A democracia é para órfãos maduros

Introdução

Para a elite financeira global, os Estados ou as pátrias nacionais, são meros instrumentos que protegem sua dominação sobre as classes proprietárias e trabalhadoras dos países. Sendo intermediários da exploração dos primeiros, os detentores dos meios de produção (os patrões) sobre os segundos, a força de trabalho (os trabalhadores), por meio da moderna escravidão salarial, esses sugadores superiores de todo o processo produtivo, sem nada produzir, mantém e fortalece a ideia nacionalista, sob as vestes de uma falsa democracia que nos manipula através de lideranças populistas.

Porém, para as classes desses falsos países, os Estados são todos como lugares vazios de poder, onde supostamente podem tanto legitimar sua dominação quanto protegê-la, já que, assumindo o poder, consequentemente, fica-se acima da lei (o tal foro privilegiado) - Afinal, aqueles que executam as leis jamais serão executados por elas.

Deste modo, essa elite global utiliza o Estado como uma grande filial administrativa, do qual, utilizam políticos profissionais (ou os aviõezinhos, nos termos de Jessé de Souza), que em troca de privilégios e salários inimagináveis, representam os interesses dessa elite no palco político nacional. Mas quando os sociais-democratas conseguem vencer as adversidades imposta pelos proprietários liberais e atingem o poder, privilegiando outros interesses burgueses (porém, nacionais) sob o disfarce de assistencialistas dos trabalhadores, logo a elite global utiliza o aparato jurídico burguês para retirá-los o mais rápido possível e, com isso, retomarem tranquilamente sua dominação. (Exemplos, são os golpes de 1964 e 2016).

Ainda há, sob essa disputa política, a possibilidade de partidos ditos revolucionários assumirem e manterem o poder - o mesmo meio definido como necessário, num primeiro momento da revolução, por Karl Marx em A ideologia Alemã. Porém, como a história concreta nos demonstra, quando a bandeira do socialismo atinge o poder de algum país, este logo é bloqueado e isolado do sistema econômico mundial, sendo repercutido pelas mídias burguesas dos outros países, como fracassos totalitários que destinaram o povo à miséria e ao exílio (como exemplo atual, a Venezuela), o que impede a realização ideal do comunismo.

Mas, além de impedir uma possível revolução socialista, através do aparato jurídico (com golpes) e econômico (com bloqueios), essa elite nos mantém em um cenário político que nos limita a uma condição de infantilização política, da qual, aceitando ser representados, seja pelos fantoches da elite, da burguesia social-democrata ou dos líderes ditos revolucionários, ficamos destinados a uma paralisia política na espera de pais que possam atender nossas necessidades sociais.

Por mais óbvio que seja o que até aqui foi exposto, este texto buscará, através dos argumentos de Freud, esboçados por Vladimir Safatle, demonstrar que a dominação política burguesa carrega uma armadilha psíquica de poder que não só mantém nossa dominação, mas que fortalece também os obstáculos das tentativas socialistas de emancipação.

Buscaremos evidenciar que o poder estatal, engendrado pela elite global, mantém a relação com os sujeitos ou individuos parafraseando a relação familiar de pais e filhos durante a infância, nos mantendo, deste modo, dependentes dos Estados como os filhos são dos pais nesse periodo, é assim que somos fomentados a desejar líderes com aspectos paternos que possam nos amparar.

Com isso, para nos guiarmos por este texto tentaremos responder, subjetivamente, às seguintes perguntas: quais são as semelhanças da relação familiar de pais e filhos com a relação entre Estado e sujeitos, que colabora para nos manter em uma infantilização política? Por que as massas populares se agrupam e agem politicamente em torno de líderes populistas? Por que a figura paterna, mesmo com o fim das monarquias, ainda se sustenta nas democracias burguesas? E, pelo que essa infantilização e essa necessidade de poder paterno pode ser substituída, para que possamos estabelecer uma real democracia emancipada?

Parte I - Assim na família como no Estado

A única coisa que os pais podem conscientemente, e ainda que temporariamente, determinar aos filhos é o nome. No mais, eles podem influenciá-los de diversos modos, com a dita educação “de berço”, onde que, durante o período da infância transmitem tradicionalmente os valores para a socialização, ajudando, desse modo, a compor o inconsciente de suas, até então, crianças. Com seus toques, falas, músicas e afetos, os pais ajudam a construir a iniciação do recém-nascido em seu contato com o outro. Nesse mesmo período, os filhos são completamente dependentes de seus pais - todas as suas necessidades só podem ser supridas por eles.

De modo quase que psicanalítico, podemos dizer que, nesse início social, possuímos uma relação que nos desencadeia dois afetos, dentre outros, dos quais Freud por muito já estudou.

