SOCORRO SEMPRE (DIMENSÕES DA VERDADE – 32)

SOCORRO SEMPRE (DIMENSÕES DA VERDADE – 32)

Há muitos tipos de agressores, entre eles os agressores verbais e aqueles que soltam acusações. Na agressão verbal vale lembrar a seguinte frase: “se você não tem nada agradável para dizer, fique de boca fechada.” O problema é que sempre alguém tem algo desagradável para dizer, que de um jeito estranho deve ser agradável para si mesmo, porque ferir o outro traz alegria para quem precisa ser feliz.”

Sobre os acusadores, podemos lembrar a atitude de Jesus frente a turba que levou para ele uma mulher acusada de adultério. Era uma armadilha, pois se o Mestre perdoasse a mulher estaria indo de encontro a Lei de Moisés, que defendia esse tipo de punição. Se condenasse a mulher, estaria indo de encontro às suas próprias lições sobre a Lei do Amor. O Mestre permaneceu cabisbaixo, rabiscando algo na areia, e simplesmente advertiu: “quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra.” Aquelas pessoas ficaram intimidadas pela autoridade de Jesus, e sabendo em sua consciência que também eram portadores de inúmeros pecados, logo todos se dissolveram, ficando apenas a mulher e o Mestre. Esse perguntou a ré, onde estavam seus acusadores. Ela disse que todos foram embora. Então Ele disse, eu também não lhe acuso, vai embora e não peques mais.

Esta lição nos mostra o quanto estamos comprometidos com erros que não conseguimos evitar, e portanto não devemos ser tão rigorosos com o próximo que talvez tenha cometido um pecado menor do que aquele que está em nossa consciência.

O maledicente é aquela pessoa que, do ponto de vista espiritual, se assemelha a um vaso cheio de podridão, cujos vapores infestam o ar e prejudica quem está próximo. Tem a visão empanada pela treva da suspeita, intranquilidade e dúvidas. Não consegue perceber a fluidez do Amor que pode passar por perto dela, e nesse ponto o escritor William Shakespeare deu uma boa contribuição: “Duvida que o sol seja claridade; duvida que as estrelas sejam chamas; suspeita da mentira na verdade; mas não duvida deste que te Ama.” Ele mostra a importância do Amor, que jamais pode ser colocado em dúvida.

Os maledicentes elaboram conceitos negativos e fazem-se armas destruidoras, dispara dardos venenosos em todas as direções. Alimentam as sombras com negros prognósticos e jogam ácidos nas feridas recém abertas. Eles não poupam ninguém. Examinam com precipitação, conclui apressadamente e divulga com azedume. As vidraças da alma estão sempre sujas e não vê o sol que brilha e o caráter limpo do próximo que se mantém justo.

Chico Xavier já advertia, que devemos fugir à maledicência, que o lodo agitado atinge a quem o revolve; também Mahatma Gandhi dizia, “assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, por menor que seja, estraga nossa vida.”

Qual deverá ser nossa atitude cristã frente a essas pessoas? Devemos eleger o silêncio e a prece com prioridade, evitando ferir ou protestar com os estímulos delas. Devemos nos precaver do mal e da peçonha das acusações indevidas, evitar censurar, pois também temos limitações. Quando não tivermos nada de bom para dizer, simplesmente devemos nos calar.

Pois, olhando essas pessoas maledicentes por outro prisma, onde está a verdade? Será que aquele que arde nas labaredas do erro, pode estar lutando contra as chamas, cuja censura nossa vai alimentá-las? Será que quem tombou vítima do pecado, pode estar lutando para se recuperar, e nossas acusações são forma de peso que lhe arrasta ainda mais para o fundo do poço? Será que o náufrago moral, que se debate na tormenta, irá precisar do fel de nossa língua para o deixar definitivamente afogado?

Ao invés de ser o carrasco implacável, podemos ser aquele que leva água ao incêndio voraz, que estende a mão ao acidentado moral e se presta como tábua de compreensão ao desarvorado.

Temos que observar bem para poder agir. Identificar em cada coração algo positivo, mesmo que haja muita ferrugem ao redor; não precisa de pressa para observar o espirito que se debate no cipoal de instintos da carne; acendamos a lâmpada da bondade onde a noite se estende; reconheçamos que os infelizes já se encontram justiçados pela própria providência.

Sê tu a clara face da manhã para eles, os desorientados da trilha do Bem, em nome do radioso sol do Amor que nunca se põe em nossos corações. O Dalai Lama já fizera essa importante observação: “Amor, compaixão e preocupação pelos outros são verdadeiras fontes de felicidade.”

O Mestre também ensinava em suas parábolas, com muita compaixão, ao falar do “Bom Samaritano”, do Óbolo da Viúva”, do “Filho Pródigo”, do “Semeador”, do “Cobrador de impostos”, do “Centurião Estrangeiro”, da “Mulher Adúltera”, entre tantos outros exemplos.

Mas um só pecado ele condenava com veemência, a maledicência, a hipocrisia tão presente nos escribas e fariseus do seu tempo.