Nascemos corruptos

Em toda a mídia e em qualquer recôndito mais escondido do nosso continental país é quase unanimidade todos alegarem que o Brasil não evolui porque os nossos representantes políticos são, em sua quase totalidade, corruptos e inescrupulosos. Todos focamos nos governantes as culpas pelas mazelas sociais, pelas péssimas condições de vida da população brasileira, pelos ínfimos recursos aplicados corretamente na saúde, pela desvalorização dos nossos professores, pela situação caótica porque passa a nossa educação, pela falta de infraestrutura de ponta, enfim, todos os problemas sociais são os gestores públicos os culpados.

Corrupção vem do latim corruptus, que significa quebrando em pedaços. O verbo corromper significa “tornar pútrido”. É isso que estamos fazendo: tornando podre a nossa própria sociedade. A corrupção está finalizando nos pomposos gabinetes dos governantes, mas está começando dentro das nossas casas e na convivência com nossos familiares.

Todos reclamam, todos apontam o dedo efusivo para o administrador que não executa o poder com igualdade, compromisso, austeridade e honestidade, mas esquecem que não cumprem seus próprios deveres como pais, profissionais e seres sociais. Também é corrupção o pai mostrar ao filho que “furar” a fila de um banco é valorização do seu precisoso tempo (como se todos os que estão na fila fossem desocupados), que driblar o imposto de renda é esperteza, que ter um “gato” na energia doméstica ou comercial é apenas uma cobrança dos seus direitos que lhe são renegados.

O servidor que não quer assumir suas funções a que foi concursado também é corrupto. Aquele que percebe que o caixa do supermercado devolveu-lhe troco a mais do esperado e aceita prontamente também é corrupto. Quem forja acidente para receber seguro também é corrupto.

O chefe que “abafa” os maus feitos de um funcionário por não querer se indispor com este, também é corrupto. Do mesmo jeito que é corrupto o dono de um estabelecimento comercial que quer vender um produto vencido ou em desuso.

O jeitinho brasileiro a que estamos acostumados deve ser sinônimo de criatividade, inteligência instantânea. Não deve ser confundido com “passar a perna” nos mais frágeis ou dominar os mais fracos. Um país como o nosso, detentor de tantas riquezas e de um povo inteligente, precisa colocar a educação como prioridade. Mas não é possível entender a educação como prioridade nos bancos escolares se dentro de nossas casas ela não é.

Impor limites, determinar comportamentos honestos e amigáveis, repassar conceitos de valores, religião e honestidade, são os primeiros passos para, no futuro, deixarmos de ser um país lindo, tropical, rico, mas corrupto.