Nos guiaremos com ênfase maior no desamparo e na reverência aos pais que, em nosso período infantil, expressamos. Escolhemos esses dois afetos, sobretudo, o desamparo, para que possamos trilhar um caminho já tratado por Vladimir Safatle, no seu brilhante livro “O circuito dos afetos - 2015 “, em que Safatle subverte o racionalismo político, tratando a política não pela racionalidade desencantada da modernidade - que tenderia a eliminar os sentimentos, os afetos, as paixões, ou aos moldes freudianos, as pulsões, do pensamento político; para contribuir com maior ênfase aos afetos, nos destinando então, a um terreno realista e psíquico das relações de poder.

O desamparo

Podemos dizer que em nossa iniciação social o desamparo é o afeto que não apenas permite, mas que também nos demanda o contato com o outro. Afinal, desde o início do contato social, em nossa relação com os pais, estamos na condição de desamparo: completamente dependente deles, nos situando nas mesmas características com que Safatle descreve o desamparo, como “algo de desabamento das reações possíveis, de paralisia sem reação [...] ou mesmo da extrema vulnerabilidade vinda do fato de se estar fora de si, mas agora dependendo de um Outro que não sei como responderá.”, deste modo, desenvolvemos a socialização por essa dependência, ainda no ambiente familiar. Com isso, podemos confirmar, como diz Safatle, através de Freud, que “o afeto que nos abre para os vínculos sociais é o desamparo.”- (p.37 - SAFATLE, 2015.)

Nessa situação de dependência, ou de desamparo, como aqui chamaremos, estabelece-se na relação com os pais uma unidade de proteção, o lar e a afeição materna e paterna centralizam a proteção tornando o externo ameaçador, assim como também age o Estado, ao configurar nele e, através de suas normas, a ideia de estarmos protegidos se estivermos submetidos à elas.

Porém, nessa relação de proteção ao medo, ainda sim, este não é eliminado, é apenas destinado a uma severa e autoritária forma de educação, imposta tanto aos filhos quanto aos sujeitos. Tanto o Estado quanto os pais, mantém a obediência dos sujeitos ou dos filhos através do medo que sentem pelo castigo ou pela punição. Pois, assim como teorizou Thomas Hobbes, os pais e o Estado, interpretam o medo como a melhor forma de fazer com que os filhos ou o povo aceitem as normas, das quais, são transmitidas sob a intenção sincera de proteção pelos pais; mas falsa pelo Estado. Assim, quando Safatle diz que: “[...]o medo ligado à força coercitiva da soberania deve ser visto apenas como uma certa astúcia para defender a vida social de medo maior[...]” - (p.39 - SAFATLE, 2015), devemos interpretar como verdadeiro na relação entre pais e filhos - afinal, os pais querem proteger os filhos das “perversidades” do mundo externo à família. Mas, na relação entre sujeitos e Estado, essa proteção é falsa já que o segundo instiga mais o medo para legitimar a sua dominação.

Temos que definir essas diferenças, na comparação entre Estado e família, para que não imaginemos que todo pai é um ditador. Muito pelo contrário, se admitirmos o que brilhantemente Rousseau nos postulou, na sua comparação entre família e Estado, a diferença entre um e outro é de que, “na família, o amor do pai pelos filhos o compensa dos cuidados que estes lhe demandam, ao passo que, no Estado, o prazer de comandar substitui o amor que o chefe não sente por seus povos.” - (p.20-1 - ROUSSEAU, 2014.)

Posto as diferenças, voltamos ao medo que em Hobbes e na sua relação sujeito-Estado, é tratado como o afeto central dos vínculos sociais, ignorando que o medo surge de uma condição ou de um afeto inicial, o desamparo, já que, “ao menos para Freud, podemos fazer com o desamparo coisas bastante diferentes, como transformá-lo em medo, em angústia social, ou a partir dele para produzir um gesto de forte potencial liberador[...]” --(p.12 - SAFATLE, 2015) - Safatle chega a nos esboçar o possível resultado que obtemos numa “encarnação social” (1), em que as demandas do desamparo são supridas pelo medo, tendendo assim, “a construir a imagem da sociedade como corpo tendencialmente paranoico, preso à lógica securitária do que deve se imunizar contra toda violência que coloca em risco o princípio unitário da vida social. Imunidade que precisa da perpetuação funcional de um estado potencial de insegurança absoluta vinda não apenas do risco exterior, mas da violência imanente da relação entre indivíduos.” - (p.14 - SAFATLE, 2015). Ou seja, o medo é mantido, e até fomentado, para que o Estado se legitime enquanto autoridade, da mesma forma com que os pais legitimam seus conselhos dados aos filhos.

É desta forma ambígua que, quando substituímos o medo pelo desamparo como o afeto central político, notamos que este é também fomentado para legitimar o Estado em seu amparo, Safatle, por exemplo, demonstra-nos como o poder não só fomenta o medo mas também a melancolia para nos destinar a um desamparo que impede nossas ações políticas:

“É possível dizer que o poder nos melancoliza e é dessa forma que ele nos submete. Essa é a sua verdadeira violência, muito mais do que mecanismos clássicos de coerção e dominação pela força, pois trata-se aqui de violência de uma regulação social do Eu a acusar a si mesmo em sua própria vulnerabilidade e a paralisar sua capacidade de ação”. - (p. 55 - SAFATLE, 2015).

