Os incêndios na ALERJ e no REICHSTAG. Quem seria o Hitler brasileiro?

Obviamente que peco pelo exagero ao fazer tal comparação, mas guardando-se as devidas proporções históricas, geográficas, demográficas e circunstanciais, resta-me, sim, a dúvida: quem será o “Hitler brasileiro”?

Há cerca de dois dias eu falava com o meu filho acerca de minha preocupação sobre o fato das manifestações populares (contra o aumento nas tarifas do transporte público e contra outras mazelas nacionais) virem a ser manipuladas de maneira sórdida e maquiavélica pela Direita Fascista brasileira, que não se conforma com o jogo democrático que vigora em nosso país, após uma longa e penosa luta contra as Forças Armadas que usurparam o Poder em 1964.

Exemplos desse inconformismo “nazifascista brasileiro” vêm ganhando força e destaque com o correr dos dias e a ousadia dos golpistas chegou ao ponto de publicarem na rede social Facebook uma foto do Sr. Geisel, um dos ditadores militares, em que ele diz “que os brasileiros ainda sentiriam saudades de seu tempo (sic)”; e mais recentemente uma fotomontagem de uma hipotética capa da Revista VEJA, com o “anúncio” de que os militares teriam voltado ao Poder e “acabado com a baderna (sic)”.

Perderam, com efeito, qualquer eventual decência que talvez tivessem e até o medo da Lei, pois cometem o delito de “apologia ao crime de traição ao Regime Democrático” sem sequer se preocuparem em serem processados.

Ontem, 17 de Junho de 2013, no Largo da Batata, em São Paulo SP, entre as mais de sessenta mil (60.000) pessoas de todas as classes sociais, etnias, idades etc. tive a honra de participar do ATO de PROTESTO que não se limitou ao aumento no custo das tarifas do péssimo transporte público que nos é ofertado e também abrangeu várias outras demandas, tais como, mais verbas para Saúde, Educação e Segurança, além de melhor controle nos gastos com a Copa do Mundo, a das Confederações etc. Um leque de contestações e de reivindicações absolutamente legítimas e, diga-se, devidamente respeitada pelo “Braço Armado” do Estado.

Senti-me pacificado. Passei a acreditar na autenticidade popular do movimento.

Contudo, por volta das 23h30 ao voltar para o hotel a minha paz e o meu entusiasmado orgulho cívico sofreram um grande abalo ao ver na TV as imagens em que um grupo de homens mascarados (manifestantes legítimos precisam usar máscaras?) ateava fogo no prédio da ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), além de outros atos de puro vandalismo nas redondezas.

Primeiramente procurei entender o porquê daquele comportamento, absolutamente diferente daquele que orientou os outros cem mil (100.000) manifestantes cariocas que percorreram a Av. Rio Branco até a Cinelândia em perfeita ordem e com o devido entusiasmo democrático. Seria apenas resultado da testosterona exacerbada que é típica em jovens? Seria efeito do consumo de drogas? Seria pura irresponsabilidade infanto-juvenil, embora muitos já estivessem bem longe dessa faixa etária? Seria efeito de uma revolta maior que a dos outros? Mas como, se entre os outros os dramas são iguais? Ou seria puro banditismo? Ou tudo isso junto? É possível.

Todavia, o que mais me assustou foi o pressentimento de que o meu medo anterior seria justificável.

Sim, eu não poderia descartar a hipótese de serem eles agentes infiltrados, ou apenas bandidos contratados pelos nazifascistas para promoverem a arruaça e com isso justificarem a sua melopeia em favor da volta dos Militares ao Governo, para que a ordem fosse restabelecida (sic).

Um clássico artifício utilizado pela Burguesia Direitista, da qual Hitler e Mussolini são os ídolos máximos.

E foi justamente por ordem de Hitler que em 1933 o Reischtag foi queimado por seus capangas. Com isso, o Parlamento, ou o Congresso perdeu seu espaço físico e sua importância foi sendo minada de tal forma até que sucumbiu de vez, abrindo espaço para que o ditador alemão assumisse o pleno Poder, com as consequências que se sabe.

É claro que os nazifascistas brasileiros não ousariam tomar o mundo. O Brasil lhes bastaria.

Ser-lhes-ia ótimo ter quem pudesse disfarçar-lhes a obtusidade e a mediocridade, privilegiando a delação, a bajulação, a servidão e todas as outras “qualidades” que esse tipo de gentalha possui.

Por tudo isso, eu faço um apelo às lideranças dos Movimentos Populares para que não ouçam esse discurso maquiavélico e oportunista de alguns Politiqueiros. Que rejeitem todas as tentativas de cooptação que tentarem lhes fazer. Digam não aos Políticos e aos Partidos Políticos que os procurarem, pois eles nada têm a lhes oferecer, salvo a própria renúncia, mas isso demandaria um mínimo de ética e essa, como se sabe, quase que lhes é desconhecida.

E aos companheiros manifestantes, eu rogo que continuem a ter o mesmo entusiasmo patriótico e saudável coragem de rejeitarem a violência gratuita.

Que continuem, ou melhor, que continuemos a exigir que os FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS que eventualmente ocupem os cargos de Vereadores, Prefeitos, Deputados, Senadores, Governadores e Presidentes cumpram os requisitos necessários de probidade, competência e decência.

Que se saibam meros passantes no cargo. Que se saibam “empregados” do povo que lhes paga os régios salários.

E rogo ainda, que não deixemos de zelar pelo que temos em comum: um grande e lindo País chamado Brasil. Que tenhamos a consciência de que somos nós os responsáveis por ele.