O mito destruído

Muito antes de o atual presidente galgar gritos de multidões taxando-o mito, outro presidente, embora não fosse assim nomeado, era ovacionado por grande parte da sociedade brasileira, sobre ele pairou a esperança de transformação da pátria, essa postura fora respaldada pela efervescente e maravilhosa onda econômica que tomou o mundo ocidental no início do novo milênio. A chamada fase de crescimento e prosperidade que iniciou nos anos 2002 fez brotar entre os brasileiros (ao menos em grande parte deles) sentimento de gratidão. As pessoas direcionaram a responsabilidade de seus êxitos não aos seus esforços pessoais, mas sim à figura do presidente da república.

Na terra do canarinho dar o peixe faz mais sucesso que o ensinar a pescar, é a lei no menor esforço em sua perfeita atuação, destarte, vale mais um Bolsa Família a um emprego formal. Assim, o mito Luiz Inácio Lula da Silva emergiu como o cuidador dos pobres, um restaurador e transformador dos aspectos políticos, sociais e culturais brasileiros. As minorias tornaram-se o foco e mudanças legislativas impactaram a sociedade conservadora.

Em meio a grande fartura econômica colhida (não plantada) pelo então presidente, políticas de ampliação dos meios de financiamento estimulou o crédito e consequentemente a compra de bens às diversas camadas sociais. De igual modo, vislumbrou-se a extensão de programas de financiamento estudantil que culminou num acréscimo do acesso ao ensino superior. Apenas um ser insano não se felicitaria com a redução da miséria e a ascensão de diversas famílias à classe média, bem como o aumento de pessoas que ingressaram às universidades do país. Todavia, o problema reside nos mecanismos escolhidos para alcançar tais benesses, se é que os bens concedidos superam aos males que nos deixaram por herança. Para ampliar o número de egressos à classe média, o Partido dos Trabalhadores (PT) estabeleceu novos critérios para a identificação da classe citada, a qual em 2012 foi reduzida para as cifras de R$291,00 a R$1.019,00, anos depois revisada, mas na época o PT encontrou um contorno para ampliar a classe média, sem necessariamente aumentar a renda dos brasileiros, uma perfeita maquiagem dos números. Exercício do ofício que a esquerda desempenha com grande presteza: o engodo. Ao abordar a questão do acesso ao ensino superior, há de se concordar que em números o acesso foi garantido, ao mesmo passo que a qualidade do ensino decaíra. O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, parceiros na criação do Indicador de Alfabetismo Funcional – INAF, afirmou que 38% dos universitários brasileiros, ainda na era PT, eram analfabetos funcionais.

O PT não foi o primeiro partido a praticar corrupção em território nacional, tão pouco o único a utilizar-se da máquina pública para concretizar planos pessoais, mas certamente foi o que com maior perspicácia e audácia pôs em prática um plano de poder e para isso orquestrou de forma orgânica a prática da corrupção. Para alcançar seus intentos, o PT fez uso dos instrumentos mais sórdidos. Foi o Mensalão, o Petrolão, a doutrinação político-ideológica, os ataques a moral pública, a crise ética, o desemprego, a inflação, o empobrecimento cultural. Para os envoltos do sentimento de gratidão, rememoremos um pouco das maravilhas entregues aos brasileiros pela administração petista:

Dívida pública brasileira de quase três trilhões, mais que o dobro em relação à data que iniciou o governo no ano 2003;

Mais de 42 mil leitos fechados no SUS entre 2005 e 2012, e 23.565 leitos do SUS entre 2010 e 2015, conforme pesquisa do Conselho Nacional de Medicina com base em dados do Ministério da Saúde;

Corte da lista do SUS o mesmo medicamento usado pela ex-presidente Dilma Rousseff quando foi acometida de câncer;

Proposta Orçamentária enviada ao Congresso Nacional em 2015, para exercício em 2016, extinguindo as verbas do Farmácia Popular. Um corte de R$ 578 Milhões, e redução drástica dos repasses para o SAMU e as UPAs. Corte total proposto de R$ 3,8 bilhões;

Os dados do Atlas da Violência, pesquisa feita em parceria entre o IPEA e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública - FBSP, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, do Ministério da Saúde, apontou, em 2014, uma taxa de homicídios que ultrapassou os 60 mil mortos ao ano;

