COMO AS RELIGIÕES VEEM AS MULHERES

Ao investigarmos as Escrituras das diversas religiões, constatamos que a mulher tem status inferior ao homem, e sofre maior número de limitações do que ele. Religiosos dizem que Deus deu essas regras, de modo que só nos resta respeitá-las, caso contrário há um castigo eterno depois da morte. Já para os críticos, esse rebaixamento da mulher não é proposto por Deus, mas por homens, segundo a mentalidade patriarcal e machista da época em que aqueles textos foram escritos. Vamos analisar o hinduísmo e as três religiões abraâmicas, por se tratarem das religiões que mais trouxeram regras de distinções entre o masculino e feminino.

Hinduísmo. Fonte: Código de Manu.

Art. 272º Aquele que mal diz de sua mãe, (...) de sua mulher, (...) deve sofrer uma multa de cem panas.

Art. 224º As orações nupciais são destinadas somente ás virgens e nunca, neste mundo, àquelas que perderam a virgindade.

Art. 368º Se uma mulher, orgulhosa de sua família e de suas qualidades, é infiel ao seu esposo, que o rei a faça devorar por cães em um lugar bastante frequentado.

Art. 420º Uma mulher está sob a guarda de seu pai, durante a infância, sob a guarda de seu marido durante a juventude, sob a guarda de seus filhos em sua velhice; ela não deve jamais se conduzir à sua vontade.

Art. 444º Dar à luz a filhos, criá-los quando eles têm vindo ao mundo, ocupar-se todos os dias dos cuidados domésticos; tais são os deveres das mulheres.

Art. 498º Uma mulher estéril deve ser substituída no oitava ano; aquela cujos filhos têm morrido, no décimo; aquela que só põe no mundo filhas, no undécimo; aquela que fala com azedume, imediatamente.

Judaísmo. Fonte: Tanac (o mesmo que Antigo Testamento da Bíblia cristã).

Não prejudicareis a viúva (Êxodo 22,22).

A filha pode ser vendida como escrava pelo pai (Êxodo, 21,7).

A noiva que não guardar a virgindade para o futuro marido deve ser morta (Deuteronômio 22,13).

Mulher é coisa mais amarga que a morte, porque ela é um laço, e seu coração é uma rede, e suas mãos, cadeias. (Eclesiastes 7,26).

Se ela não aceitar o seu controle, divorcie-se dela e mande-a embora (Eclesiastes 25,25).

Para o profeta Jeremias, uma mulher divorciada fica poluída se casa de novo. O mesmo rigor de julgamento não existe para o homem (Jeremias 3,1).

Cristianismo. Fonte: Bíblia.

Jesus diz que é permitido o divórcio se a esposa for infiel. Mas não fala nada se for o marido quem trai. (Mateus 5,32). Embora Jesus tenha sido um grande mestre da moral, ele manteve algumas ideias de seu tempo, como o direito à poligamia para o homem. Ver a parábola das dez virgens (Mateus 25,1).

Os homens podem mandar nas mulheres (I Coríntios 11,3).

As esposas devem se submeter aos seus maridos (Colossensses 3,18).

Bom seria que o homem não tocasse em mulher (I Corintios 7,1).

Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (I Timóteo 2,14). A Bíblia culpa a mulher pelo mal no mundo. O autor bíblico se baseia em tradições anteriores e parece conhecer o mito grego de Pandora, a mulher que trouxe o mal para o mundo.

Islamismo. Fonte: Corão

Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos [da mulher e do homem] e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador (sura 4,1)

E elas (as mulheres) têm direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas, condignamente; mas os maridos conservam um grau (de primazia) sobre elas (sura 2,228).

Dize às fiéis que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem os seus atrativos (sura 24,31).

Ó fiéis, não vos é permitido herdar as mulheres, contra a vontade delas (sura 4,19).

Vossas mulheres são vossas semeaduras. Desfrutai, pois, da vossa semeadura, como vos apraz (sura 2,223).

Proporcionar o necessário às divorciadas (para sua manutenção) é um dever dos tementes (sura 2,241).

Se temerdes ser injustos no trato com os órfãos, podereis desposar duas, três ou quatro das que vos aprouver, entre as mulheres (sura 4,3).

Quanto àquelas de quem suspeitais deslealdade, admoestai-as (na primeira vez), abandonai os seus leitos (na segunda vez) e castigai-as (na terceira vez) (sura 4,34).

Após a Revolução Francesa (1789), com a separação do Estado da Igreja, e leis seculares que aos poucos começaram a reparar as injustiças contra a mulher, a situação dela melhorou bastante no lado ocidental, mas ainda assim sofre muitos preconceitos tanto na vida privada quanto na sociedade e no trabalho. Nos países teocráticos, onde a religião ainda marca forte presença e são as leis e costumes milenares que regem o destino das pessoas, a vida da mulher é bem mais difícil. Para quem se interessar, pode ler “Os dez países do mundo melhores e os dez piores para a mulher viver”:http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4907821