A religião e as massas

Há muito que a religião vem sendo usada como ferramenta de manipulação das massas, aliás, essa realidade é muito comum no Brasil: não à toa, a Bíblia é o livro mais comercializado em todo o planeta.

No caso brasileiro, a manipulação intencional acontece na medida em que o mandatário do poder confunde intencionalmente a população e se apropria de elementos religiosos e de símbolos nacionais.

O pior de tudo é saber que o Estado Laico, que é garantido pela Lei Maior, vem sendo atropelado por um falso ''Messias'' que almeja apenas a manutenção do poder.

Num de seus textos, o filósofo alemão Georg Wilhelm Hegel (17770-1831) diz o seguinte: ''A figura da religião é necessária. Na religião, o conteúdo deve se tornar objetivo para a consciência sensível e depois, por meio da reflexão, ser compreendida na forma do universal, isto é, do pensar''.

Na realidade, quando o ocupante do poder se apropria de uma crença como instrumento de poder, ele a manipula e faz dela um balcão negócio, invariavelmente, ela descamba para o sacrilégio.

Ou seja, a bem da verdade a religião não pode ser ópio das massas e nem instrumento de dominação; aliás, a partir da reflexão verdadeira ela conduz ao uso da razão e desperta a capacidade pensante de quem a professa.

Na contramão de tudo, não resta dúvida que manipular o sagrado em nome do poder é um jogo perigoso, afinal de contas, ninguém é portador da verdade absoluta e não recebeu um mandato divino que permite o direito de induzir alguém em sua vontade.

O SAGRADO NÃO DIALOGA COM O FASCISMO

Outra coisa, no jogo sujo da fé, é preciso lembrar das falsas lideranças espirituais, que aliciam seus fiéis e determinam em que eles devem votar: num ou noutro candidato, de sua preferência.

Lamentavelmente, é fato que ao longo da história humana, a religião, como é sabido, vem sendo usada como instrumento ideológico para não permitir o empoderamento de seus seguidores.

Vale notar que durante a Revolução Industrial, do século XVIII, a religião foi usada, literalmente, para manter a submissão dos trabalhadores ante a opressão e exploração a que eram submetidos duramente nas fábricas.

Pois bem, é inaceitável que um ser humano chantageie outro com um discurso religioso, que induza ao medo espiritual interferindo em sua liberdade de expressão.

Para que não haja nenhuma dúvida a respeito dessa discussão, além da questão ética, é inaceitável que alguém use a religião que professa, como meio para enganar pessoas desavisadas para atingir intentos pessoais.

Por fim, em seu fundamento maior, a religião não dialoga e nem anda de mãos dadas com o fascismo, o ódio, a intolerância, o preconceito e a violência.