VERTENTES FEMINISTA: O FEMINISMO RADICAL.

Resumo: O feminismo radical é a vertente mais sensata do movimento feminista pois busca resolver o problema na sua raiz. Todas as reivindicações do movimento são necessárias para a melhorias da vida e do bem-estar das mulheres no mundo.

1INTRODUÇÃO

Ao longo da história e devido a necessidades, foram criadas diferentes vertentes para distinguir as diferentes reivindicações das mulheres. As vertentes do feminismo são o feminismo liberal, o feminismo intersecional, o feminismo radical, feminismo negro, anarco feminismo, feminismo marxista entre outros. Destes trabalharemos apenas a vertente do feminismo radical.

2 RAIZ DO MACHISMO

A palavra “radical” significa “raiz”, ou seja, feministas radicais querem acabar com o machismo na sua raiz e onde que o machismo encontra forças para assim impedir seu crescimento.

Feministas radicais acreditam que a raiz do machismo está no gênero. O gênero é algo imposto pela sociedade quando uma criança nasce: se for menina deve usar rosa e ser sensível, bonita e submissa se uma criança nasce homem ele é estimulado a ser forte, líder, dono das mulheres e provedor.

Ou seja, como diz Simone de Beauvoir não são os fatores biológicos, psíquicos ou econômicos que fazem uma mulher ser feminina e gostar de rosa e sim é a sociedade que as obrigam a isto. Sendo assim, as feministas radicais querem abolir o gênero, pois este é o que faz o machismo ganhar força.

O feminismo radical condena em alguns aspectos as pessoas trans., pois estas reafirmam o gênero. Por exemplo: um homem se veste ou se transforma em mulher está reafirmando que é daquela forma que as mulheres se vestem e muitas vezes fazem piadas e usam isso de forma pejorativa como se fosse engraçado se vestir como uma mulher.

Esta vertente do feminismo discute temas como maternidade compulsória; heterossexualidade compulsória; prostituição; pornografia; a sexualização\infantilização do corpo da mulher; direitos reprodutivos e violência obstétrica. Todos estes temas limitam as mulheres sem que elas percebam, pois, a sociedade apresenta este modo de vida com muita naturalidade e como um dever.

2.a Heterossexualidade compulsória: vivemos por muito tempo num mundo heteronormativo, o qual ser homossexual é crime. Com certeza a homossexualidade nunca deixou de existir e foi reprimida ao longo da história.

Esta é uma forma de opressão que mantem homens com todo acesso ao corpo feminino e mantem mulheres dependentes do sexo oposto ocasionando uma alienação das mulheres em relação as outras a sua volta.

A dominação do corpo da mulher também pode acontecer em casais homossexuais, por exemplo, dois homens casam e querem tem um filho e para isto contratam uma mulher para fazer a gestação. Seria mais fácil adotar uma criança porem este casal do exemplo prefere ter a posse do corpo feminino como forma de produto.

2.b Maternidade compulsória: Mulheres tem a obrigação de um trabalho invisível, não remunerado sem benefícios ou aposentadoria que é o trabalho doméstico, pois o sistema patriarcal diz que mulheres têm instinto materno e amor a família e por isto elas devem se dedicar apenas ao lar. A maternidade acaba sendo muito romantizada e é vista como uma experiência obrigatória na vida de toda a mulher. Isso prejudica muito as mulheres e também as meninas que perdem seu tempo com afazeres domésticos cuidado do marido e dos filhos.

Na verdade, a maternidade está longe de ser algo tão bom e tão necessário como dizem. A mulher tem que parar os estudos ou se afastar do trabalho, a mulher perde horas de sono quando o bebe nasce; a mulher é criticada e chamada de egoísta enquanto homens são poupados e protegidos pelo patriarcado; talvez o marido não assuma a criança; o marido não paga pensão; talvez o marido possa trazer outros problemas para uma mulher na gravidez como relacionamento abusivo; entre outros e assim a maternidade romantizada acaba.