Transposição do Rio São Francisco estimulada em 3,4 bilhões, com previsão de inauguração da obra para 2010, mas para beneficiar grandes empreiteiras e desviar verbas públicas, ocorreu o aumento dos custos em 71%. A era PT encerrou sem que a transposição fosse concluída;

Em 2015, ano da Pátria Educadora, a gestão petista cortou R$ 10,5 bilhões do orçamento da educação, atingindo diretamente FIES, PRONATEC, salários, projetos e pesquisas (não recordo de nenhuma greve contra fato tão horrendo);

O Brasil galgou, em 2015, a 60° posição mundial no ranking de educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, à frente apenas dos países como Indonésia e Gana;

Segundo a UNESCO 38% de todos os analfabetos da América Latina são brasileiros;

O PT levou a falência 1,8 milhão de empresas só em 2015, conforme a Neoway publicou em 10/10/16 no Caderno de Economia do Estadão;

O Brasil foi afundado na maior taxa de desemprego que se tem notícia, segundo o IBGE e segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT a cada cinco desempregados no planeta, um é brasileiro.

Os casos Pasadena, Petrobrás, Eletrobrás, Embrapa, Abreu e Lima, Angra 3, PAC, etc.;

O tríplex, o Sítio de Atibaia, lavagem de dinheiro, etc.

O leitor se quedaria cansado se fossem elencados um a um os males gestados por Lula e Dilma, mas pincele-se ainda um pouco o atraso do setor industrial, a ausência de reformas, a estagnação na produtividade do trabalhador, as relações infames com ditaduras e a Grande Recessão Brasileira. Tantos problemas que assolam os brasileiros, mas a hipocrisia faz os mesmos autores do dano lançarem-se como salvadores da nação.

A arrogância, a prepotência e o mau-caratismo do ex-presidente e atual presidiário já estão mais que comprovados, qual ser se autoproclamaria a alma viva mais honesta desse mundo de forma sã? Quem faria discursos políticos naturalmente durante o sepultamento de sua esposa? Quem antes de sua entrega à prisão faria um discurso embriagado? Seria este o homem digno de alugar a Suprema Corte desse país para julgar sua liberdade, sobretudo, com sua arguição embasada em mensagens obtidas por vias ilegais, ainda mais quando estas meramente revelam que o juiz que o condenou estava disposto a combater a corrupção no país?

Certamente a jornalista Mônica Bergamo está correta ao dizer que “bateu o desespero” no ex-presidente Lula, o medo de ser lançado ao ostracismo já fez até mesmo o velho petista recorrer a técnicas dignas de participantes de reality shows, quando, após dezenas de entrevistas sem a repercussão esperada, o ex-metalúrgico recorreu às páginas de fofoca e divulgou seu novo relacionamento amoroso, vale tudo para manter-se na mídia. A dificuldade é de perceber que a população já não mais atende aos seus chamados e recusam-se a estarem de forma numerosa nas ruas clamando por sua liberdade. Lula ainda não percebeu que sua história como líder acabou. Sobre sua condenação o presidiário também desconsidera que não apenas um juiz a impôs, mas essa sentença fora confirmada por outras duas instâncias jurídicas, o que descaracteriza o argumento de perseguição política. Lula não é um preso político, é um mau-caráter, corrupto que deve pagar com todo rigor da lei por seus atos pestilentos. Políticos de sua estirpe são como cânceres que corroem nossa sociedade e devem ser extirpados.

O Supremo Tribunal Federal e as demais instâncias da justiça brasileira não podem conceder vantagens a um criminoso pelo fato de ele ter sido o presidente da república, inclusive, esse seria motivo para enrijecer sua punição, pois sequer casa-se ao discurso de seus aliados, o que alude ao fato de o bandido ser vítima da sociedade. Há uma inversão de papeis, pois ele foi o vilão e a sociedade sua vítima.

Todo o apelo à soltura de um dos maiores criminosos que pisou este solo, a superproteção a criminosos que ainda detêm o foro privilegiado e as manobras para impor leis de cunho ideológico e de perseguição à maioria da população brasileira deixam claro que o STF tem extrapolado suas funções e ferido a Constituição para legislar e governar o Brasil contra a vontade dos brasileiros. Cada poder deve desempenhar exclusivamente suas funções, sem viéis ideológicos, respeitando a Constituição e, especialmente, atendendo aos anseios da sociedade que representam.