Nesse processo de fomentar o desamparo para nos manter dependentes, o Estado nos paralisa em um estágio de infantilização política - do qual, os vínculos políticos são estabelecidos através da dependência dos sujeitos ao Estado, assim como os filhos ficam dependentes dos pai, no período infantil. É desse modo que, a autoridade estatal impede “por completo a possibilidade de a política deixar de ser outra coisa que o balcão universal das reparações por danos sofridos. [E assim,] Não há possibilidade para o aparecimento de sujeitos políticos com força de transformação, pois temos apenas representantes de demandas pontuais de reparação diante de um poder constituído e reconhecido enquanto tal.” - (p.48 - SAFATLE, 2015.)

Essa infantilização política que nos impede de assumirmos a consciência de sujeitos políticos ativos, já foi muito bem criticada, subjetivamente, pelo tão mal interpretado Rousseau, do qual, num tom de crítica irônica ao poder paterno hobbesiano - defende que o filhos devem tornar-se independentes dos pais, na medida em que cessam a dependência do período infantil e atingem a idade da razão, é deste modo, que:

“As crianças são eximidas da obediência devida ao pai, e o pai é isento dos cuidados devidos aos filhos, todos reentram igualmente na independência.[...] Tão logo se encontre o homem na idade da razão, sendo o único juiz dos meios apropriados à sua conservação, torna-se seu próprio senhor.” - (p.20 - ROUSSEAU, 2014).

A crítica iluminista de Rousseau até inspirou levantes, ditos fraternos, contra os pais autoritários das monarquias. Porém, atentando-se apenas para a razão, Rousseau esqueceu-se de algo muito mais íntimo, que a relação paterna inevitavelmente desencadeia, a reverência, seja propriamente pelos pais ou por sua posição. É essa reverência que Freud não deixará de lado, aliás, até nos demonstrará a influência política que essa reverência nos destinou. Conforme veremos no próximo tópico:

A reverência ao pai

“Segue a criança que afirma,

Ao ver os pais como exemplo,

Pois com eles, da vida,

Seguem aprendendo. [...].” (2)

Em nosso primeiro contato social com o outro, com os pais, construímos um processo de reconhecimento e identificação, tendo eles como referência. Inevitavelmente por conta de nossa incapacidade de consciência própria, na infância, espelhamos e reverenciamos nossos exemplos paternos e maternos em nossas ações. Nesse período o desejo de ser alguém “como o pai ou como a mãe” é inevitável - mesmo que inconscientemente o complexo de Édipo(3), nos desencadeia outros afetos psicanalíticos exemplificados por Freud, como o medo e o ódio ao pai - mas, ressaltando a situação de reverência aos pais, que temos na infância, notamos que há uma certa influência política que ela nos impregna.

É compreendendo essas influências que Freud vai afirmar que, “na massa de seres humanos existe uma forte necessidade de uma autoridade que possam admirar, diante da qual se curvam, pela qual são comandados e eventualmente até maltratados.”, e que, essa necessidade provém do “ anseio pelo pai, inerente à cada pessoa desde a infância[...]” - (p.152- FREUD, 2014). Surgindo deste anseio pelo pai, que é fomentado na situação de desamparo da infância, caracterizamos o que Freud chama de O grande homem, ou aos moldes pós-modernos, “O salvador da pátria” com aspectos paternos.

(Essa tendência aos grandes homens é particularmente histórica no Brasil, como nos demonstrou Sérgio Buarque de Holanda, primeiramente, porque o vínculo familiar foi “[...] aquele que se exprimiu com mais força em nossa sociedade [...]”, além de que, “[...]as relações que se cria na vida doméstica sempre forneceram modelo obrigatório de qualquer composição social, [e, consequentemente, política] entre nós” - p.148 - HOLANDA, 1995. Segundo, porque: “ A escolha dos homens que irão exercer funções públicas faz-se de acordo com suas capacidades próprias” - IDEM, fazendo legitimar, com isso, os grandes homens conforme nos mostrou Freud. Isso se manteve com a modernidade, por um terceiro fator, que Sérgio Buarque também expõe, que foi fato de adotarmos um liberalismo superficial de fachada negando apenas de modo puro e simples as autoridades incômodas, do qual, ele diz ser até instintivo, mas “[...] permitindo tratar com familiaridade os governantes.” - p.160 - HOLANDA, 1995. E assim o autor conclui que:

“ A democracia no Brasil foi sempre um lamentável, mal entendido.” - p.160 - HOLANDA, 1995.)

Voltando a Freud, do qual, diferentemente de interpretar a modernidade como um desencantamento do mundo, onde a racionalidade teria a capacidade de iluminar as questões mais obscuras da sociedade moderna, ele vai nos mostrar como ainda há pontos obscuros em nossa sociedade.

