Por que os Partidos de Direita estão crescendo? DENISE ANTÔNIO Professora de Sociologia e História

" - Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas."

Mateus 1,28-29

"Deixa Deus

cuidar de ti

Deus sabe dos teus

problemas. Vê como Ele

te pode ajudar."

DENISE ANTÔNIO

Professora de Sociologia e História

Lato-sensu: Educação em Direito Humanos

"Com a ascensão dos Partidos de Direita Conservadores nas últimas eleições, como nos Estados Unidos e Brasil, deve-se ao desgosto com o Estado que não está cumprindo com suas obrigações com o povo. E a crise da democracia como participação ativa dos cidadãos e a defesa e perpetuação dos direitos humanos

O próprio sociólogo Zugmunt Bauman (1925-2017), especialista em estudos pré-modernos e globalização, afirma que as ideias da Revolução Francesa (Igualdade, Fraternidade e Liberdade) perderam suas forças, devido às incertezas e aos medos de uma sociedade que se desenvolve com rapidez, mas que as desigualdades sociais ainda prevalecem: as pessoas estão em busca de novos conceitos que possam suprir suas necessidades e estabilidade.

Com essa visão, Zugmunt Bauman afirma que o Estado perdeu credibilidade, não esta conseguindo atender todas as necessidades sociais da sociedade, como trabalho, moradia, saúde e educação. Direitos esses que a grande parte da população mundial globalizada, não possui até o presente momento.

Diante da falta de confiança na política e no Estado, muitas pessoas se afastaram das discussões politicas ou se dirigem a partidos com ideias radicais e conservadoras, na esperança utópica de um presente ideal e de um futuro para as gerações (sustentabilidade, ética e profissional), já que a democracia vem enfraquecendo juntamente com o coletivo social de bem-estar de cada indivíduo.

Cabe à Sociologia, tentar explicar e compreender de forma clara e objetiva dessa nova realidade de uma sociedade individualista e tecnológica preocupada apenas consigo mesma, tão complexa, individualista, corrosivamente competitiva ou predatoriamente desigual entre os grupos e camadas sociais, cujos parâmetros neoliberais e globais estão em profundo colapso e à busca de novos ou antigos parâmetros de governabilidade ou imposição hibridamente cultural em modelos como o extremismos marxistas e a arranca neoliberalizante desde os anos pós queda do Leste europeu.

A crise é mais notória quando se vê o atual afastamento da Inglaterra da comunidade europeia com o enfraquecimento de suas políticas do Euro. Há décadas o Euro não teve o resultado nas relações esperadas com as propostas neoliberais e globalizantes dos mercados continentais. A China avançou com sacrifícios ao seu povo, o USA ficou à espreita de dar o “pulo do gato” (atitude que o Governo Lula e Dilma fizeram com a aproximação à China em comercio livre e manufaturas com acesso à carne bovina e outros produtos da indústria e tecnologias brasileiras, cada vez melhor e de força de qualidade de ponta em relação aos países avançados como agronegócio, Inteligência Artificial, medicina de Transplante de órgão etc.).

Mas tem tudo são maravilhas, o Brasil se aproximou, aliás toda a América Latina, de um retrocesso neoconservador galopante depois da era Obama. O Brasil se alinhou mais ao procedimento ultraconservador norte-americano de Thrump e do fechamento político da Argentina, mesmo que esta se tenha reduzido consideravelmente à compra da energia elétrica e alguns produtos da indústria brasileira, em especial os nossos carros ou os carros de empresas mistas com capital do Brasil.

A torrencial fachada midiática de corrupção, não que esteja vencida ou reduzida, colocou os partidos de esquerda e os de direita moderados em segundo plano, para se canalizar nos militares no poder no Brasil. Isso depois, sociológica e historicamente, alijado do poder em 1945 depois da ditadura getulista e, após 1986, com as Diretas-Já, no processo de democratização do Brasil. “Militares, voltem à caserna!” O Brasil retoma o presidencialismo com políticos não militares.

O Balsonaro no Brasil, agora 2018 e 2019, significa o fenômeno recente semelhante ao de Thrump nos Estados Unidos e alguns governos na América Latina e na Europa. O receio do comunismo, a propaganda anti-esquerdista, rechaço radical ao PT de Lula e Dilma, medo do fantasma da Venezuela e Colômbia, a crise mundial das migrações e refugiados em profusão, crise da Grécia, afastamento da Inglaterra do bloco econômico fragilizado na Europa, aumento do narcotráfico e da violência à mulher, sucateamento dos direitos humanos e da educação e saúde principalmente. Estes episódios nos remetem à convulsão social e política atual pela demanda de políticos empresários, militares, neo ou ultraconservadores (avessos a movimentos sociais e aos direitos históricos das minorias e trabalhadores e educadores...), do agronegócio, do derrubada da Amazônia, do pós-neoliberalismo mais corrosivo e predatório, arrebentando com os trabalhadores e a população mundial e brasileira."

Bibliografia:

BAUMAN, Zugmunt. Globalização: as consequências humanas. Editora: Zahar. Rio de Janeiro. 1999.

