A fila anda

Junto com a criação do PT, instaurou-se dentre seus integrantes uma aura de puritanismo político. O que fosse melhor para o país constava dos objetivos, desígnios e da prática petista. Fora do PT não havia solução que fosse a melhor para os problemas brasileiros. A abordagem socialista que não fosse petista não merecia credibilidade.

Era o tempo da ditadura e da opressão, que revigorou os laços do conservadorismo a que os mais fracos no país sempre estiveram submetidos. Era irresistível, portanto, o apelo suscitado à maior parte do povo pelo combate à reação.

Hoje alguns petistas reconhecem a importância do carismático líder gaúcho do PDT à época, mas até mesmo o PDT de Brizola era mal visto pelo PT de Lula. Como em qualquer sigla partidária, e o PT não seria exceção, havia no PDT os oportunistas de plantão. Pessoas atreladas ao líder gaúcho buscando apenas um lugar ao sol na Câmara dos Vereadores, dos Deputados e no Senado, uma conquista que se traduz no sonho de consumo de inúmeros brasileiros, face à garantia das vantagens oferecidas. Todas previstas em lei e que podem representar a nossa realização pessoal. Jamais a coletiva.

A fila anda. E hoje vemos que o PT já não reúne a mesma confiança que uma parte importante da sociedade – os oprimidos – lhe creditou. O poder foi devolvido aos civis e a corrupção se alastrou de forma assustadora e sistêmica, o que não quer dizer que não houvesse corrupção durante a ditadura. O que não quer dizer também que seja culpa só do PT. Ele apenas está no bolo.

No entanto, continua sendo flagrante a proteção que corruptos e corruptores buscam no Judiciário, no Legislativo e até no Executivo por não acreditarem que a punição possa acontecer. Os grandes, ou pessoas influentes, não acreditavam e continuam não acreditando que possam ser condenados e presos.

O que se pode concluir é que não existe uma escola de perfeicialismos ou retidão moral. Pode existir uma escola de superficialismos. O que vai responder pela nossa confiabilidade e respeito serão as nossas ações e as estreitas ligações com determinados lados da vida, ainda que estejamos interessados em manter a melhor das aparências.

Rio, 11/07/2018

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 11/07/2018
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