Questão racial ou de caráter: o caso do ministro da Educação

A semana começou com discussões em torno do mais novo ministro da Educação brasileira escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, Carlos Alberto Decotelli. Pois o mesmo foi desmascarado por mentir em seu currículo e inventar um curso de doutorado em Administração na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, um pós-doutorado na Universidade de Wuppertal (Bergische Universität Wuppertal), na Alemanha e por ter plagiado textos em sua dissertação de mestrado.

A situação do ministro que ficou uma semana no cargo, se tornou insustentável após a Fundação Getúlio Vargas (FGV) negar que ele tenha sido professor de escolas da instituição. Segundo nota da fundação, Decotelli atuou como professor colaborador "apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos", não sendo do quadro permanente da instituição.

Mentir no currículo infelizmente parece uma atitude inofensiva para muitos. Tanto que uma pesquisa recente nos informa que 85% das pessoas mentem ou exageram muito ao fazê-lo . No entanto, essa atitude pode acarretar diversos problemas ao longo do tempo, até mesmo envolvendo a Justiça. Mesmo não tendo uma Lei estabelecendo que mentir no currículo é crime, a descobertas de divergências de informações no documento pode prejudicar a imagem do profissional e ainda resultar em demissão por justa causa.

A Justiça brasileira nos últimos anos tem se pronunciado sobre mentiras nos currículos em suas decisões. Ela tem dado parecer favorável a demissão do funcionário por justa causa quando são identificadas mentiras sobre conclusão do ensino médio e faculdade, por exemplo.

O site Educa + Brasil nos informa:

“Mesmo quando não há uma falsificação direta de documento, como é o caso do ensino médio, exagerar nas informações do currículo ou passar dados que não condizem com a realidade, como o tempo de experiência, pode acarretar problemas para o profissional. Caso consiga o cargo, em algum momento será cobrado conforme as descrições em seu currículo. As empresas verificam escolaridade do funcionário e outros dados, por isso mentir experiência profissional ou tempo de trabalho pode ser prejudicial à sua carreira ”.

Foi justamente isso que aconteceu com o ministro da Educação: foi demitido pelas mentiras e falsificações que afirmou. Pela atitude abjeta de ludibriar e se engrandecer diante das pessoas. Por se auto promover usando de argumentos falaciosos.

Mas apesar de todas as provas das mentiras do ministro da educação e sua demissão em consequências das mesmas, muita gente tem afirmado que na verdade o que aconteceu foi uma perseguição racial. É o que meu amigo Isaías acabou de postar em sua página do Facebook, ele disse:

“Uma pena! O preconceito venceu de novo!!! Ele poderia ter feito a diferença pra muitos de sua raça (os negros) e muitos pobres desse nosso Brasil varonil. Se eu fosse o presidente, peitaria a todos e a tudo e bancaria o cara no cargo”.

Eu assim o respondi:

“Isso não tem absolutamente nada a ver com a cor da pele dele. Mas com as falsificações expressas em seu currículo e as mentiras que disse, ao se auto intitular doutor e pós doutor por duas universidades internacionais, uma na Argentina e outra na Alemanha. Estava em jogo uma questão de caráter e honra, não de cor de pele”.

Não devemos confundir uma questão de integridade, caráter e honradez com o argumento falacioso de racismo, preconceito e discriminação racial. Pagar um preço por mentir é totalmente distinto de sofrer por racismo.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 30/06/2020
Reeditado em 22/08/2020
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