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Colababoração de J B Pereira

ANEXOS

http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/fpa/20170906042027/pdf_1132.pdf

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CONCLUSÃO

Direita volver - ARTIGO EM 28/10/2015 15:59:20

PÁGINA 292

O golpe parlamentar no Paraguai

p. 293

"Conclusão O presente artigo propôs uma reflexão de caráter histórico, institucional e político, mostrando como continua sendo comum no Paraguai o domínio do uso da força sobre os critérios democráticos para resolver conflitos na administração do poder. O poder de facto esteve centrado em uma coalizão cívico-militar desde 1870 e, recentemente, a participação militar se reduziu de forma substancial, no final da primeira década da transição democrática. Da mesma forma, viu-se como a dinâmica de concorrência e cooperação dos partidos no sistema político, produto das regras de jogo eleitoral sob o regime democrático, dotou o Congresso desse poder de facto e estimulou a utilização do julgamento político como uma ferramenta destituinte superior à sua própria natureza constitucional, violando a lógica democrática do sistema presidencialista. Desde que o julgamento político foi utilizado pela primeira vez sob democracia, em 1999, foram levados adiante três processos contra presidentes, e outros mais que não foram analisados aqui, contra ministros da Corte Suprema de Justiça ou autoridades da Controladoria Geral da República,18 que devem ser contemplados em um reflexão mais ampla. Finalmente, considerando que as instituições não operam no vácuo, sugeriu- -se que as tensões geradas no sistema político com a chegada de Lugo no governo, a entrada da esquerda e centro-esquerda nos espaços de poder, mais o condimento do contexto regional progressista no qual o Paraguai se inseria, estimularam a reação das forças políticas representantes da elite contra as forças progressistas.

Em outras palavras, assim como muitas vezes na América Latina os militares interromperam processos políticos contestatários à ordem, desta vez o Congresso assumiu essa função histórica. Quando Federico Franco mencionou na Espanha – tal como apontamos na introdução – que o julgamento político paraguaio havia sido como a moção de censura que os legisladores de sistemas parlamentaristas utilizam para descontinuar governos, ele não se enganou totalmente. O julgamento político de Lugo foi, na prática, tão discricional quanto uma moção de censura que destitui um presidente pode ser, e isso aconteceu no Paraguai. Ele só não acertou ao não dizer que isso violou a Constituição, derrubou um governo e produziu uma ruptura democrática em um país com uma já avantajada história de uso irregular da força na política, lógica que, como os fatos demonstram, acaba nunca ficando para trás.

NOTA DE RODA PÉ 18 Julgamento político de Oscar Rubén Velázquez, ex-controlador Geral da República, que acabou renunciando (agosto de 2015)."

DENISE ANTÔNIO

Professora de Sociologia e História

Lato-sensu de Direito

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Veja artigos e selecione o que achar melhor (se quiser)

Fonte dos livros acima em:

Direita, volver! : o retorno da direita e o ciclo político brasileiro

http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/fpa/20170906042027/pdf_1132.pdf

Sobre os autores (abaixo)

http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/fpa/20170906042027/pdf_1132.pdf

Adriano Codato é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR), editor da Revista de Sociologia e Política (www.scielo.br/rsocp) e um dos coordenadores do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira da UFPR. Atua no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas na UFPR. É membro titular de Flacso Espanha e realizou estágio de pós-doutorado no Centre Européen de Sociologie et de Science Politique de la Sorbonne (CESSP-Paris). Coordena o Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil (http:// observatory-elites.org/). Possui dois livros publicados: Sistema estatal e política econômica no Brasil pós-64 (Hucitec, 1997) e Marxismo como ciência social (Editora UFPR, 2011).

Sávio Machado Cavalcante é professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofi a e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mestre e Doutor em Sociologia pela Unicamp. Trabalhou como professor colaborador na Universidade Estadual de Londrina e na Universidade Estadual Paulista/Marília. Autor, entre outros trabalhos, da tese “Classe média e modo de produção capitalista: um estudo a partir do debate marxista” (IFCH, Unicamp, 2012); do livro Sindicalismo e privatização das telecomunicações no Brasil (Expressão Popular, 2009) e dos artigos “Valor, renda e imaterialidade no capitalismo contemporâneo” (Cadernos CRH, Salvador, v. 27, n. 70, p. 115-130, jan./abr. 2014) e, com Paula Marcelino, “Por uma defi nição de terceirização (Cadernos CRH, Salvador, v. 25, n. 65, p. 331-346, mai./ago. 2012).

Luciana Tatagiba é mestre em Ciência Política (Unicamp) e doutora em Ciências Sociais pela mesma universidade. Atualmente é professora livre-docente do Departamento de Ciência Política da Unicamp, onde coordena o Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva (Nepac- -Unicamp), criado em 2008. Ao longo das últimas décadas tem trabalhado com os temas da democracia participativa e as relações entre movimentos sociais e Estado e suas implicações na conquista dos direitos de cidadania das minorias e grupos desprivilegiados. Tem publicado diversos artigos e capítulos de livros em torno desses temas, sendo os mais recentes acerca da participação nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff .

DENISE ANTÔNIO Professora de Sociologia e História...
Enviado por J B Pereira em 09/01/2021
Reeditado em 03/02/2021
Código do texto: T7155856
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