*** CAIXA DE PANDORA "IV" (COMENTANDO A NOTÍCIA) ***
 
     Há um ano, PF e MP iniciavam a operação que abalou a política do DF Operação Caixa de Pandora resultou na prisão e na cassação de Arruda, na renúncia do vice e em processos contra o ex-procurador-geral. A maioria dos envolvidos nas denúncias caiu no ostracismo

Lilian Tahan

Publicação:
27/11/2010 08:00 Atualização: 27/11/2010 08:15 

Madrugada de 27 de novembro de 2009. Antes de o dia clarear, agentes da Polícia Federal (PF) e integrantes do Ministério Público (MP) iniciavam a operação que traria a público o maior escândalo político da história do Distrito Federal. A Caixa de Pandora, como foi chamada a ação policial, revelou uma teia de corrupção com envolvimento dos poderes Executivo e Legislativo. A contaminação, como se viu com os desdobramentos das investigações, não poupou até quem se pressupunha no papel de guardião da Justiça. Integrantes do MP também estão sob suspeição. Um ano após aberta, a Caixa de Pandora revelou conversas, depoimentos, gravações, imagens, documentos, perícias que colocaram em xeque reputações, destruíram carreiras políticas e alteraram drasticamente o cenário político da capital da República. No entanto, as punições judiciais para os acusados ainda não se concretizaram

Contrariando as expectativas que predominavam até novembro de 2009, o então governador, José Roberto Arruda, e o então vice, Paulo Octávio, deixaram a vida pública como consequência da crise. Abriram espaço para a oposição, que se consagrou vitoriosa na eleição de outubro, com o petista Agnelo Queiroz, que assume em janeiro e tem o desafio de reerguer o Distrito Federal. Da legislatura atingida pelas denúncias de corrupção, quatro distritais foram para o ostracismo político. Outros, apesar de citados, conseguiram sobreviver às intempéries. Ontem, véspera do aniversário de Pandora, cinco distritais conseguiram o indulto dos colegas da Comissão de Ética da Casa, que sepultou os processos de quebra de decoro parlamentar contra os acusados da Caixa de Pandora.

Apesar de citados no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que investiga as denúncias de corrupção no DF, Benedito Domingos (PP), Rogério Ulysses (PRTB), Benício Tavares (PMDB), Aylton Gomes (PR) e Rôney Nemer (PMDB) se livraram do processo político. Com exceção de Rogério Ulysses, que não tentou se manter na Câmara porque foi expulso do PSB, os outros quatro foram reeleitos, apesar do desgaste com as acusações feitas por Durval Barbosa, o delator do escândalo.

Rotina familiar

Cassado como consequência dos desdobramentos da Caixa de Pandora, o ex-governador Arruda saiu da cena política em 2010. Sem mandato e sem partido, sua rotina passou a ser familiar. Recentemente, admitiu em entrevista que não retornaria à vida pública e que tem tomado remédios para não cair em depressão. Dedica-se à leitura e está escrevendo um livro de memórias.

Nos últimos meses, no entanto, retomou parte do convívio social. Voltou a fazer caminhadas próximas onde mora, no Park Way, foi a alguns casamentos — como o do filho do ex-diretor do Metrô José Dimas —, já foi visto em enterros e tem feito viagens. Em agosto esteve na Praia do Futuro (em Fortaleza) e agora passa uma temporada em Nova York. Nesta semana, Arruda esteve em um outlet de New Jersey, próximo a NY, fazendo compras com a mulher, Flávia, e a filha, Maria Luísa.

O ex-governador viajou um dia após participar de acareação com os delatores de Pandora Durval Barbosa e Édson Sombra em um processo que investiga a participação de ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra e da promotora de Justiça Deborah Guerner em envolvimento com os esquemas criminosos revelados há um ano.


