Capitão; O Último a Abandonar o Barco ?

Lá do alto do seu posto de vigia, um sentinela avista uma embarcação encalhada em um pântano. Imediatamente ele alerta os seus superiores. Estes também observam o desespero daqueles passageiros que bradam aos céus clamando por socorro, atolados naquele fétido e podre lamaçal de corrupção...

Só que os oficiais não tomam nenhuma providência a respeito; apenas observam de longe aquela triste cena. E a razão é uma só; eles são suficientemente inteligentes para saber que não devem se atrever a sair em socorro deles, porque sabem muito bem que se assim o fizerem, poderão vir a repetir aquele grande fiasco ocorrido em um passado ainda recente.

E eis que surge um daqueles velhos soldados; um 'capita', que até então apenas se dedicava a cuidar da sua tranquila vidinha pós-militar que, parecendo não ter mais nada o que fazer, resolveu tomar a iniciativa de sair em socorro daqueles pobres diabos.

Metido a esperto, ele foi logo pedindo ajuda aos seus antigos superiores para essa sua empreitada. Só que estes, sob a alegação de já estarem bem 'escaldados' e por não acreditarem no sucesso daquela sua aventura de querer se tornar herói, simplesmente lhe responderam com um sonoro: não!.

Mas ele era muito teimoso.

E de tanto insistir, acabou conseguindo que eles lhe garantissem pelo menos uma boa retaguarda naquela sua empreitada, sendo que em troca colocaria algumas dezenas deles nos seus principais escalões. E eles acabaram concordando, contanto que não fossem oficialmente envolvidos, já que todos eles tem um nome a zelar..

Selado o acordo, aquele intrépido 'capita', conseguiu reunir alguns aventureiros e partiu com eles naquela sua heróica aventura, que era tentar salvar aqueles sofridos passageiros daquele barco, que se encontrava atolado naquele lamaçal de corrupção.

E logo assim que ele subiu ao convés, foi efusivamente recebido aos gritos de; "Mito, Mito!". Já aqueles que se diziam cristãos agradeciam aos céus, dizendo que as suas preces foram ouvidas, pois havia chegado o 'messias', aquele tão esperado 'Salvador da Pátria'.

Foi tudo muito lindo. Tudo parecia ser uma grande festa...

Só que depois de passada toda aquela euforia, o MITO finalmente chegou à sua cabine de comando. E foi ali que a realidade de todos os passageiros do barco lhe foi apresentada; nua e crua.

E foi só quando ele viu ali, naquela cabine, exposta toda a complexidade que era estar no comando daquela embarcação, foi que ele pode constatar a enorme enrascada em que havia se metido, E foi então que ele arregou; tremeu na base e soltou uma das suas mais brilhantes 'pérolas': "-Eu não nasci pra ser comandante de uma embarcação..."

Talvez seja essa a razão pela qual já faz algum tempo que a embarcação continua atolada no mesmo lugar... Mas teimoso como ele é, certamente ele 'não vai querer largar o osso' e deve seguir aquela máxima que diz: "O capitão deve ser sempre o último a abandonar o barco"