Sob o governo Bolsonaro, o preço dos alimentos, o da gasolina e o do botijão de gás.

Ouvi, e li, afirmações anti-bolsonaristas de fazer cair o queijo - quero dizer, o queixo - de todo filho-de-Deus que conserva, íntegro, no mínimo um neurônio. E o pior: os autores delas as fizeram os antibolsonaristas em tom de superioridade intelectual, e cultural, e, acima de tudo, moral, dando-se ares de autênticas entidades benfazejas que incorporam em seu ser a sabedoria universal, a exibirem aquele proverbial olhar de juiz majestático - confortavelmente sentado num esplendoroso trono dourado - diante do qual todos os seus suditos genuflexionam-se, pusilanimemente, temerosos de terem a cabeça do corpo arrancada por um verdugo a manusear um machado afiadíssimo.

Dentre as falas dos anti-bolsonaristas, às quais fiz alusão, comento, aqui, citando um exemplo, o teor das que apresentam comparações entre os preços de alimentos, gás de cozinha e gasolina vigentes no governo do presidente Jair Messias Bolsonaro e no governo de Luís Inácio Lula da Silva. É de ruborizar Nero e Messalina a desfaçatez, em alguns casos, a estupidez, em outros, daqueles que as deram a público, de viva voz, ou com memes e textos.

Em uma comparação, e não reproduzo, aqui, os preços, expostos, num quadro, em duas colunas, uma a representar o governo do Bolsonaro e a outra a representar o do Lula, pois tais detalhes são irrelevantes para o exercício do meu argumento, dá-se o preço de um botijão de gás de cozinha, e o de um quilo de arroz e o de um de feijão, e o de um quilo de carne, e o de um litro de gasolina. Até aqui, nada que mereça atenção. Agora, o detalhe que me franzir o cenho: na coluna que representa o governo Bolsonaro os preços dos produtos citados acima são os atuais, e na que representa o governo Lula há uma nota: preços médios. Cocei a cabeça. Remoí os pensamentos. O que o autor de tal peça quis dizer com 'preços médios'? Algum brasileiro, em algum momento da era que se iniciou no dia 1 de Janeiro de 2.003 e se encerrou no dia 31 de Dezembro de 2.010, foi ao açougue e perguntou ao açougueiro "Qual é o preço médio de um quilo de acém (ou de patinho, ou de alcatra, ou de filemignon)?", e alguém, em qualquer uma das cinco regiões geográficas que constituem o território nacional, em um posto de combustível, perguntou ao frentista, antes de decidir quantos litros de gasolina iria comprar, "Qual é o preço médio de um litro de gasolina?", e quem perguntou, numa empresa de venda de gás "Qual é o preço médio do botijão?"? Acredito que ninguém tenha feito, durante aquela era de triste memória, nenhuma destas três perguntas. Então, por que cargas-d'água compara-se os atuais preços de produtos com os seus preços médios durante o governo lulista? Qual o porquê de tal comparação, que é sem pé e sem cabeça?

Dá-se a impressão, devido às diferenças de preços percebidas entre os atuais e os médios do período compreendido entre 2.003 e 2.010, que inflação houve, e exclusivamente, no governo Bolsonaro. Não sei se é correta esta leitura que faço de tal quadro comparativo. Independentemente de qual seja, é de causar estranheza.

Qual seria então, ô, sabichão, o certo a se fazer?! Não sei. Mas acredito que deveria se informar, no quadro, dos produtos listados, os preços vigentes no mês de Janeiro de 2.003 e no mês de Dezembro de 2.010, e a inflação neste período, e os valores do salário mínimo então em vigor. Assim, sim. Oferecer-se-ia às pessoas que tomaram conhecimento de tal quadro comparativo, que estava acompanhado, digo agora, de um pequeno texto, no qual se lia apenas lugares-comuns anti-bolsonaristas e nenhuma explicação econômica, elementos que lhes permitiriam avaliar, com realismo, se assim posso dizer, o desempenho econômico dos dois governos - desconsiderando-se, é claro, o contexto econômico, e o político, nacional e internacional -, o que daria uma idéia, mesmo que pálida, do trabalho dos dois governos.

Mas suspeito que tenha sido a intenção das pessoas que o elaboraram afastar da verdade quem o viu e se deu ao trabalho de ler o texto, que o acompanha, de poucas palavras.

Além disso, tinham de lembrar os leitores que entre o governo de Luís Inácio Lula da Silva e o de Jair Messias Bolsonaro existiram o de Dilma Rousseff e o de Michel Temer.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 21/07/2022
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