.

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