Nação enfraquecida

De fato, como disse Ruy Castro, "o Cinema Novo, bem ou mal, realizou o milagre de mostrar o Brasil para os brasileiros".

Mas agora, a TV todos os dias nos mostra pela manhã o que é o Brasil: alunos sendo mortos por balas perdidas dentro de escolas; explosões de caixas eletrônicos no interior ou nos centros das cidades; explosões de carros de transporte de valores e assaltos a caminhões de carga pelas estradas; febre amarela grassando no interior e nos grandes centros, quando pensávamos que tivesse sido erradica por Oswaldo Cruz há muito tempo; policiais civis e militares sendo friamente assassinados por bandidos; bandidos sendo friamente assassinados por policiais depois de presos; taxas de evasão escolar cada vez maiores a cada ano; insegurança total nos bairros e nos centros das cidades, com assaltos, roubos, arrastões, latrocínios, etc.; desemprego da ordem de dezenas de milhões de brasileiros por todo o país; além da dilapidação dos recursos públicos pela maioria dos políticos, traduzindo-se no traço de marca mais relevante no conjunto das profundas insatisfações da sociedade brasileira.

No governo Sarney, logo após a ditadura, a inflação andou pela casa dos 200%. Ou chegou a mais de 1000%! Uma demonstração de incompetência administrativa favorecida pela herança do período militar que não conseguiu colocar o país no rumo, apesar dos poderes discricionários e ilimitados e do “milagre econômico” que só existiu na cabeça do Delfim.

Hoje parece que a inflação é menor que 10%. Mas nem por isso nossos problemas de saúde, educação, emprego e habitação estão equacionados. Ao contrário, conta-se com a colaboração do povo, como no caso da Reforma da Previdência, para o soerguimento da economia. Somos uma nação enfraquecida.

Tal como a Venezuela, onde a inflação já chegou aos 700%! Certamente não foi nessa situação que Chávez deixou os venezuelanos. Ou não teria merecido os elogios que teve do lúcido ativista social Noam Chomsky. Maduro, portanto, ao que parece colaborou na deterioração do país vizinho, deixando o seu petróleo ao sabor dos interesses predatórios da nação que lidera o Ocidente. E que almeja o maior subdesenvolvimento possível das nações do Terceiro Mundo para que possam mais facilmente ser impedidas de sair de sua área de influência.

O Brasil está em situação semelhante, embora a inflação ainda não esteja insuportável. Mas a corrupção está. E ninguém tem dúvidas de que ela contribui para a degradação do que resta de democracia e o enfraquecimento do país. O que vem se intensificando desde o período ditatorial, implantado, como sabemos, com o apoio direto do governo norte-americano.

Só que agora os EUA não precisam desenvolver ações no sentido de conter ou neutralizar o desenvolvimento de nações emergentes do Terceiro Mundo como a nossa. Nós mesmos fazemos isso.

Rio, 07/04/2017

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 21/12/2017
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