MORAL - Intrumento para que todos tenham vida

MORAL

Instrumento para que todos tenham vida

Prof. Dr. Antônio Mesquita Galvão

A vida abundante que Jesus veio trazer aos homens tem como objetivo final, e maior, a eternidade. É lá que a vida se torna, efetivamente, abundante. O ser humano, todavia é composto de corpo e espírito, e é com corpo e espírito que ele vai chegar à frente de Deus, para ser julgado, e é também assim, deste modo que ele viverá sua eternidade. O ato de sair do templo e ir ao encontro do povo que sofre e tem expectativas de libertação deve se converter na práxis da Igreja, para que todos tenham a vida abundante preconizada por Jesus (cf. Jo 10,10) e emulada por Dom Elder e o papa Francisco.

Homem: matéria e espírito

Ora, se só o espírito fosse importante, como querem alguns, teria sido um erro criar o homem corporal. Por que, então, não criá-lo só espírito, como os anjos? Mas se o homem foi composto de duas realidades concorrentes e convergentes, ambas são importantes, e possuem dignidade. É um engano pensar que vida é só o conforto, o bem-estar, o desfrute das coisas materiais. No entanto, é igualmente equivocado, afirmar que, criado para a vida eterna o tempo presente não tem valor, e pode ser vivido em condições de miséria e de sofrimento.

A vida moderna se nos impõe determinados padrões sociais que, aos poucos, vão nos acomodando, nos anestesiando, e quando nos damos conta, estamos presos a uma porção de sistemas dominadores, econômicos, políticos, sociais, regras de vida em sociedade, modelos positivamente materialistas, e até rotinas religiosas. Com isso o ser humano torna-se preso, escravo do modo de vida que, ao invés de fazê-lo crescer vai, aos poucos, subtraindo sua liberdade, amortecendo seu senso crítico, tornando-o genuflexo a um modelo estereotipado, onde a criatura renuncia à sua individualidade, para aderir a um comportamento padrão, onde todos dizem, fazem e pensam a mesma coisa, tudo guiado pelo modelo materialista, que ao invés de dar a vida autêntica, empobrece-a (C.S.M. GALVÃO, Tempo de Libertação, ed. Paulinas 1994).

Num mundo em que a maioria está amordaçada e uma minoria fala por todos, alguns modelos sociopolíticos se dizem a oitava maravilha. É o caso do neoliberalismo e de outros que ainda virão. No entanto, observando seus frutos, constata-se que estavam bichados, desde a floração.

Primeiro foi o comunismo. Diziam maravilhas do regime soviético. Aos poucos, foi-se notando que, se era tão bom assim, por que soldados e muros para impedir a fuga de quem estava do lado de lá? Depois que a ideologia marxista caiu por si, a visão do ocidente pode ver um país, economicamente arrasado, culturalmente incompleto, e socialmente em crise. Ainda há gente que quer tirar do armário, ressuscitar esses velhos fantasmas... Quando os comunistas saíram de cena, o capitalismo tomou um fôlego, na esperança de reinar sozinho, sem a incômoda companhia do parceiro soviético, com o qual dividia, pelo menos ideologicamente, os blocos mundiais.

Sem a contestação socialista, esvaiu-se a filosofia de que tudo devia ser de todos. Surgiu o neoliberalismo afirmando que tudo deve ser do mais esperto, do mais forte, da livre-iniciativa, do mais competente, de quem sabe armar melhores estratégias. O capitalismo, que já era chamado, a vinte anos atrás, de selvagem, deu lugar a outra política, mais que política, uma ideologia, do mercado, do valor comercial e do utilitarismo das coisas e das pessoas.

Essa nova ideologia, já sabemos, foi o neoliberalismo, muito mais selvagem, com muito menos ética que o capitalismo histórico. Como nessa modalidade o que vale é o lucro, e feio é perder, surgiram grupos, sistemas, conglomerados, tudo visando ganhar mais, abraçar um maior número de bens, eliminar concorrentes, diversificar o mercado.

Os postulados keynesianos ensinam que as necessidades humanas são ilimitadas, e os recursos insuficientes. Ora, se a ganância é ilimitada e os recursos, ao contrário, escassos à medida que alguém acumula mais, outros se privam de bens. Assim é a equação da riqueza. Quando ela é acumulada nas mãos de uns, por ser limitada, falta para outros. É uma questão aritmética. Se num grupo, temos dez pessoas e dez reais para dividir entre elas; a primeira apropria-se de 5 reais e a segunda de 3. Vai sobrar apenas 2 para dividir entre oito pessoas. É assim que age o capitalismo neoliberal. Por isso há, em todo o mundo, um número crescente de pobres e famintos. E é por isso, também que, a partir dos Estados Unidos, país onde surgiu essa ideologia sem ética, já falam em rever sua doutrina, tamanha a exclusão que seu uso está gerando naquele rico país.

