AMBIÇÃO MORTAL
                                                          

     Naquela fazenda viviam muitos animais, de diferentes espécies. Todos tinham sua utilidade. A cabra fornecia leite para os queijos que o fazendeiro fazia e vendia. O cavalo providenciava transporte para a família. A vaca, além do leite que fornecia, também ajudava na roça, puxando o arado. As galinhas forneciam ovos e carne. O porco fornecia carne. O cachorro fazia a segurança. Até o periquito era útil, pois era com ele que o fazendeiro passava suas horas de repouso, conversando. 
Tudo ia bem naquela fazenda e havia harmonia entre todos os que nela habitavam. O fazendeiro distribuía as rações com justiça e parcimônia, dando a cada animal a sua parte diária, suficiente para que eles mantivessem a vida e a saúde.
Mas um dia sobreveio a discórdia. Quem a provocou foi a cabra. Foi ela a primeira que reclamou da parte que lhe cabia nas rações.
“ Eu dou leite todos os dias para o senhor fazer queijos e ganhar dinheiro”, reclamou a cabra. “Assim, sou eu quem sustenta essa fazenda. Por isso acho que tenho direito à uma parte maior de ração.”
O fazendeiro ponderou as reclamações da cabra e achou-as justas. E aumentou sua parte de ração. Mas para fazer isso teve que diminuir a cota dos outros animais. Logo eles começaram a reclamar. E o trabalho, que antes era feito com muito empenho por todos começou a ser negligenciado.
Não demorou muito para que os demais animais começassem a ficar doentes, pois  suas doses diárias de ração não eram suficientes para sustentá-los e conservá-los com boa saúde. A cabra, entretanto, estava gorda e satisfeita. 
Pouco a pouco, os demais animais foram caindo doentes de verdade e pararam de trabalhar. Alarmado com a doença que grassava na fazenda, o dono foi procurar um curandeiro (não havia veterinários na região) para receitar um remédio para curar seus animais.
O curandeiro lhe disse que seus animais precisavam de cálcio.  E receitou uma infusão de ervas do campo, temperada com pó de chifres de cabra queimado, por que estes são feitos de cálcio puro. Recomendou também que lhes desse ração com gordura de cabra, pois que esta lhes recuperaria a força. 
O fazendeiro ponderou. Entre perder um dos animais e perder todos, ele optou pela menor perda. E a cabra foi sacrificada. Se o remédio fez efeito ou não, não sabemos dizer, mas o certo é que, com suas rações aumentadas por conta da parte da cabra, os animais recuperaram a saúde e voltaram a trabalhar em harmonia.
E assim será até o próximo surto de ambição.
Moral da história: A ambição desmedida é uma doença mortal. E não há remédio que a cure. Se a humanidade desaparecer um dia será por causa dessa praga.
Dedico essa metáfora aos líderes do PT que estão na cadeia e perderam as eleições por conta da suas bocas grandes demais. Que o nosso curandeiro Bolsonaro não cometa o mesmo erro. O país está cansado de viver histórias de terror.