Portanto para ser mãe a mulher deve antes de tudo querer ter um filho sem ser pressionada e deve estar preparada para muitas coisas como a dupla ou tripla jornada de trabalho e também com a negativa do pai, pois no Brasil 5 milhões de crianças não têm o nome do pai no documento e muitas outras crianças que são abandonadas pela pessoa que o sistema patriarcal diz que é o provedor do lar.

2.c Prostituição: Diferente do feminismo liberal o feminismo radical vê a prostituição como "estupro pago" e que estas mulheres são escravas sexuais de homens, já que, neste comércio, homens não vendem seus corpos para mulheres (na prostituição mulheres nunca são consumidoras elas são sempre o produto).

A principal luta do movimento feminista é justamente fazer a mulher deixar de ser um produto de consumo masculino no qual ele manda e desmanda. E a prostituição é o inverso da liberdade que as feministas querem conquistar.

A prostituição não é algo que empodera mulheres, do contrário, é um resquício do machismo que obriga as mulheres a vender seu corpo para homens como única forma de sobrevivência. E quem lucra neste comércio não são as mulheres são os cafetões e os barões da industria pornográfica.

A prostituição não acontece somente quando a mulher é profissional do sexo, prostituição é o principal objetivo do sistema patriarcal: tornar mulheres escravas sexuais. Mulheres casam para ser sustentadas e não por amor, pois esta é a única profissão permitida para elas. Foi assim que infelizmente muitas mulheres viveram e vivem.

Mulheres foram historicamente excluídas do mercado de trabalho. Isso é algo que não agrega nada de positivo para a sociedade, pois hoje, após a revolução industrial, sabemos que a inclusão das mulheres faz com que a economia de um país crescer em dobro.

2.d Pornografia: Na pornografia a mulher é como objeto sexual passivo e sem fala. A pornografia ensina que mulheres não sentem nenhum prazer sexual e servem apenas para satisfazer um homem, sendo assim, homens podem fazer o que quiser com mulheres para seu próprio prazer, inclusive agredi-las. Por isto feministas radicais veem a prostituição e a pornografia com maus olhos.

Andrea Dworkim foi uma feminista radical estadunidense que dedicou a maior parte de suas obras e da sua vida para falar sobre pornografia e prostituição. Segundo ela a pornografia diz que mulheres querem ser forçadas, agredidas e abusadas; pornografia diz que mulheres querem ser estupradas, abusadas, espancadas sequestradas, desfiguradas; pornografia diz que mulheres querem ser humilhadas, difamadas e envergonhadas; a pornografia diz que a mulher diz não, na verdade ela quer dizer sim. Sim para a violência e sim para a dor.

Na sociedade patriarca lista o "não" da mulher não é respeitado. Dizem que quando uma mulher diz não na verdade ela está querendo dizer sim e isto não é verdade.

2.e Sexualisação do corpo feminino: mulheres muitas vezes passam por injustiça devido á sexualisação do seu corpo. Nos comerciais de televisão, nas revistas pornográfica e em muitos outros lugares o corpo feminino é exposto em forma de produto sexual.

Isto gera muitas consequências ruins. Muitas pessoas não gostam de ver uma mulher amamentando em público, as mulheres também se sentem constrangidas e passam a não gostar do próprio corpo e consequentemente param de amamentar seus filhos. Por isso são criados projetos desnecessários de incentivo a amamentação, pois o leite materno é importante para o desenvolvimento do recém-nascido. Infelizmente estas coisas acontecem devido ao moralismo e abusos do sistema patriarcal que não aceita o corpo das mulheres.

Outro exemplo disso são os quadrinhos de gibis. Super heroínas mulheres têm seu corpo e suas roupas totalmente sexualizadas, curtas, apertadas ao passo que heróis homens usam roupas normal geralmente usam uma capa e uma máscara.

2.f Infantilização do corpo feminino: é muito recorrente entre as mulheres usar produtos oferecidos pela indústria da beleza que além de forçar a ser muito magras também têm a tendência de infantilizar mulheres, pois a cultura patriarcal é também uma cultura pedófila.

