A POBREZA DOS RICOS

Milton Pires

De todos os critérios que até hoje foram usados para estabelecer semelhanças e diferenças entre pessoas dentro de uma sociedade, a cultura segue causando espanto àqueles que apelam às contas bancárias e aos hectares de terra para definir o que é uma “elite”. Em outras palavras: é possível dizer que continua-se, automaticamente, utilizando a economia e as riquezas materiais como supremo padrão de igualdade e, acima de tudo, de justiça de uma nação.

Não é fácil nem simples a desconstrução desse discurso. Homens alimentam-se de pão; não de ideias e um apelo a uma lógica diferente imediatamente desperta criticas que podem ser resumidas numa espécie de “antiplatonismo”...ou de apelo àquilo que querem, os filósofos marxistas, chamar de “mundo real”.

Para alívio dos marxistas de plantão digo, logo no início desse ensaio, que pouco interesse tenho em escrever sobre a estrutura da realidade ou suas formas de percepção. O tema aqui é, antes de tudo, o homem e o “enfoque” (nunca gostei dessa palavra) é a sua definição como tal. O que é, pois, o homem? Respondo eu mesmo: o homem é, dentre os seres vivos, o único capaz de “fazer história”...de perceber na sua existência um legado capaz de transcender sua permanência nesse mundo e de, sabendo que vai morrer, deixar algo que pode permanecer no tempo.

Decorre do exposto acima que algo há, na passagem do homem por este mundo, de perene naquilo que ele deixa. Em cada grande pintura, em cada gigantesca catedral ou sinfonia, o que permanece é a ideia de um tempo..é uma representação, muitas vezes inconsciente ou pré-verbal, daquilo que impressiona o espírito de um gênio e que se materializa numa obra que, muito mais tarde, vai ser considerada “prima”. Necessário é, portanto, entender que a verdadeira riqueza de uma época ou de um país está nisso que chamei de “espírito” de determinadas pessoas...nessa capacidade de fazer história e de deixar algo que há de permanecer para eternidade e que é essa, somente essa, a verdadeira “riqueza de uma nação”.

Escrevi tudo isso com um objetivo que há, agora, de se revelar muito singelo: dizer que não existem mais “ricos” no Brasil. Terminou, meus amigos, nossa capacidade de fazer história e terminou não pelo fim, cada vez mais próximo, de uma época da economia mundial que o PT deixou escapar pela sua incompetência e pelo seu delírio revolucionário – terminou em função da destruição total da cultura brasileira. Nós, brasileiros, nos distinguimos apenas por nossas posses; não por nossos pensamentos e, desgraçadamente, celebramos isso como o paraíso da democracia.

Enquanto escrevo, centenas de habitantes dos bairros mais “privilegiados” do Rio de Janeiro ou de São Paulo, escutam a todo volume o mesmo lixo cantado aos berros nos bailes funks dessas grandes cidades. Enquanto eu durmo, alguma “artista” plástica com um tubo de spray colorido nas mãos, picha telas da mesma maneira que os usuários de crack fazem com os muros de Porto Alegre e depois as vende por altíssimo preço chamando isso de “arte”. Está nesses fatos a prova do andamento e da vitória, quase completa, da verdadeira revolução brasileira – a Revolução Cultural. Essa foi a verdadeira e gigantesca obra que essa organização criminosa chamada Partido dos Trabalhadores colocou em andamento no Brasil e que está pronta muito antes do início da Copa do Mundo. Nenhum sucesso na luta contra esses bandidos vai ter aquele que não conseguir entender o que escrevi e que continuar “medindo” as pessoas de acordo com aquilo que ganham, com aquilo que vestem ou com aquilo que compram. Essa época, meus amigos, acabou faz tempo – quem procura socialismo por aí está buscando um cavalo com chifres ou um cachorro com asas.

A desgraça, a verdadeira tragédia provocada pelo PT no Brasil, aconteceu no campo do pensamento..Dinheiro deixou de ser importante faz tempo: chegou a época da Pobreza dos Ricos.

Ao meu amigo Everaldo Wanderlei Uavniczak e ao Movimento Reação

Porto Alegre, 17 de maio de 2014.

cardiopires
Enviado por cardiopires em 17/05/2014
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