influência da Bíblia sobre os terroristas muçulmanos

Para entendermos a influência cultural da Bíblia sobre grupos extremistas islâmicos, precisamos voltar à cidade de Meca, na Península Arábica do século sete da era atual, e conhecer Maomé, o profeta que fundou o islã.

Contam os estudiosos que Maomé, quando jovem, teve contato com viajantes judeus e cristãos, e ouvia atento o que eles falavam à noite, ao redor da fogueira ou durante o dia, em suas transações comerciais, a respeito da Bíblia e de seus credos religiosos. Nesse terreno de grandes problemas sociais e econômicos, a semente do islã estava sendo plantada na cabeça de Maomé. De repente, começou a ter visões e a ouvir vozes, e um dia contou em casa para sua esposa que um anjo falava com ele. Em pouco tempo ele já tinha centenas de seguidores.

Seu livro sagrado, o Corão, tem conceitos e leis muito parecidos aos da Bíblia. Assim como as religiões judaica e cristã, o islamismo também tem fundamentos que valorizam a paz e a fraternidade. Interessante observar que nos versos mais antigos, quando Maomé ainda tinha poucos seguidores e o islã não passava de uma seita pouco conhecida, o Corão era tolerante com os outros credos e possuía preceitos tão belos e humanistas quanto aqueles que Jesus pronunciou em seu tempo.

Mas, à medida que o islã ganha novos seguidores e se estrutura num poderoso exército, percebemos uma mudança radical no tom do discurso. Se antes a mensagem era pacífica e espiritual, com o crescimento da religião ela adquire tons políticos e militares. Vamos ver quais são os principais versos da Bíblia que foram assimilados pelo Corão e que inspiram os terroristas nos dias de hoje.

Assassinato de infiéis.

Bíblia. Deus manda matar quem cultua outros deuses: Êxodo 32, 27; Números 25, 1; Deuteronômio 13,6; 17,2 e 18,20.

Corão. “Logo infundirei o terror nos corações dos incrédulos; decapitai-os e decepai-lhes os dedos!” (sura 8,12).

Assassinato de homossexuais.

Bíblia: Levítico 20,13 e Romanos 1,24.

Corão. O texto específico que condena o amor gay é o da história bíblica de Lot, que foi lembrada na sura 7,79. Mas em nenhum momento o Corão manda matar homossexuais. Entretanto, a lei islâmica tradicionalmente proíbe a homossexualidade.

Assassinato em defesa da honra.

Bíblia. Deus autoriza o noivo a matar a noiva por apedrejamento, se descobrir que ela não se guardou virgem para ele: Deuteronômio 22,13.

Corão. Não há nenhuma ordem para que a mulher seja morta se não guardar sua virgindade para o noivo. Existe apenas a indicação de que um muçulmano case com mulher virgem: sura 4,24-25.

Assassinato de blasfemadores.

Bíblia: Levítico 24,13.

Corão. Não manda matar blasfemadores. O máximo que propõe é não fazer amizade com eles: sura 5,57.

Muitos muçulmanos, porém, acham que a blasfêmia é um crime imperdoável, e a simples crítica à sua fé deve ser revidada com depredação e mortes. Na Indonésia, em 2011, cerca de mil fanáticos incendiaram duas igrejas na ilha de Java e apedrejaram um tribunal em Temanggung, em represália a um católico que distribuía panfletos críticos à doutrina islâmica. Em 2005, caricaturas do profeta feitas por desenhistas de um jornal dinamarquês atiçaram a ira de islâmicos conservadores, gerando uma onda de protestos e violência. Os radicais queimaram bandeiras da Dinamarca, depredaram embaixadas e consulados, queimaram igrejas no Paquistão e Nigéria, deixando algumas dezenas de mortos como saldo da fúria incontrolada. Em janeiro de 2015 (Paris) terroristas mataram 12 pessoas por causa de desenhos do profeta Maomé.

Destruição de obras artísticas.

Bíblia. Deus proíbe a confecção de esculturas e pinturas: Êxodo 20,4. E manda destruí-las: Êxodo 34, 11.

Corão. O texto não manda destruir imagens, mas um versículo diz que “a dedicação às pedras são manobras abomináveis de Satanás” e que para prosperar deve-se evitá-las (sura 5,90). No entanto, ordens de destruir imagens são encontradas pelo menos em uma suna: “três atitudes são possíveis a respeito disso: tolerá-las, mas se abster de produzi-las, condená-las ou destruí-las”.

Estuprar virgens.

Bíblia. Moisés, que segundo a crença, era orientado por Deus, dá ordens a seus soldados para invadir cidades idólatras, e matar todos seus habitantes, de bebês a idosos. Mas pede que as meninas virgens sejam poupadas, para serem usadas sexualmente pelos seus homens (Números 31,14 e Deuteronômio 21,10).

Corão. O texto proíbe o homem tomar uma mulher à força ou fazer dela sua esposa sem que ela consinta (sura 4,19). Mas os extremistas, mais ligados à tradição cultural, acham que têm direito em abusar das mulheres como bem entenderem, nem que sejam meninas de dez anos.

Liberdade religiosa e de pensamento.

Bíblia. Não existe: “Não terás outros deuses diante de minha face” (Êxodo 20,3); “Se alguém não amar o Senhor, seja maldito!” (I Coríntios 16,23); “Se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (Gálatas 1,9).

Corão. Em um verso antigo, dá-se liberdade para cada um seguir a religião que quiser (sura 2, 256). Nos mais recentes, a ordem é matar quem abandona o islã (sura 4,89) e os não-muçulmanos (sura 8,12).

Como vimos, a relação da Bíblia com o extremismo muçulmano é muito estreita. Todo estudioso de religião sabe que uma cultura recente sempre se apodera um pouco da anterior, filtrando para si aquilo que melhor lhe convém.