Sobre a besteira do argumento de que nazismo é de esquerda

Uma forma que achei mais fácil assimilar as diferenças entre esquerda e direita é avaliar o aspecto metodológico destas duas visões de mundo.

A direita é reconhecida por empregar o “individualismo metodológico”. Esta abordagem tenta definir o sistema como uma extensão das ações individuais das pessoas. É daí que sai a defesa da meritocracia e da liberdade econômica. Argumentam que o indivíduo cria sua própria trajetória, e que o sucesso de um país está no esforço das pessoas.

Já a esquerda usa o “holismo metodológico”. Esta abordagem busca explicar as partes a partir do todo. Em outras palavras, a sociedade molda o indivíduo, de modo que a situação social de uma pessoa não é definida pelo seu mérito, mas pelas oportunidades que esta teve ao longo de sua vida. Logo, defendem a ação Estatal para criar condições sociais e econômicas igual para todos.

A extrema-direita e extrema-esquerda vão no sentido de potencializar estas visões.

A extrema-esquerda defende o comunismo. Ou seja, a criação de um sistema totalmente igualitário, com o desmantelamento de todas as formas de estratificação social. Esta ideologia vai além da esquerda “normal” ao defender a implementação deste tipo de sistema na forma de uma revolução, enquanto que a esquerda “normal” busca alcançar a igualdade dentro do próprio sistema democrático.

Já a extrema direita busca o mesmo esquema de igualdade, porém o foco não é a criação de um contexto homogêneo, mas a partir da aniquilação de indivíduos diferentes e considerados menos aptos para o sucesso econômico e social. É daqui que veio a defesa da raça Ariana por Hitler e, nos dias atuais, da discriminação de negros, gays e mulheres.

Viu a diferença? A extrema esquerda busca igualar tudo pela via do contexto social (todos terão a mesma renda, o mesmo tipo de moradia, o mesmo ensino e plano de saúde). Ninguém é melhor que ninguém. Apenas não teve condições iguais.

Já a extrema direita busca igualar tudo no âmbito dos indivíduos (só ficarão os mais inteligentes, mais fortes e mais obedientes, o resto deverá ser eliminado). Neste leva-se ao extremo o argumento da direita de que há pessoas melhores que outras. O contexto social não atua limitando aqueles que têm vontade e capacidade de vencer na vida, mas sim eliminando os incapazes disto.

Minha opinião é que nenhum dos dois extremos é bom. A arte da democracia é conciliar esquerda e direita, de forma que, de um lado, os talentos individuais sejam potencializados e bem remunerados e que, de outro, o contexto social não atue como uma barreira pra quem deseja produzir e contribuir pro bem estar geral.

Por fim, nazismo é sim de extrema-direita!