Mais Hipócrates e Menos Hipócritas – AMB e a Suposta “Autonomia do Médico” no Uso da Cloroquina para Tratar pacientes com COVID19.

*Milton Pires.

A estarrecedora posição da Associação Médica Brasileira (AMB) ao defender a “autonomia” dos médicos para prescrever ou não cloroquina em pacientes com COVID19 é uma ameaça àquilo que ainda sobrou da Medicina Brasileira depois da passagem do PT pelo Governo.

Praticamente todas as barbaridades, todos os horrores, comportamentos e pontos de vista criminosos no atendimento aos pacientes do SUS no Brasil foram criados e defendidos com unhas e dentes durante o Regime Petista.

Os integrantes do PT, PSOL e PC do B lutaram para destruir a Rede Hospitalar Brasileira, para liberar a maconha e o aborto, para acabar com as internações psiquiátricas e manter livres pelas ruas os viciados em crack, tentaram acabar com a Obstetrícia enchendo o país de doulas, e fizeram (e ainda fazem) uma campanha ferrenha para que adolescentes possam “mudar de gênero”, mas não ousaram (nem mesmo os comunistas ousaram) colocar em questionamento a fundamentação técnica de tudo aquilo que deve ser considerado “ético” ou não no Exercício Profissional da Medicina.

Estudos Científicos, para Estelionatários Petistas, continuarão sempre sendo Estudos Científicos. Eles ignoraram completamente os que não servem aos seus interesses e apoiam e divulgam os que servem, mas jamais relativizam o método científico em si mesmo. Eles não tentam destruir a Epidemiologia Clínica nem a Bioestatística.

Quando um comunista fanático formado em Medicina no Brasil sai escrevendo que mudar o sexo de um menino de 14 anos de idade faz bem ao menino, ele não traz NADA do ponto de vista científico que possa ser levado a sério como argumento, mas ele também não ousa enfrentar um debate sério que envolva trabalhos que provam o contrário – o comunista permanece naquele mantra de “dogmas da sociedade capitalista”, “modelo perverso de família” e outras asneiras que ninguém acredita, mas não ataca o método científico. O método dele é tentar IMPEDIR que um Médico competente e sério, como uma colega aqui do RS, fale sobre o assunto!

Não EXISTE, vou repetir, NÃO EXISTE nem jamais vai existir “Ética Médica” que aceite o relativismo técnico.

Escrevi outro dia, lembrando Werner Jaeger na sua “Paidéia, a Formação do Homem Grego”, que a Ética Médica na Grécia antiga tornou-se um paradigma de toda uma Sociedade daquela época.

A Medicina nasceu herdando dos filósofos pré-socráticos, dos chamados “filósofos da natureza”, a tentativa de “unificação de todos os princípios” num só. Aos poucos, tal atitude mostrou-se incompatível com o exercício técnico da Profissão. Cada vez mais os médicos tiveram que apelar às formas empíricas de conhecimento, à observação e à experimentação que permitissem conclusões válidas. Generalizações, como queriam os filósofos, tornaram-se perigosas.

A ideia de construção de uma ética que tenha fundamento na prática espalhou-se pela Sociedade Grega. Tornou-se o médico grego um modelo de comportamento para os demais cidadãos exatamente pelo fato de sua ética ter origem prática e seus resultados, através da técnica, terem sido observados mesmo por aqueles que nada sabiam da ciência médica da época.

Recapitulando e lembrando Moacyr Scliar em “Do Mágico ao Social, a Trajetória da Saúde Pública”: primeiro a Medicina teve um fase religiosa, mítica e fundamentada nos “elementos primordiais do Cosmos” dos filósofos da natureza.

Empédocles, que além de médico era filósofo, falava em quatro elementos imutáveis que dão origem à matéria – água, terra, fogo e ar. Aristóteles, milhares de anos antes das Diretrizes de Insuficiência Cardíaca da SBC, definiu, a partir de Empédocles, as quatro “qualidades" da matéria que se relacionavam à agua, à terra, ao fogo e ao ar. Eram elas: o quente, o úmido, o frio e o seco.

Depois dessa primeira fase, expliquei que veio a etapa da experimentação prática e do conhecimento individual de cada médico. Esta fase, como já vimos, foi a fundadora da ética médica, foi a fase do conhecimento empírico não só da Medicina, mas de todo o Mundo Grego!