É claro que essa comparação ilustrativa de família e Estado, que estamos seguindo, seria muito fácil de ser interpretada nos tempos da monarquia, com os reis e seus súditos; mas, se essa comparação ainda nos é proveitosa concretamente, é porque esse tipo de vínculo político não se dissipou na modernidade. Safatle vai nos mostrar, através de Freud, que não vivemos sob uma política racionalizada, da qual ingenuamente, é verdade, reivindicava Rousseau, e que, Weber tentou racionalizar burocraticamente, mas sim, a ideia de que ainda estamos impregnados por uma visão religiosa do mundo, que impede nossa real ação política:

“Para Freud, nossa modernidade não é desencantada, mas, de maneira peculiar, continua fundamentalmente vinculada à secularização de uma visão religiosa do mundo.” - (p.51, SAFATLE - 2015)

Essa visão religiosa do mundo, como precursora da organização social, segundo Freud, tem sua origem no mito do pai primevo, guiado pelas hordas primitivas dos estudos oriundos de Darwin, Atkinson e Levi-Strauss. Que abaixo descreveremos:

O mito do pai primevo

Exposto inicialmente em Totem e tabu - 1913 e, posteriormente, em O homem Moisés e a religião monoteísta - 1939, do qual, Freud tem o intuito de nos demonstrar que, do mesmo modo que os indivíduos desenvolvem uma neurose a partir de traumas vividos em seu período infantil, como o complexo de Édipo, a nossa sociedade também desenvolveu uma neurose, surgida de um trauma primitivo - o mito do pai primevo, o psicanalista ainda busca esboçar que a religião nada mais é do que um sintoma dessa neurose.

Seguindo as teorias de Darwin e de Atkinson, Freud, estuda a ideia de que “nos tempos primitivos o homem primitivo vivia em pequenas hordas, cada uma delas sob o comando de um macho forte. [...] O macho forte era senhor e pai de toda horda, e ilimitado em seu poder, que usava com violência. Todas as fêmeas eram propriedade sua [...]”,nessa primeira organização social, “O destino dos filhos era duro; quando provocavam o ciúme do pai, eram mortos ou castrados ou expulsos.”, porém, “Por razões naturais, uma posição excepcional estava reservada aos filhos mais novos, que, protegidos pelo amor das mães, podiam tirar vantagem do envelhecimento do pai e substituí-lo após sua morte.” - (p.120 -FREUD, 2014). Mas, em um dado momento os irmãos expulsos se unem e matam o pai, é possível que, “conforme o costume daqueles tempos, o devoraram cru”. (- IDEM). Para Freud esse ato canibalístico além de vincular-se ao ritual da ceia cristã, demonstrando o possível reflexo do mito pré-histórico na religião, evidencia também que os irmãos “não só odiavam e temiam o pai, mas também o veneravam como modelo [...]”, justificando que o canibalismo seria a busca de assegurar a identificação paterna ao incorporar uma parte sua.

Foi justamente essa veneração pelo pai, que se escondia, nos irmãos, o desejo de ocupar seu lugar. E assim, nesse desejo pelo lugar do pai, “os irmãos lutaram uns com os outros pela herança paterna, que cada um queria obter só pra si”- (p.121 - FREUD, 2014). Essa guerra de todos contra todos, pelo poder do pai, só acaba, segundo as hipóteses freudianas, quando: “ A compreensão dos perigos e do insucesso dessas lutas, a lembrança do feito libertador realizado em comum, e as ligações emocionais recíprocas que tinha surgido durante os tempos da expulsão levaram finalmente a um acordo entre eles, uma espécie de contrato social.” (-IDEM).

É do estabelecimento deste contrato social, do qual: “Cada indivíduo renunciava ao ideal de obter para si a posição do pai - renunciava à posse da mãe e das irmãs.”(- IDEM), que Freud vai defender como a origem da primeira forma de organização social com renúncia aos impulsos, originando consequentemente, pelo reconhecimento de obrigações mútuas entre os irmãos, a moral e o direito, o estabelecendo do tabu do incesto e o mandamento da exogamia (4).

Freud, vai seguir descrevendo que até tivemos uma época do matriarcado, onde “a plenitude de poderes liberada pela eliminação do pai, passou as mulheres[...]” - (p.125, FREUD, 2014), mas ainda sim, a lembrança do pai continuou viva entre os irmãos, fazendo-os adotar um animal totêmico forte, que os fizessem conservar a relação emocional que tinham com o pai.

Desse totemismo, o animal mítico da horda, ao longo da história, se humaniza e surgem assim os deuses. Por fim, segundo Freud, o direito materno é substituído por uma ordem patriarcal restaurada, porém, agora com pais que não possuíam o poder ilimitado do pai primevo, já que eram limitados tanto por serem muitos e por conviverem em associações maiores que as hordas, quanto pelas normas sociais que foram estabelecidas entre os irmãos.

