VIVER COM FÉ, ESPERANÇA E AMOR...

Por Carlos Sena

 
É uma grande bobagem querer a vida eterna. Esta vida terrena que tanto gostamos é mais passageira do que possamos imaginar. Embora sendo passageira, somos envolvidos pelos prazeres que a vida nos dá e isto, muitas vezes, nos leva ao sentimento de imortalidade. Quanto mais o tempo passa, quanto mais velhos ficamos, mais a gente fica preocupados  com no nosso “grande final”, ou seja, consciente ou inconscientemente, buscamos formas que nos iludam acerca de nossa imortalidade. O tempo – esse que nós inventamos e o constituímos através dos anos, dias, horas, minutos, não se submete aos nossos desígnios. Nem se subverte aos nossos desejos de vida eterna, movidos, quase sempre pelas benesses e pelo conforto e pelos prazeres da carne que a vida nos oferece.
Há quem diga que a pior vida é melhor do que a morte. Isto dá a real ideia de quanto a vida é boa, mas que, contraditoriamente, a vida sendo boa não poupa do seu encerramento. Afinal, a vida é meio que um espetáculo que tem começo, meio e fim. Enquanto espetáculo há glamour para todos os lados; há ilusões transbordantes para que o nosso ego se sacie de vida como se eterna a vida fosse... Essa ilusão de eternidade carece ser “desmascarada” por cada pessoa e a própria existência nos faculta isto. As fases da vida, ditadas pelos números dos nossos aniversários são um pouco desse aviso acerca da vida e de suas finalidades na terra. As transformações do corpo, com o peso dos anos, vão gradativamente, nos lembrando de que temos que nos cuidar para suportar a realidade da vida através, principalmente, das transformações que o corpo sofre.
O terceiro milênio é visto como a “era do conhecimento”. Supõe-se que nesse estágio, a civilização do amor – esta que vivemos e que substituiu a lei do olho por olho, dente por dente” pudesse nos levar a relações saudáveis em que o ódio cedesse lugar ao amor, ao perdão e a caridade. Esse trinômio é, com certeza, espírita. Constitui-se na principal  recomendação doutrinária que vem, gradativamente, tomando conta do mundo, a despeito de seitas pentecostais... Sem querer defender o espiritismo enquanto doutrina, fato é que a vida, por não ser eterna, carece de fonte de religação com o altíssimo. Essa religação é a religião quem faz e daí a importância de ser séria essa denominação espiritual.
Deste modo, melhor compreender a vida enquanto passagem do que querê-la eterna. Insistir nisto, muitas vezes abrandando os efeitos do tempo via cirurgia plástica, academias, remédios, etc., pode até surtir algum efeito. Contudo, chegará um tempo em que as pessoas de tanto fazerem plástica no rosto não ser reconhecem mais, nem se evita que os outros saibam que o tempo passou. Para quem não faz plástica e se permite a vida como ela é, o tempo passa como passa um vento forte... Pra quem tenta iludir o tempo ele não passa, mas massacra o rosto retirando-lhe o viço e o brilho da pele. Isto também acontece quando se pinta o cabelo para driblar o tempo – o homem fica meio artificial e logo se percebe que seus cabelos são pintados! Nada contra o cuidado com o corpo, nem contra a cirurgia plástica, mas, sabemos que mesmo isto tem tempo de validade. Por outro lado, plástica não barra a lei da gravidade. SE alguém for fazer “muro de arrimo” no corpo está ferrado, pois não tem dinheiro que dê, nem espaço para sustentação desse capricho...
Assim, melhor compreender o tempo. Compreendendo a vida e seus limites e seus tempos é um grande começo para quem quer ser feliz na vida. Essa felicidade, certamente, inclui a consciência da vida por ela mesma; do amor por ele mesmo; do perdão por ele mesmo; da caridade por ela mesma... O resto são tentativas vãs de vida eterna, pois desde que o homem é homem na face da terra que ninguém vira semente. Quem disse que vira se mente.