Para se tornar uma pessoa mais infantil a mulher se depila, pois, crianças não têm pelos; descolorem o cabelo, pois crianças tem cabelo loiro que escurecem com a puberdade; devem ser magras, pois crianças são mais magras; o cabelo não pode ficar branco; entre outros. Perceba que o maior problema não é a mulher se relacionar com homens mais velhos e sim ela perder seu tempo de vida e dinheiro para se transformar em uma criança.

2.g Direitos reprodutivos: os direitos reprodutivos são a base do movimento feminista. As vertentes feministas reivindicam a legalização do aborto, uso de contraceptivos para mulheres e para homens e procedimentos cirúrgicos como a laqueadura e vasectomia.

No século passado as feministas liberais lutaram muito pelo direito ao uso de contraceptivos. Porem muitas adversidades são constatadas pelo feminismo radical: faz muito mal à saúde e homens não usam. O fato de homem não usarem contraceptivo e uma forma de colocar a culpa na mulher pela gravides. Já foram feitos teste para criar um anticoncepcional masculino, mas a pesquisa foi suspensa pois começaram a surgir problemas parecidos com os sintomas do anticoncepcional feminino como a diminuição do desejo sexual enjoo e vômitos.

Porém não são só estes os efeitos do anticoncepcional feminino pois mulheres já relataram trombose, embolia pulmonar e acidente cardio vascular entre outros.

O sistema patriarcal no Brasil faz com que a mulher não tenha direito ao próprio corpo. Por exemplo, quando uma pessoa morre a família tem direito a doar ou não seus órgãos, isto é ter direito ao próprio corpo. Quando uma mulher decide não ter filhos e deseja fazer procedimentos cirúrgicos para não engravidar como laqueadura existe muitas regras, pois dizem que futuramente seu marido vai querer ter um filho e que ela vai se arrepender.

As regras são ter mais de 25 anos, já dois filhos vivos e ser casada, lembrando que este procedimento não evita cem por cento a gravidez, pois não existem contraceptivos que sejam cem por cento eficientes, muitas mulheres engravidam após laqueadura.

Ou seja, o estado decide pela mulher que ela não pode fazer laqueadura, pois se o seu marido quiser ter um filho futuramente ela terá que acatar e assim ela não tem direito ao próprio corpo e também não tem liberdade, na verdade o marido é dono do corpo da mulher e deve decidir isto por ela.

Com isto podemos ver que o Brasil está muito longe de legalizar o procedimento do aborto que é um direito da mulher e uma questão de saúde pública o qual já é um procedimento legal em muitos países, os mais desenvolvidos. No Brasil assim como em alguns países da África e do oriente médio o aborto não é permitido exceto em casos de má formação do feto, risco de vida para a mulher ou estupro, ou seja, mulheres só tem direito ao próprio corpo quando são estupradas.

2.h Violência obstétrica Além de não ter direito ao próprio, no Brasil, mulheres podem sofrer violência obstétrica que consiste em procedimentos na hora do parto que são dolorosos e são cometidos por profissionais da saúde e médicos.

São eles: cesária desnecessária ou contra a vontade da mulher; episiotomia (corte no períneo); não informar sobre um novo procedimento; afastar a mãe do filho após o nascimento; aplicar ocitocina sintética usada para acelerar o nascimento sem ser necessário; obrigar a mulher a ficar em posição; manobra de kristeller (consiste em empurrar a barriga); proibir a mulher de gritar; falar palavras de ódio como: “na hora de fazer foi bom agora aguenta”; proibir a entrada de acompanhantes; entre outros.

3. CONCLUSÃO

Nossa cultura deve estar preparada para enxergar a mulher como um ser humano com iguais direito e deveres de cidadãos homens. O feminismo radical apresenta ideias que ajudam as mulheres de forma mais ativa, por isso devemos sempre buscar entender o que esta vertente diz.

Bárbara Ferrari
Enviado por Bárbara Ferrari em 17/01/2018
Código do texto: T6228527
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