Parte II - Reflexos do mito freudiano em nossa sociedade atual.

Analisando o mito freudiano, Safatle vai se debruçar com maior ênfase na organização social estabelecida pelos irmãos, após o parricídio(5). Esse estágio do mito é fundamental para entendermos a formação do poder como um “lugar vazio”, termo tão presente que veste a nossa falsa democracia burguesa. Para Freud, conforme descreve Safatle, foi esse lugar vazio, estabelecido após o assassinato do pai primevo, que permitiu o surgimento de laços comunitários:

“Tal lugar vazio, que Freud chega a descrever a própria sociedade sem pais que parece poder realizar a igualdade democrática, permitiu o aparecimento de laços comunitários baseados em ‘sentimentos sociais de fraternidade [...] na sacralização do sangue comum, ênfase na solidariedade de todas as vidas do mesmo clã’.” - (p.51 - SAFATLE, 2015.)

Porém, esse lugar vazio do poder possuía uma fragilidade estrutural que também está presente em nossa democracia burguesa. Em ambos, o lugar vazio é impregnado por uma “elaboração fantasmática”. Pois, ainda assim, o assassinato do pai primevo, tratado como um trauma dos primórdios humanos, vai ao longo de nossa história permanecer no inconsciente coletivo, como descreve Safatle:

“A fantasia do pai primevo não foi abolida, já que ele permanece na vida psíquica dos sujeitos sob a forma de um sentimento comum de culpa como fundamento de coesão social, que denuncia, por outro lado, o desejo que tal lugar seja ocupado.” - (p.58 - SAFATLE, 2015)

É a partir, justamente, dessa fantasia psíquica que Freud vai defender que a sociedade moderna, e digo até a pós-moderna, está assentada em um terreno teológico-político, que nos mantém presos à dependência paterna do grande homem, já que: “Tal visão religiosa seria assim uma forma de funcionamento do poder que sustenta na generalização social de modos de demandas ligadas à representação fantasmática da autoridade paterna.”- p.52.

Utilizamos o mito freudiano para nos desvincularmos das induções e deduções filosóficas de Hobbes e Rousseau, e assim, compreendermos melhor o motivo dessa figura fantasmática paterna nos rodear e impedir uma possível democracia.

É por isso que como diz Safatle:

“devemos compreender a criação do mito do assassinato do pai primevo como a maneira, disponível a Freud, de dizer que, em relações sociais atuais, os sujeitos agem como quem carrega o peso do desejo de assassinato de um pai que nada mais é do que a encarnação de representações fantasmáticas de autoridade soberana.” - (p.56 - SAFATLE, 2015).

Isso é até inerente ao nosso modelo democrático como confirma Safatle, ao citar Claude Lefort: “[...]a democracia liberal não é um governo sem fundamento fantasmático.”- (p.61 - SAFATLE, 2015).

Freud dá um verdadeiro salto qualitativo na comparação família e Estado, mesmo que por vias religiosas. O psicanalista demonstra não apenas uma continuidade da autoridade familiar para a autoridade estatal, mas uma relação que tanto na primeira, durante o período infantil, quanto nos primórdios da segunda, nos desencadeou uma neurose pela culpa de matar e pelo desejo de substituir o pai.

Muitos podem imaginar que tratar a dominação estatal pela comparação da autoridade paterna, nos impede de enxergar a dominação econômica em que o Estado, cercado por proprietários (burgueses) e dominado pela elite global, exercem sobre os trabalhadores. Não desejamos fechar os olhos para essa dominação, mas demonstrar que ela está embrulhada em uma ideologia que mantém latente tanto essa neurose humana do anseio pelo pai, quanto essa infantilização política. Para isso, seguiremos abaixo, com objetivo de compreender como o Estado-patriarcal mantém a sua dominação deixando latente essas duas reações.

A infantilização política e a latência paterna sob a democracia burguesa.

Já constatamos que o poder Estatal nos mantém numa infantilização política, através do desamparo, para nos tornar dependentes de suas migalhas de amparo. Mas, pensando concretamente e contemporaneamente: como ele age? E quais são seus mecanismos para nos manter nessa infantilização?

Buscamos responder tais questões, trazendo ao texto as reflexões contemporâneas de Antonio Negri e Michael Hardt, que nos evidenciam as imposições políticas do capitalismo pós-moderno. No livro Declaração: Isto não é um manifesto - 2014, os autores demonstram como as imposições neoliberais criaram subjetividades de opressão nos indivíduos. Subjetividades essas, como o endividado, do qual, já utilizamos no artigo A Reforma Trabalhista e o alargamento do precarizado e do endividado no Brasil(6), mas partindo de um maior enfoque para as opressões políticas do que às econômicas, embora estejam estritamente ligadas, nos guiaremos por outras duas subjetividades impostas aos indivíduos, que fortalecem a infantilização política pregada pelo Estado-patriarcal-capitalista. Que são o mediatizado e o representado.

