Pedro de Alcântara, feirense ilustre. Pedro de Alcântara feirense?

Vamos fazer uma conexão histórica entre dois Pedros de Alcântara.

Numa recente viagem à Manaus, capital do Amazonas, este escritor contista localizou, no Palácio Rio Negro, uma placa de um feirense ilustre, pouco ou nada conhecido em Feira de Santana ou na Bahia.

Antes, vamos iniciar a conexão com homenagem do nome de “Pedro de Alcântara”, ao Hospital Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana.

Em 1859 Dom Pedro II, segundo e último imperador do Brasil (de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889), esteve visitando Feira de Santana, e na ocasião a sociedade, que tinha o desejo de construir uma Santa Casa de Misericórdia, como a Santa Casa da Bahia, fundada em 1549, sendo a terceira Santa Casa do Brasil, na época do Governador-Geral do Brasil, Tomé de Sousa, criou uma comissão e foi pedir uma doação, sendo atendida, possibilitando a inauguração em 25 de março de 1865, inicialmente com o nome de Imperial Asilo dos Enfermos, em homenagem ao imperador, funcionando ainda no prédio antigo reformado, construído antes de 1865 e sendo utilizado até 1956, ao final da construção do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), retomando o nome de Santa Casa de Misericórdia, sendo até os dias de hoje a sua entidade mantenedora.

A curiosidade é que temos na história de Feira de Santana dois Pedros de Alcântara ilustres. Quem é esse Pedro feirense ilustre?

É Pedro de Alcântara Bacellar, o médico formado na Faculdade de Medicina da Bahia, nascido em Feira de Santana, em 29 de junho de 1875, e morreu em Manaus no dia 21 de abril de 1927. Sem confirmação bibliográfica, seria filho de João Paulino Bacellar e Maria Ferreira Bacellar. Casado com Maria Augusta Tosta da Silva Bacellar, com quem teria tido dez filhos.

Foi morar no Amazonas em outubro de 1905, na cidade de Humaitá, às margens do rio Madeira, onde exercia a medicina antes de entrar para a política. Era a época da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, um projeto assinado pelos irmãos americanos Philips e Thomas Collins em 1877, mas sem sucesso nas obras, e em janeiro de 1879 a empresa Collins foi à falência. Outro empreendedor engenheiro norte-americano Percival Farquhar (1864-1953) continuou a obra de 1907 a 1912, mantendo o nome da estrada, com a meta de atravessar os estados do Amazonas e Rondônia passando pela fronteira do Mato Grosso.

De 01 de janeiro de 1914 a 31 de dezembro de 1916 Pedro de Alcântara foi eleito prefeito de Humaitá, município do interior do Estado do Amazonas, com população estimada em 55.080 habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no censo de 2019, localizado no entroncamento das rodovias Transamazônica e Manaus-Porto Velho, banhada pelo Rio Madeira, no "Arco Norte Amazônico", com grande potencial agropecuário e logística fluvial.

Através de uma Lei Imperial de 20 de outubro de 1823 D. Pedro I extinguiu as juntas Governativas Provisórias nas Províncias, e criou os cargos de presidentes, que seriam preenchidos por nomeação do Imperador, e os Conselhos de Governos, que deveriam ser eleitos.

Pedro de Alcântara foi declarado presidente-governador do estado do Amazonas, pela Assembleia Legislativa, no dia 5 de setembro de 1916, para gestão de 1917 a 1921, nomeado pelo então presidente Venceslau Brás (de 1914 a 1918), quando fazia parte do Partido Liberal Amazonense (PLA) para suceder o governador Jônatas Pedrosa (de 1913 a 1917).

Assumindo o governo em 1º de janeiro de 1917, teve um mandato de intensa crise econômica, motivada, principalmente, pela queda do preço internacional da borracha.

Ele criou o Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas e em janeiro de 1918 foi fundada a Academia Amazonense de Letras (AAL), com 30 (trinta) vagas, sendo o doutor e escritor presidente Djalma Batista.

Foi também em sua gestão, que administrou um dos momentos mais os tristes da história do Amazonas, em tempo da gripe espanhola, que chegou ao Brasil em navios vindos do porto de Recife, capital de Pernambuco, de agosto de 1918 a junho de 1919, logo após a primeira Guerra Mundial, deixando no mundo um rastro de destruição muito maior, entre 20 e 40 milhões de pessoas mortas.

Em 1918, ele adquiriu, por 200 contos de réis, o Palacete Scholz, para ser a sede do governo e residência oficial, mudando o nome para Palácio Rio Negro, que havia sido construído em 1903, como residência do rico alemão Karl Waldemar Scholz, exportador de borracha, que também desempenhou os cargos de Presidente da Associação Comercial do Amazonas e Cônsul da Áustria.

Durante o governo do Dr. Pedro de Alcântara Bacellar, o prédio foi arrematado em leilão pelo rico seringalista Luiz da Silva Gomes, e alugado ao estado para sede do Governo e residência dos governadores até 1959, no governo de Gilberto Mestrinho. Tombado como patrimônio histórico estadual em 1980, o Palácio Rio Negro é gerenciado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Amazonas, sendo até 1995 utilizado apenas como sede de Governo e não mais residência. Cada uma das salas homenageia um governador do Amazonas ao longo da história da República, e representa parte do período áureo da Belle Epóque. Aberto á visitação pública, também é usado para audiências e recepções do Governador do Estado com autoridades.

Portanto, concluiu o mandato de quatro anos e entregou o governo ao sucessor César Resende do Rego Monteiro no dia 1º de janeiro de 1921.

Conta a história que o médico pertencia à Maçonaria, e que faleceu em 1835 após receber uma injeção de um tal Dr. Tanajura.

Faleceu na cidade de Manaus no dia 21 de abril de 1927.

Trata-se, de um ilustre feirense que merece ser mais pesquisado pelas academias e faculdades de Feira e Santana.

Algumas fontes pesquisadas:

Biblioteca Virtual. Gov. Amazonas.

Casa Civil do Estado do Amazonas;

Revista de educação da Universidade Estadual do Amazonas.

Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas.

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php?option=com_content&id=849:palacio-rio-negro-manaus-am

https://pt.rodovid.org/wk/Pessoa:1282