Assim como Arruda, o ex-vice-governador se afastou dos holofotes da política. Nos últimos meses, Paulo Octávio retomou o controle do grupo empresarial que fundou no DF. Tem dado expediente em seu escritório, no Kubitschek Plaza. Logo após o escândalo de Pandora, o vice se recolheu. Evitou os compromissos sociais dos quais era frequentador assíduo. Aos poucos, tem retomado sua rotina social. Costuma ir ao Shopping Iguatemi, aonde vai ao cinema com os dois filhos e mulher. E tem viajado bastante. Nos últimos tempos, foi para a Europa, onde esteve na Itália, e para os Estados Unidos, com a família. Paulo Octávio tem dito a pessoas próximas que tomou abuso da política e não voltará à vida pública.

Astros e estrelas apagados

A divulgação dos vídeos protagonizados por Leonardo Prudente (o que enfiou dinheiro nas meias), Eurides Brito (guardou os maços na bolsa) e Júnior Brunelli (o da oração da propina) potencializou a repercussão da crise no Distrito Federal, que se tornou um escândalo nacional. Temendo a cassação de mandato, Brunelli e Prudente se precipitaram e renunciaram ao cargo. Afastado do meio político, o primeiro ainda tentou viabilizar a candidatura da irmã Lilian fazendo um trabalho de base na igreja evangélica Casa da Benção. Mas ela não se elegeu.

Prudente também cortou o vínculo com a Câmara Legislativa. Ex-presidente do Legislativo local, não conseguiu fazer nenhum representante na Casa onde esteve por duas legislaturas e de onde negociava com conforto os contratos com o GDF para empresas de vigilância e serviços gerais ligadas à sua família. Atualmente, o deputado que ficou famoso depois de flagrado escamoteando dinheiro nas meias e nos bolsos do paletó dedica-se à família e às empresas — algumas delas ainda mantêm contratos com o GDF. No meio do ano, Prudente voltou para escola. Matriculou-se em um curso de gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O ex-distrital tem evitado badalações, até porque tem receio de não ser bem recebido. Mas casou dois filhos em grande estilo. Uma das cerimônias foi na Mansão Unique. O ex-distrital se sente mais à vontade fora de Brasília. Viaja muito, principalmente para o Nordeste. Em setembro, tentou renovar visto para os Estados Unidos, mas teve problemas para conseguir o documento.

Eurides foi a única deputada cassada em função do escândalo da Caixa de Pandora. Como optou por enfrentar o processo de quebra de decoro parlamentar, foi uma das últimas envolvidas na crise a se afastar da mídia. Em 22 de junho, a distrital assistiu de casa à decisão do plenário da Câmara que lhe tirou o mandato. Desde então, tem se dedicado à rotina mais caseira. Nos bastidores, chegou a incentivar as candidaturas a distrital de José Valente e de Luiz Carlos Pitiman para deputado federal. Aos 73 anos, não deve voltar à política. A Lei da Ficha Limpa será um impeditivo.

Investigados


Benício Tavares (PMDB)

Em depoimento, Durval Barbosa disse que ele recebia R$ 30 mil, ainda no governo anterior, para favorecer a candidatura de Arruda. Benício Tavares também foi alvo de um vídeo gravado por Durval, mas não aparece recebendo dinheiro. Foi reeleito com 17.558 mil votos.

Rôney Nemer (PMDB)

O parlamentar foi citado em um diálogo gravado em que o então chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, diz a Arruda que ele recebia R$ 11,5 mil do assessor de imprensa Omézio Pontes. Reeleito com 17.778 votos.

Rogério Ulysses (PRTB)

Citado em conversa em que o então chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, disse que pagava R$ 50 mil para o deputado, que ainda recebia R$ 10 mil do assessor de imprensa Omézio Pontes. Além disso, ele foi alvo de ação de busca e apreensão em sua casa e no gabinete na Câmara Legislativa. Foi expulso do PSB em 22 de dezembro do ano passado. Não disputou as eleições em virtude de ter trocado o antigo partido, PSB, pelo PRTB após o prazo exigido pela lei eleitoral.
 