Mais tarde, fazendo uso de todo o conhecimento científico acumulado, foi a Epidemiologia Clínica que se tornou a fonte do conhecimento médico de excelência.

Não interessa a matematização da ciência médica, do positivismo da ciência geral hoje em dia, já apontado por Eric Voegelin e que EU mesmo fiz questão de denunciar, “pode ser usado pela Esquerda” antes da Epidemia de COVID19: o raciocínio clínico epidemiológico aliado à técnica cientifica mais apurada ainda é o que temos de melhor na Medicina Contemporânea e portanto é, sim, o que existe de “ÉTICO”.

“Ah, Milton...Me cite um, um só, dos seus professores de Epidemiologia Clínica e Bioestatística que não fosse um Esquerdista Fanático dentro da Faculdade de Medicina da UFRGS mesmo antes de você passar por lá! Cite um só!”

Desculpe, não tenho como fazê-lo, mas e daí? O que você me sugere? Quer “abandonar tudo”? É isso? Como essa coisa está sendo controlada por gente de Esquerda AQUI NO BRASIL nós agora vamos “dar cloroquina” pra todo Mundo? É isso ??

Quando nós médicos nos formamos, juramos fazer e oferecer ao paciente tudo aquilo que, do ponto de vista científico, é considerado o MELHOR. Repito – o MELHOR – não “o que a casa tem no momento”.

A Epidemia de Insuficiência Respiratória Aguda provocou em parte do meio médico brasileiro (e até pouco tempo mundial) uma suposta “revolução dentro do princípio ético” que eu apresentei acima.

Médicos brasileiros aliados a um regime político de características fascistas estão se comportando como charlatões, como picaretas e divulgando em redes sociais para centenas de milhões de pessoas LEIGAS que o “tratamento precoce com cloroquina, azitromicina e irvemectina” podem “curar” a COVID19. Isso é MENTIRA !

Não existe, ainda, CURA nenhuma para COVID19. Não existe e ponto final! Não adianta “relativizar”, não adianta falar em “estudo mal feito” nem em “resultados duvidosos”. Esta época já passou e, no Mundo Inteiro, pelo menos no mundo sério, nenhum médico com um mínimo de responsabilidade está prescrevendo esse tipo de coisa.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologia, aquela que é, do ponto de vista técnico, a entidade de nível máximo, o padrão ouro em termos da área em questão, já declarou sua posição.

A AMB, num posicionamento absurdo, num ofício vergonhoso, insiste em “defender a autonomia” dos médicos. Não está defendendo autonomia de ninguém! Está defendendo, querendo ou não, sabe Deus por que, a ideia do Governo Atual de acabar com o isolamento social e fazer o país inteiro voltar a trabalhar para salvar a Economia.

É uma vergonha, é uma tragédia que toda classe médica brasileira, depois da vergonha mundial que passou perante os colegas de outros países com a entrada de escravos do Comunismo Cubano aqui no Brasil, preste-se agora – através de alguns membros e de algumas “entidades médicas” - a fazer coro com um Regime Fascista, com um insano, um tirano genocida que diz que “todo mundo um dia tem que morrer”, que é “uma gripezinha” e que “não é coveiro”.

É uma vergonha que a AMB não recuse este "presente de Artaxerxes"!

Apelo aqui ao Conselho Federal de Medicina e a TODOS os Conselhos Regionais para que manifestem-se em uníssono, em discurso ÚNICO, contra esta verdadeira estupidez que não tem mais base científica NENHUMA, para BANIR, para PROIBIR, o uso de cloroquina, azitromicina e irvemectina na COVID19.

Isso NÃO é a melhor conduta técnica para pacientes com COVID19 e, se não é a melhor conduta técnica, NÃO é ético e ponto final.

Se não é ético, não há “autonomia” nenhuma a ser protegida por parte da AMB. Só interesse político.

Mais NADA.

Porto Alegre, 23 de julho de 2020.

*Médico em Porto Alegre, RS.

CREMERS 20958.

Cardiologia & Terapia Intensiva.

cardiopires
Enviado por cardiopires em 23/07/2020
Reeditado em 23/07/2020
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