Decoro e Participação Democrática

No site da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Decoro Parlamentar está assim definido: “é a conduta que deve ser adotada pelos Deputados. Considera-se contrário ao decoro parlamentar a utilização de expressões que configurem crime contra a honra ou que incentivem a prática de crime, e ainda, abuso de poder, recebimento de vantagens indevidas, prática de ato irregular grave quando no desempenho de suas funções”, conclui-se desta forma que decoro não é um palavrão.

Esse termo é muito usual nos meandros opacos da política nacional. Nos noticiários e jornais ouve-se muito a expressão ligada a deputados e senadores, mas, a informação não chega de forma clara e precisa, e o ouvinte comum fica a ver navios com tantos brocardos e expressões muito mais pra latinas, do que para o bom português, nem sempre inteligível por parte dos nossos representantes. Daí cria-se aquela sensação de que a sociedade de um modo geral – principalmente os menos esclarecidos, carentes de informação e principalmente de educação – não acompanha a política no dia à dia justamente por não ter a empatia para tal empreendimento.

Noticia-se todos os dias os mais variados esquemas de corrupções. Da associação com o jogo do bicho, do tráfico de influência dos filhinhos da Chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, a desvio de verbas que seriam destinadas a merenda escolar, compra de passagens aéreas para namorada famosa, pagamento da empregada doméstica com dinheiro público, são tantos quanto inomináveis. Essa é a finalidade da coisa pública? A verba desviada vai para os bolsos, cuecas, paraísos fiscais, e, pasmem até para a construção de um castelo no melhor estilo da arquitertura vitoriana no interior de Minas Gerais.

Partindo desse pressuposto a sociedade não acredita, não participa de movimentos políticos justamente por não acreditar na política. Ela que foi criada como justificativa filosófica para atender os anseios do povo para o povo, com o tempo perdeu a razão de ser para aqueles que esperavam dela a capacidade da criação de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mesmo aparentando uma utopia.

Em toda a história os seres humanos considerados racionais, sempre almejou mesmo que por imposição uma democracia que fizesse valer os seus direitos. Quando o cidadão outorga poderes aos seus representantes, ele espera o mínimo de representatividade. Mas, ao invés disso os seus representantes o alienam de seus direitos e mesmo de suas obrigações. Para que isso não ocorra é necessário uma retomada do senso crítico, de uma participação efetiva e consciente. A partir dessa análise poderá surgir uma sociedade não tão justa quanto utópica, mas, com uma relação mais crítica de que sua representatividade também depende do seu posicionamento enquanto cidadão.

Natalino Oliveira
Enviado por Natalino Oliveira em 16/04/2009
Reeditado em 30/09/2010
Código do texto: T1542221
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