No grande circo que os golpistas criaram nesse tão triste instante o qual lastimo estar testemunhando, as mulheres encorajam as punições dos carrascos e Dona Benta envergonha a nação.
 
Um vídeo chocou demais mostrando uma mulher, numa praça, sofrendo a cruel execução de um carrasco que agia obedecendo ao Talibã. 
Ali estava uma suposta adúltera que, arrisco afirmar, jamais cometeu qualquer pecado. Uma mulher pode até ser surpreendida na cama ao lado de outro, entretanto ela segue sendo inocente, pois seus anseios sexuais, aceitar a sedução do homem e sua eventual escolha por ceder à paixão voluptuosa nunca justificariam acusá-la.
As mulheres amam, acreditam na poesia, elas perseguem a profunda beleza que os seres mesquinhos ignoram, elas não traem, não merecem essa acusação infame.
Na pior das hipóteses elas permitem a ilusão carnal.
 
Aqui, nas terras cabralinas, repletas de machistas, a senhora do vice, o golpista que invade o Executivo, foi descrita como uma Amélia.
O que Marcela realiza durante o dia? Segundo estúpidas reportagens a formosa cega é caseira, reservada, autêntica mulher que sabe cuidar da casa e aguarda o querido marido retornar.
 
Incentivando a incrível impostura do impeachment, ofendendo os vôos das Evas e limitando os passos femininos, elas, boa parte delas, apóiam que a presidenta, uma mulher, saia.
Não analisaram ou, absorvidas pelo equívoco inocente, não conseguem perceber o jogo imundo, bem podre e fedorento o qual pretende expulsar uma mulher imaginando jamais outra voltar.
 
Peguem os números, os dados, queridas! Eles continuam os mesmos, apenas as querem imitando a infeliz personagem de Gabriela:
_ Hoje eu vou lhe usar!
 
* No Congresso das imundícies e várias mentiras, sustentado pela frágil democracia que ainda deseja visitar o Brasil (um dia talvez ocorra), a senadora Ana Amélia parece a Dona Benta do sítio literário, mas ela, pensando igual a tantas mulheres enganadas, festeja ver Dilma sair.
Os sacis, Pedrinho e Narizinho aprovam.
As Nastácias e os Tios Barnabés reclamam, no entanto a inspiração de Lobato, refletindo o preconceito muito forte, os colocou na cozinha ou isolados no meio do mato.
 
Não há mais voz, restam as senzalas, é necessário o povo retomar os cantos, talvez perder o encanto, a força e o brilho, suando esquecidos enquanto os golpistas surrupiam o posto elevado, sentam na cadeira ilegítima, entristecem a nação maltratada, deixam o pobre sangrando lágrimas infindáveis.
 
* Um recado eu dou aos convictos, àqueles que, entre outras coisas, dizem que eu minto afirmando acontecer um golpe:
Meus caros amigos, vocês que já somaram 50 primaveras, seguiram estradas tortuosas, sorriram a esperança e choraram desgovernos...
Vocês preferem dizer que estou mentindo a admitirem o golpe.
Imagino que vocês lamentam morar numa terra na qual rasgam a nobre Constituição, um país de merda que inventa um crime inexistindo crime.
Eu compreendo vocês!
É duro aceitar que os elevados ministros do STF, por exemplo, são velhos gagás conduzindo o circo e cumprindo ordens servis.
Quando leio que eu minto, não estou sendo hipócrita, entendo vocês, contudo, infelizmente não vou ornamentar as palavras, residimos num Brasil de merda.
 
Mas os jornais espanhóis ressaltam o golpe e outros países já anotam a verdade. Lá fora fica mais fácil admitir nossas mazelas, os vícios e a burrice tupiniquim.
 
* Recordando o imperador louco, desejei unir a enorme porcaria, nosso Congresso, os caducos, também os golpistas e as criancinhas nas ruas falando o que mandaram dizer (todos nós só começamos a abandonar a mentalidade infantil depois de completar 40 invernos).
Incluí as mulheres executadas nas praças, ofertando o rosto para eles baterem ou concluindo a comidinha antes dos famintos chegarem.
Não pretendo esquecer ninguém.
 
Depois é só deixar queimar tudo.
Queima, queima, queima, não pára!
 
Opa! Quase esqueço!
Preciso salvar a Cuca.
Sempre gostei da Cuca.
 
A Cuca merece demais escapar!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 12/05/2016
Reeditado em 13/05/2016
Código do texto: T5632966
Classificação de conteúdo: seguro