UMA HISTÓRIA REPETIDA

Willian Shirer, americano de origem alemã, autor da obra clássica “Ascensão e Queda do III Reich,” foi quem melhor retratou a experiência trágica do nazismo. Ele a viveu trabalhando como correspondente do Washington Post na Alemanha. Ao se referir à essa época, ele a definiu como “desprezível”, pois foi um tempo em que os homens que governavam o mundo haviam perdido todo o senso de moral e justiça, para trocar tudo por um desejo de poder que eclipsava todo e qualquer sinal de humanidade. Foi a época de Hitler, Stalin, Mussolini, Vargas, Peron, para não falar de outros ditadores que infestaram a política mundial com seus egos gigantescos e suas ideologias odiosas.
Guardadas as devidas proporções e observadas as diferenças de tempo e lugar, estamos vivendo tempos semelhante à que Shirer chamou de desprezível. Aqui estão se repetindo agora todas as condições ambientais e psicológicas que levou o mundo à catástrofe da primeira metade do século passado. Hoje temos Donald Trump, Kin Jong-un, Nicolás Maduro, Bashar Al Assad, Wladimir Putin e outros, todos loucos para dar razão a Nietzsche, na sua sinistra visão do eterno retorno. Como as coisas tendem a se repetir, sempre em uma órbita mais alta da espiral do tempo, com certeza os resultados serão diferentes também. Mais catastróficos talvez. Como dizia Alexandre Kadunc, um dos maiores jornalistas que este país já teve, a última manchete dos jornais poderá ser publicada em letras garrafais, mas não haverá ninguém para lê-la.
Na época em que Shirer registrava os atos de Hitler, Stalin, Mussolini e outros cancros que a espécie humana gestou, aqui pela América latina tínhamos Vargas, Perón, Fulgêncio Batista e outros ditadores imitando seus ídolos europeus e asiáticos. Hoje não precisaremos procurar muito para achar, na América Latina e principalmente no Brasil, os reflexos latino-americanos dos tumores malignos que infestam o mundo lá do outro lado do equador. Por aqui temos Lulas, Witzels, Bolsonaros, e de quebra alguns Ministros do STF, todos contaminados por essa doença, que vai e volta, como a febre amarela, contaminando as pessoas com alguma autoridade, fazendo-as acreditar que são deuses olímpicos que tudo podem e não devem satisfação a ninguém.
Platão dizia que Deus criou os arquétipos para dar orientação aos homens. Esses arquétipos eram conceitos como honestidade, justiça, moral, decência, equidade, que deviam servir de padrões de conduta para os homens e guiá-los na construção de uma sociedade hígida e capaz de proporcionar felicidade à humanidade em geral. Mas parece que tudo isso se perdeu, ou pelo menos foi esquecido pelas pessoas que dirigem o Brasil nos dias de hoje. Quando essa noção se perde, tudo se deteriora e nada prospera, além da ignorância, da violência e do crime. Pena que é a nossa época, e infelizmente, somos também responsáveis pelo que acontece nela, em razão das nossas escolhas infelizes e mal orientadas.