BOLSA-VERGONHA

Dedo em riste, fazendo pose de heróico defensor da instituição que preside, o abjeto senador Renam Calheiros suspendeu a sessão de ontem (02.12.2014) do Congresso Nacional, sob a alegação de que o comportamento do público presente na galeria constituía uma agressão jamais sofrida por aquela casa, nos seus 191 anos de existência. Como se sabe, dita sessão tinha por objetivo deliberar sobre as contas do superávit primário do governo, no exercício de 2014.

Bravo, senador Calheiros ! Porém, seu heroísmo ficou devendo quando V.Exa. recebeu, sem objeções, o decreto da 'presidenta' Dilma, propondo a liberação de verbas para as chamadas emendas parlamentares, desde que o Congresso aprovasse a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias, avalizando as indigitadas contas. Não sei se esta foi a maior ofensa sofrida pelo Congresso Nacional nos seus 191 anos de vida, mas, certamente, foi maior, imensamente maior, que aquela decorrente do comportamento da galeria.

Outro, no seu lugar, com plena consciência das atribuições inerentes ao elevado carqo que ocupa, teria mandado devolver ao Executivo tão clara e ostensiva tentativa de chantagem. Todavia, V. Exa., praticando mais um ato compatível com seu collorido passado, acabou validando a bolsa-vergonha, tendo por beneficiários os parlamentares do Congresso Nacional.

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