Segundo Negri e Hardt, “O controle das informações e das redes de comunicação criaram o [indivíduo] mediatizado.” - (p.21 NEGRI; HARDT, 2014).

Esse controle da mídia sobre os sujeitos, passou do impedimento do acesso às informações e a comunicação, (visto que, isso é inviável nas proporções globalizadas que demandam o mercado capitalista) para um estímulo a se expressarem constantemente. Desta forma, ao invés de nos calar, as forças repressivas agem para força-nos a se expressar, destinando-nos à um falatório incessante onde ninguém escuta, porque justamente todos estão falando. Toda essa mediatização invade também as relações com o trabalho e consequentemente todas as outras relações sociais: “ Com o smartphone e as conexões wireless, você pode ir a qualquer lugar e continuar ocupado, o que significa que você continuará trabalhando aonde for.” - (p.29. - NEGRI; HARDT, 2014).

Deste modo, os trabalhadores assumem uma condição, segundo Negri e Hardt, maior que a de alienado. Pois, além de terem suas consciências perante ao trabalho que desenvolvem, separada e dívida, ela ainda é incluída e absorvida na rede, que justamente a absorve para melhor rotulá-los e a partir deste rótulo melhor dominá-los.

Afinal, assim como os pais pós-modernos, que para acalmarem seus filhos, lhe entregam os smartphones e os tablet’s, fazendo com que deixem de chorar e de se queixar. Os dominantes agem de igual modo, nos encantam pelas telas, para que deixamos de lado nossas reivindicações, nossas queixas, e assim ficamos como uma criança que tanto chora, mas que quando sente os olhos brilharem com a luminosidade tela, logo se cala. Ficamos ali calados na realidade e comunicativos na virtualidade que estagna nossas ações.

Outra subjetividade oprimida, criada pelo Estado-capitalista, e podemos dizer também por qualquer forma inerente de Estado hierarquizado, é o representado. A falsa democracia burguesa trata a representação como a melhor forma de socializar o poder, mas desde as críticas de Tocqueville notamos que essa representação mais abre espaço ao despotismo do que propriamente á uma possibilidade de participação popular. Deste modo, como descreve Negri, “[...] devemos reconhecer que a representação não é, de fato, um veículo da democracia, mas sim um obstáculo para a sua realização[...]” -- (p.40 - NEGRI; HARDT, 2014.) Ela, na verdade, separa os comandados daqueles que comandam.

Retornando ao mito freudiano, mais precisamente a restauração da ordem patriarcal, por conta da latente lembrança do pai que os irmãos possuíam, o que ocasionou no estabelecimento de novos pais, “Mas agora pais que poderiam cuidar, individualizar, pregar a renúncia pulsional, em suma aplicar o poder pastoral e nos lembrar da importância do respeito à norma e às exigências restritivas das instituições.” - (p.59 - SAFATLE), podemos observar que numa comparação com as revoluções modernas que derrubaram as monarquias e destronaram seus respectivos pais primevos de poderes ilimitados (os reis), o lugar vazio do poder também foi retomado por novos pais, com um poder coercitivo semelhante aos dos novos pais primitivos, conforme nos descreve Freud.

Assim, devemos ter como premissa a brilhante teorização postulada por Carlos Nelson Coutinho, de que o Estado moderno e pós-moderno é um mero fantoche dos reais dominadores humanos, já que, sob o capitalismo, “O poder executivo passa assim a ser encarnado por um grupo de burocratas que se subtrai ao controle público e, com isso, transforma o Estado num corpo separado e posto “acima” da sociedade.” - (p.6 - COUTINHO, 1979).

A grande comprovação de que essa figura psíquica paterna ronda os nossos vínculos políticos atuais, está no rumo das próximas eleições de 2018. Já que há uma polaridade populista liderando as pesquisas. (Lula e Bolsonaro)

Deste modo, compreendemos que há um embrulho em que a dominação de classes está submetida. Talvez esse “embrulho” seja tanto o que impeça que esta dominação paire como uma das questões fundamentais para a emancipação humana, quanto o que limita os levantes ditos comunistas.

Sob esse embrulho, a dominação burguesa torna o lugar vazio do poder numa prisão de expectativas, onde legitimam a adesão às promessas dos candidatos fantoches, já que, as promessas de amparo, “para ter força de mobilização, precisa se lembrar a todo momento dos riscos produzidos por um desamparo iminente, deve nos aprisionar nas sendas de tal iminência, nos fazendo sentir, ao mesmo tempo, a perdição e a redenção, a fraqueza e a força, o cuidado paterno e o inimigo que espreita.” - (p.52 - SAFATLE, 2015).

Com isso, outro artifício que o falso lugar vazio do poder introduz é o maniqueísmo que seleciona inimigos e cria heróis, para assim, exteriorizar toda a violência e unificar os homens de “bem”.

