Como entender o Brasil?

É verdade, somos um país de dimensão continental, um país, por assim dizer, tropical, devido a sua localização no globo terrestre. Rico por sua biodiversidade, por sua cultura, por suas características peculiares, que só a identidade brasileira possuía. Por seu povo, fruto de um processo de “aculturação” na “melhor” das intenções.

Fomos frutos da intervenção de vários grupos humanos que se diziam e, ainda hoje, dizem ser civilizados, ou melhor, de primeiro mundo. Grupos que não param de chegar para sugar alguns milhares de “migalhas”, despojos da colonização...

Aprendemos a lição dos colonizadores e a colocamos em prática. Tornamo-nos líder do MERCOSUL, protagonizando um personagem moldado pelo discurso esdrúxulo da liberdade e da igualdade entre os povos, da soberania entre os Estados, do combate à desigualdade, da erradicação da miséria, da pobreza, da fome e a “imprescindível” defesa da dignidade da pessoa humana, enfim... De tantas desgraças que só pareciam existir em nações “subdesenvolvidas”.

Isto porque os colonizadores têm o poder de se tornar invisíveis aos olhos dos grandes conglomerados midiáticos. Ou seja, um valor inverso aos critérios de noticiabilidade, aos olhos dos estudos comunicacionais. Talvez isso nos leve a compreender um pouco da relevância e imperiosa necessidade de que urge a democratização dos meios de comunicação...

Será que foi a partir daí que se teve a inspiração de se criarem os “Super-heróis” hollywoodianos? Será que eles são verdadeiras maquetes de salvadores do mundo, que se personificaram desde os idos de 1776, trazendo inspiração à Revolução de 1789?

Pois, bem, se coerente ou contraditório, a verdade é que o Brasil incorporou as virtudes colonialistas na América Latina, e, desse modo, tem se utilizado da coerção para fazer valer os seus desígnios futuros do imperialismo latino-americano.

O Brasil quer ser grande em tudo! Grande no território com obras faraônicas para o mundo vê, ou seja, busca ser o maior disso e o maior daquilo, e passa a desconhecer a grandeza de sua Nação e da intensa exploração e desigualdade de seu povo, apresentando um enfado medonho, com surtos de ‘suspiros’ ao se noticiar, em raríssimas ocasiões, pequenas oscilações de crescimento do IDH. Mas, ao fazer comparações com o caso concreto, entre algumas localidades do país e os lugares mais ‘assolados’ do mundo, tem-se a compreensão de que não se precisa ir à ‘África das guerras civis’ para “apreciar” suas terríveis realidades.

A mesma fonte de riqueza para poucos é também a grande mantenedora da injustiça e da desigualdade do povo brasileiro, desprovido de justiça social.

O Brasil procura se mostrar “grande”, principalmente nos assuntos com repercussão positiva no cenário internacional. Até no futebol e em suas aberrações, exploradas a cada segundo televisivo pelo marketing midiático, fazendo vinculações com as “celebridades” do esporte da copa, que inspiram olhares e enchem os bolsos dos “sempre” mais ricos.

Projeta-se até em ser grande aos organismos internacionais com vistas a ganhar notoriedade na sociedade globalizada e, assim, dizer com tom de discurso de campanha política: “O Brasil está caminhando para o desenvolvimento, para o futuro”. E afirma-se: “Estamos no rumo certo!”.

Aprendemos a lição “virtuosa” deixada pelo pacto colonial, quando a Colônia (Brasil) vivia subserviente aos interesses da Metrópole (Europa). Mas parece que essa história não mudou muito, pois no imaginário ainda há resquícios dessa má formação em nossa estrutura social e política, permitindo-se vincular essa escória colonial à política governamental, tornando a bola da vez os profissionais de saúde da ilha de Fidel.

Recentemente, para nossa surpresa, a carta da exploração reacende nas ações do Estado brasileiro, pondo em prática a lógica de que é mais lucrativo importar mão de obra do que investir na qualificação da Nação e nas condições para o pleno desenvolvimento das atividades profissionais, reproduzindo uma velha sistemática da estrutura colonial - a dependência e a 'escravização'.

O governo brasileiro está tão moldado à ética irrefreável da política capitalista que se permite aceitar a importação dos serviços médicos cubanos, com a plena convicção da exploração da mão de obra ‘qualificada’ em nome de uma hipócrita relação diplomática de “soberania” entre os Estados, concordando com a contradição de valores que se encontram em seu próprio ordenamento jurídico.

No entanto, quando se muda de ator, e o cenário passa a ser Hollywoodiano, como os E.U.A, a via do diálogo se torna de mão única, com uma superposição norte-americana que impõe, coercitivamente, sua vontade sobre o Estado brasileiro.

A prova cabal disso está registrada quando da chegada do presidente dos E.U.A, Barack Obama, em março de 2011, em sua visita ao Congresso Nacional, a mais alta Instituição do Legislativo brasileiro, condicionando o cumprimento de seus parlamentares ao presidente Obama, só após serem revistados pelos policiais norte-americanos, dentro do próprio Congresso Nacional, isentando, apenas, a PRESIDENTA Dilma Rousseff.

Entenda o Brasil, soberania ilusória, democracia restrita e exploração concreta!

Luiz Carlos Serpa
Enviado por Luiz Carlos Serpa em 01/03/2014
Código do texto: T4711781
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