MÓDULO DIVINO
            O correspondente de Ciências, Steve Connor, publicou no The Sunday Times, 2.Nov,97p.19, o texto “Ponto de Deus é encontrado no cérebro” que merece ser reproduzido para nossa reflexão:
            Os cientistas acreditam ter descoberto um “módulo de Deus” no cérebro, que pode ser responsável pelo instinto evolucionário do homem para acreditar em religião.
            Um estudo em epilépticos, conhecidos por terem experiências profundamente espirituais, localizou um circuito de nervos na parte frontal do cérebro, que parece estar eletricamente ativo quando pensam sobre Deus.
            Os cientistas disseram que embora a pesquisa e suas conclusões sejam preliminares, resultados iniciais sugerem que o fenômeno de crença religiosa está “conectado” no cérebro.
            Pacientes epilépticos que sofrem de ataques repentinos do lóbulo frontal do cérebro disseram que frequentemente experimentam episódios místicos intensos e ficam obcecados com espiritualidade religiosa.
            Uma equipe de neurocientistas da Universidade da Califórnia em San Diego disse que a explicação mais intrigante é que o ataque causa uma superestimulação dos nervos em uma parte do cérebro conhecida como o “módulo de Deus”.
            “Pode haver maquinário neural dedicado nos lóbulos temporais referente à religião. Pode ter evoluído para impor e estabilidade sociedade”, relatou a equipe em uma conferência semana passada.
            Os resultados indicam que uma pessoa acreditar em uma religião ou mesmo em Deus pode depender do quanto essa parte do circuito elétrico de cérebro e desenvolvida.
            O Dr. Vilayanur Ramachandran, chefe da equipe de pesquisa, disse que o estudo envolveu a comparação de pacientes epilépticos com pessoas normais e um grupo que disse que era intensamente religioso.
            Monitores elétricos sobre suas peles – um teste padrão para atividade nos lóbulos temporais do cérebro – mostraram que os epilépticos e as pessoas profundamente religiosas apresentavam uma resposta semelhante quando lhes eram mostradas palavras invocando crença espiritual.
            Cientistas evolucionistas sugeriram que a crença em Deus, que é um traço comum, encontrada em sociedades humanas em todo o mundo e através da história, pode ter sido embutida no complexo circuito elétrico do cérebro como uma adaptação darwiniana para encorajar a cooperação entre indivíduos.
            Se a pesquisa estiver correta e existir um “módulo de Deus”, isso pode sugerir que indivíduos ateus podem ter um circuito neural configurado de forma diferente.
            Um porta voz de Richard Harries, o bispo de Oxford, disse que se existe ou não um “módulo de Deus” é uma questão para os cientistas, não para os teólogos. “Não seria surpresa se Deus tivesse nos criado com um dispositivo físico para a crença”, disse.
            Tenho um bom conhecimento em Neurociências, fiz doutorado em Psicofarmacologia e formação em Terapia Cognitivo Comportamental. Sei da origem dos neurônios, sua disposição anatômica e processos fisiológicos e degenerativos. Sei das diversas regiões responsáveis majoritariamente por tais ou quais coisas. Não seria de estranhar que o estímulo de determinado setor do cérebro cause na pessoa essa percepção forte da divindade. Observamos isso acontecer com o uso das ervas praticadas no culto do Santo Daime.
            Agora, isso teria algum impacto na existência de Deus dentro de nossa realidade? Será que o conhecimento desse setor específico dos neurônios lembrando de Deus, será muito diferente da existência de outros setores que trazem a lembrança e a necessidade da alimentação, do sexo, da raiva, etc. e mesmo assim a existência real dessas outras necessidade não deixam de existir.
Portanto, sigo o pensamento do Bispo Richard Harries de que Deus também tenha criado em nosso cérebro um dispositivo para o reconhecimento de Sua importância, pois, afinal, esta necessidade não seria muito mais importante que o comer, beber, dormir ou fazer sexo?
Colocarei esse “módulo de Deus” dentro de minhas conceituações, saberei que ele está em atividade quando eu estiver sintonizando com o Pai e evitarei que ele se torne hiperativo me tornando fanático, já que escapei um dia da hipoatividade quando duvidei com muita energia da presença de Deus em minha vida.