Aliás, é essa mesma armadilha política que parece minar as estratégias de esquerda em 2018, já que esta, cercando-se da figura de Lula como O grande homem, enquanto que por outro lado, ele foi posto também no lugar de inimigo - sendo caçado tanto pela mídia quanto pela jurisdição- permitiu-se que a direita numa cajadada só, frustrasse as expectativas fechadas da esquerda e criasse grandes chances para garantir seu próximo fantoche político no poder. Ao unir-se em torno de Lula toda a esquerda parece inviabilizada de assumir o poder.

Mas esse anseio psíquico pelo pai e pelos grandes homens, não se mostra limitante apenas na democracia burguesa. Conforme veremos a seguir:

A armadilha contra revolucionária.

Nas experiências socialistas, do qual, a história nos demonstra, essa figura psíquica paterna foi um dos grandes obstáculos para que uma autogestão dos trabalhadores pudesse se realizar e fazê-los guiarem sua própria história. Isso se deve por terem adotado uma estratégia marxista de poder, do qual, pregava que a classe proletária “[...]deve conquistar primeiro o poder político para representar por sua vez seu interesse próprio como sendo o interesse geral, sendo obrigada a isso no primeiro momento." (MARX/ENGELS, 2001, pp.29-30), mas, Marx esqueceu-se que o poder é uma fruta podre e envenenada, em que o desejo psíquico de ocupar o lugar vazio pelo anseio do pai, faz com que aquele que o atinge seja inevitavelmente entorpecido pela autoridade que assume. Assim, na busca de se emancipar da dominação econômica, as tentativas socialistas destinaram todos a continuar numa dominação política. E assim, como o anarquista Abraham Guillén, interpretou em Autogestão hoje - 2004, “Aceitar uma ‘transição’ ao socialismo é colocar o Estado por cima da Sociedade e o Partido único sobre o povo. Nenhum poder do povo deve ser alienado ao Estado, ao Partido, ao Líder onipotente e onipresente.” - (p.114 - GUILLÉN et al, 2004).

Ou seja, buscar a emancipação dos reais produtores sociais pela busca do poder político, através da organização em partidos, além de hierarquizar a revolução, acaba caindo na armadilha teológica-política que se esconde no falso lugar vazio do poder. Impedindo, desse modo, a real emancipação dos trabalhadores, como a história soviética já nos evidenciou.

Portanto, para que a emancipação humana seja completamente realizada, deve-se não apenas superar as propriedades privadas por uma socialização econômica, deve-se também superar esse terreno teológico-político, essa neurose primitiva, que nos destina a aceitar e desejar o poder paterno. E se, ao seguirmos Freud, interpretamos o terreno político atual deste modo, devemos também buscar nele os meios para nos livrarmos dessa neurose.

Parte III - Meios para desvelar a autoridade patriarcal e reivindicar a autogestão de “órfãos” produtores.

Embora, ao longo do texto tenhamos interpretado o desamparo como um afeto central político, que fomentado pelo Estado nos destina à uma dependência dele, não devemos interpretá-lo como uma mera paralisia, pois como já foi dito, o desamparo permite também uma potencialidade para a emancipação. Já que, “ é da afirmação do desamparo que vem, para Freud, a emancipação.”-(p.12 - SAFATLE, 2015).

Assim, se compreendermos que estamos desamparados e que o Estado fantoche nos manterá assim para melhor nos dominar, podemos utilizar o desamparo como uma força política de revolta que, tanto nos unifique, por partilharmos tal afeto, quanto nos impulsione a agir politicamente.

Porém, para não cairmos na armadilha psíquica do anseio pelo pai, a emancipação, assim como a revolta dos irmãos expulsos no mito freudiano, deve se guiar numa auto-organização dos próprios trabalhadores, já que hierarquiza-la, como a história nos demonstra, não seria acabar com a dominação, mas sim colocar um novo pai no poder.

Apesar de nos parecer utópico tal auto-organização horizontal de uma possível revolução, Antônio Negri e Michael Hardt, ao interpretar os últimos levantes contemporâneos, nos prova o contrário. Os autores nos demonstram que um novo ator político tem surgido, subvertendo os mecanismos políticos e estabelecendo princípios autogestionários. Esse novo ator político é o que eles chamam de multidão, que diferentemente do conceito de povo, não se somatiza em representações e nem anseiam figuras paternas de liderança. Como postula, Negri e Hardt, ao analisarem a Primavera árabe de 2011, “ Na Tunísia e no Egito, os jornalistas estrangeiros procuravam de modo desesperado um líder dos movimentos.” [...] “A mídia não conseguiu aceitar a inexistência de um líder na Praça Tahrir.” - (p.14 NEGRI, 2014). Esses princípios de anti lideranças e representações também foi visto nas revoltas de todo o mundo:

“No Cairo, em Madri, em Atenas e em Nova York, os movimentos desenvolveram mecanismos horizontais de organização. Não construíram quartéis-generais nem formaram comitês centrais, mas se espalharam como enxames, e, o mais importante, criaram práticas democráticas de tomada de decisão, para que todos os participantes pudessem liderar juntos.“ -(p.14 - NEGRI; HARDT, 2014).

