Filosofia, história e jornalismo: a última resistência /ᐠ。‿。ᐟ\
Em linhas gerais, num mundo onde tudo acontece na velocidade de um clique, respostas automáticas viram padrão. É fácil subestimar o papel dos filósofos, historiadores e jornalistas. Muitas vezes vistos como dispensáveis, eles mantêm a memória e a reflexão. Fazem sentido no excesso de informações desconectadas entre si.
O filósofo não é só alguém preso em abstrações. É, antes, um inquieto que questiona com razão. Provoca, incomoda e pergunta “por quê?” quando todos buscam respostas fáceis. De Sócrates, que andava por Atenas desafiando certezas, a Martha Nussbaum, que convida a pensar justiça e empatia, o filósofo tensiona nossas certezas. Pode parecer difícil ou distante, às vezes pouco claro, mas essa tarefa amplia nosso olhar. Força a pensar com rigor sobre liberdade, ética e sentido. Num tempo sombrio, que abraça o pensamento raso e a pressa, a filosofia age como freio e espelho. Afinal, pensar exige esforço. É isso que nos sustenta.
O historiador é o investigador do tempo humano. Ele guia e percorre os caminhos de ontem para iluminar as escolhas de hoje. Não apenas narra o passado, mas revela sentidos ocultos por trás das tramas da história. Eric Hobsbawm mostrou como as grandes transformações reverberam no presente. José Murilo de Carvalho ajudou a entender o Estado brasileiro em suas contradições. Sem esse olhar atento, perdemos o rumo e a chance de aprender com o vivido. A história é viva. O historiador constrói narrativas.
O jornalista carrega uma das missões mais árduas. Em meio ao ruído, às farsas e à histeria, precisa buscar a verdade com rigor e paciência. Não basta repetir manchetes ou correr atrás do clique. É preciso apurar, contextualizar e buscar a veracidade da informação. Cristina Serra é exemplo de quem, em meio à gritaria, opta por informar com responsabilidade. O jornalismo sério não só noticia. Sustenta uma opinião pública lúcida, condição mínima para a democracia respirar. Ele é o cronista do imediato. Há quem diga que ele é o historiador do presente, revelando o que está oculto.
Além disso, filosofia, história e jornalismo são áreas afins. Não entregam respostas prontas. Oferecem caminhos para perguntas melhores e inquietantes. Essas disciplinas se complementam e se enriquecem. O filósofo ajuda a entender o que importa. O historiador conecta com as raízes do agora. O jornalista abre janelas para o que acontece ao redor. Juntos, constroem os alicerces de qualquer sociedade democrática, consciente e participativa.
Esses profissionais desempenham um papel simples, mas indispensável. Nos lembram da importância de uma pausa diante da superficialidade da informação. O pensamento raso, caracterizado pela falta de aprofundamento, polarização e valorização da informação instantânea, é um dos maiores desafios da nossa época. Ele é alimentado pela velocidade da comunicação e pela sobrecarga de informações.
Avançar com consciência exige que essa valorização aconteça de forma concreta. Precisamos refletir, ouvir, dialogar e entender nosso contexto, nossas origens e o que podemos transformar. Valorizar esses campos do saber é uma necessidade urgente da modernidade. É crucial para evitar que sigamos cegos rumo ao futuro. É impossível conceber um mundo consciente e seguro sem esses profissionais. Como dizia Sócrates, "Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância".
A filosofia, a história e o jornalismo são âncoras em mares revoltos. Elas nos oferecem luz onde reina a sombra da desinformação. Sem elas, a democracia vacila, e a verdade se perde na pressa. Esses saberes nos lembram que pensar é resistir. Resistir ao imediatismo, ao barulho e à superficialidade. Eles desafiam o conforto das certezas fáceis e nos instigam a buscar sentido. Ao proteger o pensamento crítico, sustentam a dignidade do humano em tempos líquidos e velozes.
P. S. - A área de comentários do RL é um espaço plural e aberto à troca de ideias, onde valorizamos o debate respeitoso e construtivo. Para manter um ambiente equilibrado e produtivo, opiniões ofensivas, grosseiras ou inapropriadas serão imediatamente removidas. Contamos com a colaboração de todos para promover diálogos enriquecedores e respeitosos.