Aylton Gomes (PR)

O então chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, afirmou  que pagava a ele R$ 30 mil. O deputado, segundo o diálogo, ainda recebia R$ 10 mil de Omézio Pontes. Reeleito com 13.278 votos.

Benedito Domingos (PP)

Em depoimento, Durval Barbosa disse que Benedito recebeu R$ 6 milhões para apoiar a campanha do governador Arruda. José Geraldo Maciel afirmou que o distrital recebeu dinheiro das mãos do conselheiro do Tribunal de Contas do DF Domingos Lamoglia. Reeleito com 9.479 votos.

 
Fontes: site do Correio Braziliense. www.correiobraziliense.com.br e Aqui/DF de 27 de Novembro de 2010 – 1721 – cidades - página 06.
 
Comentando a notícia: 
 
     Mesmo passado um ano da Caixa de Pandora que abalaram a nossa capital, Brasília ainda precisa de uma limpa geral em todos os sentidos, tem muita gente nas nossas estatais que pensam que são donos delas, passaram a vida inteira pura e simples mudando de lado, ou seja, literalmente em cima do muro, quando era Roriz tava com ele, quando era Cristovão tava com ele, quando voltou Roriz novamente com ele e quando foi o Arrudão ai foi que a festa ficou boa pra valer.
     Tomara Deus que o próximo governador faça uma limpa geral nestes puladores de galho, afinal nas nossas estatais tem servidores de carreiras que também são competentes como os demais, que está há anos ditando mornas aos outros servidores, não dando a eles chances de crescimento, tomaram posse dos cargos e não os soltam nem mesmo estando de férias.
     O poder tem que ser efêmero por que se não o cidadão pensa que é dono da empresa estatal e nem uma resposta sua de um simples requerimento não é dada. Ainda bem que isso me parece que está chegando ao fim, assim espero. Sábio é nosso presidente Lula que sabia que tinha dia pra entrar e dia pra sair do poder se quisessem teria tentado o terceiro mandato e teria sido eleito, mesmo com a popularidade em alta não o fez, um verdadeiro democrata
     Outro fato marcante nestas eleições foi que nos conseguimos fazer uma pequena limpa na Câmara Legislativas do Distrito Federal, elegemos novos Deputados Distritais, Federais a maioria da oposição e os dois Senadores da oposição, na verdade era pra ter três senadores, pois o então Senador Joaquim Roriz, renunciou ao mandato pra não ser cassado e depois renunciou novamente ao Governo do Distrito Federal pra não ser cassado pela Ficha Suja, colocando a sua esposa Weslian Roriz em seu lugar pra concorrer ao Governo do DF, acabou perdendo do mesmo jeito de lavada, foi uma dura lição pra o “Clã dos Roriz”, mas, mesmo assim ainda conseguiu eleger duas filhas uma distrital e uma federal.
     O governador-eleito Agnelo concorreu com Roriz e ficou em segundo, o primeiro suplente de senador do Joaquim Roriz Gim Argello é outro enrolado também deste quando era deputado distrital, na verdade a vaga era pra ser do Agnelo. Na próxima eleição será a sua vez do então senador Gim Argello deixar o senado. Possa ser que ele não passe na Ficha Suja se caso passar vai depender exclusivamente do eleitor.
     Pra nossa felicidade Joaquim Roriz está fora de vez da Política Brasiliense a ficha já deu o seu veredicto Roriz tem a Ficha Suja e ponto final, quem será que vai se contra o STF??? Pode até ser, mas, foi lá que vários políticos da política nacional perderam os seus mandatos mesmo ganhos nas urnas como foi o caso do Deputado Federal Jader Barbalho do Pará, que havia ganhado pra senador com 1,8 milhão de votos.
 
José Aprígio da Silva
“Lorde dos Acrósticos”
Águas Lindas de Goiás/GO
Segunda-feira, 29 de novembro de 2010 – 09:30.
JOSÉ APRÍGIO DA SILVA
Enviado por JOSÉ APRÍGIO DA SILVA em 29/11/2010
Reeditado em 22/02/2011
Código do texto: T2643259
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.