E o Gigante Continua Deitado Eternamente

Ao som do mar e à luz do céu profundo, se encontrava deitado, até então eternamente em um berço esplêndido, aquele que é um gigante pela própria natureza.

Mas eis que de repente se ouviram, vindo lá daquelas margens nem sempre plácidas do Atlântico, de um povo sofrido e desesperançoso; um brado retumbante...

Era um brado tão frenético e constante, que até o sol da esperança, em raios fúlgidos chegou a dar os ares da sua graça, parecendo que voltaria a brilhar no céu naquele instante.

E foi um brado tão forte, que chegou até os ouvidos do gigante, que estava adormecido; e ele acordou. Estando ainda meio sonolento ele começou a se virar em seu berço, procurando saber de onde vinha todo aquele burburinho... Foi então que percebeu que era aquele povo sofrido, que cheio de esperança, gritava a todo pulmão: "Mito! Mito!". Entusiasmado com a euforia do povão, ele ameaçou se levantar para apoiar a multidão...

Só que quando viu quem era o sujeito a quem todos estavam chamando de 'Mito' e em quem eles depositavam toda a sua esperança em que dias melhores viriam, ele decidiu que o melhor que tinha a fazer era se ajeitar novamente no seu berço esplêndido, virar-se para o canto e voltar a dormir...