Desfigurando assim, a figura subjetiva de representado imposta pelo neoliberalismo.

Outro meio concreto, realizado pelos levantes contemporâneos e que fortaleceu os laços comunitários destes, foi a estratégia de ocupações, temos como exemplo o Occupy Wall Street de 2011, dentre outras praças públicas que ao redor do mundo foram ocupadas. Essas ocupações criaram novos afetos políticos que intensificaram de modo corpóreo e intelectual a interação entre os sujeito, afinal, como afirma Negri:

“Uma ocupação é uma espécie de happening, ou seja, uma performance que gera afetos políticos.” - (p.32 - NEGRI; HARDT - 2014)

Enfim, o que esses movimentos contemporâneos tem nos evidenciado é a real possibilidade de uma ação direta e autogestionária de revolução, demonstrando que não precisamos nos limitar às representações políticas e burocráticas de poder, que tendem a nos manter na neurose primitiva de anseio por um pai, para que, assim, impeça de construirmos uma real democracia, onde o lugar vazio do poder não seja um terreno latente para a ocupação de um pai, mas sim, um espaço onde todos possam decidir, a medida em que as decisões lhes afetam.

Conclusão

As eleições periódicas, o presidencialismo e o populismo, são cenários burocráticos de poder que mantém o psiquismo coletivo nesse latente desejo por um pai que cuide da nação. Não é a toa que os países ainda são chamados de pátria. E é deste modo, somado com todo aparato midiático espetaculizado, que a elite global abafa os levantes radicais autônomos. Um grande exemplo foi o movimento de 2013, afinal, quem imaginaria que depois daquele levante sem lideranças, hoje estaríamos tão limitados na polaridade populista de Lula e Bolsonaro, como nos demonstra as pesquisas eleitorais?

Não podemos negar que aquele movimento nos rendeu grandes abstenções de votos, o que, infelizmente, até colaborou para a vitória de fantoches da elite global, como no caso paulistano com Dória, mas que também evidenciou um possível desmoronamento deste palco político forjado, pela rejeição de representações.

Alguns dizem que faltou à esses levantes, uma organização política para legitimar suas reivindicações e manter a revolta. Mas, o que acredito é que faltou a consciência objetiva do fim. Nos faltou a percepção de que aqueles levantes queriam muito mais do que solicitar ao Estado-patriarcal o suprimento de suas necessidades, na verdade, queriam que nas ruas, sobre a bandeira coletiva de anti liderança, ter uma participação política direta, na criação de uma real democracia social.

Devemos retomar esses levantes tomando consciência pela ação direta de que a democracia não se faz com pais, mas sim com órfãos maduros, órfãos da dominação patriarcal, dos quais, assim como os filhos expulsos das hordas primitivas, estabeleçam a autogestão e a democracia direta, e que, o desejo da pátria seja superado pela construção de uma fraternidade, de uma fratria. Onde as decisões sejam tomadas por todos que por elas são afetados.

O que reivindico pode ser resumido num trecho da música Língua de Caetano Veloso:

“E eu não tenho pátria, tenho mátria

E quero fratria”.(6)

Notas (à grosso modo):

1 - Encarnação social - Segundo Vladimir Safatle, os vínculos afetivos políticos tendem a criar uma incorporação social.

2 - Trecho da poesia Relações Dialéticas: pais e filhos.

3 - Complexo de Édipo - Inspirado pela tragédia grega do rei Édipo, Freud, irá vincula-lo para interpretar o conjunto de desejos amorosos e hostis que as crianças sentem na relação com os pais.

4 - Parricídio - Assassinato do pai.

5 - Exogamia - Relação de indivíduos sem parentesco ou com parentesco distante.

6 - Link do artigo: A Reforma Trabalhista e o alargamento do precarizado e do endividado no Brasil.

7 - Link da música: Língua - Caetano Veloso.

Referências:

COUTINHO, Carlos Nelson. A democracia como valor universal. 1979. Artigo - Fonte: www.boletimef.org.

FREUD, Sigmund. O homem Moisés e a religião monoteísta: três ensaios. Trad.: Renato Zwick. 1ªedição. Porto Alegre. L&PM, 2014.

GUILLÉN, Abraham et al. Autogestão Hoje: teorias e práticas contemporâneas. Trad.: Felipe Corrêa e Raphael Amaral. 1ªedição. São Paulo. Faísca Produções Libertárias, 2004.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Declaração: isto não é um manifesto. Tradução: Carlos Szlak. São Paulo: n-1 Edições, 2014.

HOLANDA. Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia Alemã. Trad.: Luis Claudio C. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. pp, 29-30.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Trad: Ricardo Marcelino Palo Rodrigues. 1ªedição. São Paulo. Hunterbooks. 2014.

SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: Corpos políticos, desamparo é o fim do indivíduo. 2ªedição. São Paulo. Autêntica. 2015.

Por, Johnny.