O ESTRANHO CASO DO DOUTOR TEICH.

O ESTRANHO CASO DO DOUTOR TEICH.

VALÉRIA GUERRA REITER.

O ministro da Saúde Nelson Teich pediu demissão do cargo, após divergências com o presidente, antes de completar trinta dias, no cargo. Ele alegou não poder continuar a compactuar com o uso da cloroquina, e disse ter uma biografia para salvar.

Tudo frio e nebuloso ao redor de este governo brasileiro, a atmosfera é de horror, de morte, de desvario. Como seria bom que fosse tudo apenas um sonho ruim. E que todos nós pudéssemos voltar a viver, e não sobreviver; em meio a esta distopia. Nosso país está sendo atingido por diversas catástrofes, entre elas; a pandemia da Covid-19.

Os números são assustadores, e já superam (os relativos) à gripe espanhola. Estima-se que no Brasil (1918 a 1920) foram 35 mil vítimas. Um número de 15 mil só no Rio de Janeiro.

Se o presidente da República Rodrigues Alves não tivesse perdido sua vida por conta da gripe espanhola (há correntes historiográficas que dizem que foi essa a causa morte); em 1918, ele teria assumido seu posto de presidente eleito da República Nacional, pela segunda vez, em novembro do ano pandêmico corrente; ele já havia chefiado o país de 1902 a 1906, em seu primeiro mandato.

Na verdade a desigualdade é antiga. Só que quando vivenciamos os fatos, no presente, como agora; com o advento pandemia do coronavírus, é que nos aproximamos do pretérito; pretérito que lá no início do século XX nos "brindou" com a gripe influenza, que assolou o Brasil e o mundo.

O ministro Francisco Sá, que por coincidência é meu tio-bisavô enfrentou no parlamento situações seríssimas em relação à pandemia que ceifou em torno de 50 milhões na Terra. Ele também foi jornalista e engenheiro. À época, o então senador pelo Ceará disse: “A eleição para senador foi uma eleição sem eleitorado, tanto vale dizer, não foi uma eleição. O ex-ministro da Viação e Indústria, tentou sem sucesso anular a eleição, alegando que de um universo de 36.000 habitantes cadastrados no Rio de Janeiro: só votaram 5.000.

Observamos que os embustes sempre existiram. E agora estamos novamente lutando com outra invasão virótica, e outros notórios embustes: o contexto parece um remake do que houve no início do século XX. Os mortos naquela fase da nossa história se amontoavam nas ruas, visto que as famílias tinham medo de se infectarem, e descartavam seus entes. As Escolas não tinham aula, a Santa Casa da Misericórdia foi apelidada de “Casa do Diabo”, pois havia rumores de que os pacientes mais graves ou moribundos tinham suas vidas abreviadas pelo famoso chá da meia-noite...

Hoje, realmente ocorreu um ato heroico da Direita, quando um médico não quis mais transformar-se em monstro. Seu crime e castigo? Veio por ele querer rechaçar a cloroquina e apoiar ao isolamento necessário. Robert Louis Stevenson ao escrever uma ficção gótica sob forma de novela, no século XIX, talvez já vislumbrasse algo a respeito do futuro. Ele talvez só não soubesse: onde se desenrolariam os fatos.

Teich foi um herói de brinquedo, porém, um herói.

#LEIABRAZILEVIREBRASIL

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 16/05/2020
Reeditado em 17/05/2020
Código do texto: T6949029
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