MÚSICA - MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA E CULTURAL DE UM POVO

A música sertaneja, ao longo de sua história, vem passando por diversas reformulações. Nas décadas de 1980 e 1990 o Brasil assistiu a uma verdadeira avalanche de novidades. Porém, tais mudanças não descaracterizaram o gênero. A essência rural ainda estava fortemente presente nos acordes, nas letras e nos perfis de seus intérpretes. Hoje, no entanto, para ser sertanejo, basta formar um dueto. São duplas, duplas e mais duplas. Todas apresentadas como sertanejas. Sertanejo universitário! Definição difícil de digerir! Quanto a temática: cachaça, chifre, revanche e tudo que há de mais piegas. Quanto à qualidade vocal: Todo mundo cantando (cantando?) alto, rasgando, gritando. Tem gente que precisa saber que um bom tom não é conseguido só cantando alto; tem que ter algo mais que potência de voz. E gostar de cantar não significa exatamente saber cantar. Quanto aos arranjos (digo, desarranjos): Algo deplorável! O que me faz crer que um mesmo maestro está trabalhando para centenas de novos parceiros, pois tudo é muito parecido; reles acordes que, em muitas festas populares, fluem de medíocres teclados que possuem o sons de todos os instrumentos conhecidos.

Em todos os ritmos; em todos os estilos e fases da música brasileira, encontramos coisas boas e ruins. Mas, há pouco mais de uma década, o ruim chegava a uma minoria, pois a mídia valorizava os verdadeiros talentos. Tomemos como referências os festivais que promoveram tantos cantores e compositores nos anos 60, 70 e 80.

Hoje, a mídia, por interesses comerciais, espalha o lixo fonográfico e nossos jovens, com raras exceções, atêm-se aos modismos e deixam de conhecer preciosidades atemporais. Idolatram rostinhos bonitos e juvenis e os corpinhos sedutores que lhes ensinam coreografias impregnadas de sensualidade... ou de sexualidade. E ainda chamam de mau gosto o que o bom gosto perpetuou.

Alguém há de dizer e, por conseguinte, contradizer-me, que música é tão somente uma questão de gosto. Mas, dou a cara ao tapa e a cabeça à pedrada. Em termos musicais, o Brasil tem uma variedade imensa de ritmos e estilos. A música, seja qual for o estilo, tem um significado social. E por ser, acima de tudo, uma forma de comunicação, semelhante a qualquer outro tipo de linguagem, precisa transmitir muito mais que emoção. Tem que ter um bom conteúdo... e o sertanejo universitário não tem.