O neoliberalismo é, sem dúvidas, fator de exclusão econômica (e consequentemente social) em todo o mundo, e de forma muito agravada, no nosso Brasil. O nome neoliberalismo hoje é menos divulgado, mas as práticas são as mesmas. Para abocanhar as melhores partes da caça, contada na fábula de Esopo, o leão, no legítimo estilo neoliberal capitalista, agiu sem a mínima ética: “A primeira parte é minha, qui nominor leo; a segunda, porque valho mais; a terceira porque sou o maior; e quem se arriscar a querer a quarta, vai se ver comigo”. Essa falta de ética da cultura neoliberal é que exclui os filhos de Deus, do uso e propriedade dos bens, que foram criados universalmente para todos. E isso não é socialismo; está na Bíblia, co, todas as letras.

Para satisfazer as exigências da justiça e da equidade, é necessário esforçar-se energicamente para que, respeitando o direito das pessoas e a índole própria de cada povo, se eliminem, o mais depressa possível as grandes, e por vezes crescentes, desigualdades econômicas atualmente existentes, acompanhadas da discriminação individual e social (cf. GS 66).

A busca da vida abundante para o povo, passa pela reforma de nossa consciência política. Não é mais possível elegermos alguém para se arrumar, para obter uma mamata, ou entrosar-se em algum esquema, como é tão comum acontecer. A luta pelo bem comum, na prática de uma política decente faz acontecer essa vida abundante que Jesus veio trazer, que em sua dimensão terrena é o vestíbulo para o Reino de Deus.

A solidariedade nos ajuda a ver ‘o outro’ – pessoa, povo ou nação – não como um instrumento, de que se explora a baixo preço, a capacidade de trabalho e a resistência física, para o abandonar quando já não serve mais, mas sim como um nosso semelhante, um ‘auxílio’, que deve tornar-se participante, como nós, do banquete da vida eterna, para o qual todos os homens são igualmente convidados por Deus (SRS 39).

A sociedade cristã tem na conscientização e responsabilidade política, quem sabe o único caminho para estabelecer a maior revolução de todos os tempos: transformar a sociedade pelo amor, pela reconciliação e pelo entendimento. Transformado o coração da sociedade, o aprimoramento da política e da economia torna-se conseqüência natural desse primeiro - e decisivo - passo. O passo vital para essa revolução é estabelecer uma ascese política, elegendo pessoas dignas e capazes, retirando de lá os corruptos, os incompetentes e os demagogos. É preciso acabar com o político profissional, carreirista. Ele é um dos grandes cancros da sociedade. Seria isto uma utopia? É preciso confiar no tempo... ele é o mentor da história humana...O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas e acima de tudo, revela verdades.

O lema da “Campanha da Fraternidade” de 1996, vinte anos atrás, foi um dos mais expressivos e esclarecedores dos últimos anos: “Justiça e paz se abraçarão” tirado do salmo 85, que fala sobre os tempos em que o Messias vai reinar na terra, e, por ser uma época de justiça, também será de muita paz. É um canto profético, repetido por Isaías (32, 17), como um projeto de Deus para o fim dos tempos (como o atual), quando o seguimento a Cristo (já presente em nosso meio) vai ensejar a felicidade humana, pela estabilidade da ordem social. E cabe uma pergunta: Não estará faltando Cristo nesse nosso mundo tão sem paz? Ao afirmar que o desenvolvimento integral do ser humano “... é o novo nome da paz” (cf. PP 29), o papa Paulo VI quis dizer que a concretização da paz, ideal dos tempos messiânicos, passa, necessariamente, pela mediação de uma política, ética, cristã e solidária. Cristo há de julgar os comportamentos humanos sob a ótica da solidariedade. Nem riqueza nem atos de piedade externos serão levados em conta. Nessa análise há uma regra, uma medida (tá metrón), que é o amor a Deus, seus mandamentos e seus ditames morais, representados pela acolhida fraterna ao irmão.

As modernas traduções das Bíblias espanholas estão traduzindo a palavra grega koinonia, não mais por comunhão, mas por solidariedade. Comunhão entendem os exegetas, é algo íntimo e personalista. A solidariedade é mais aberta e abrangente, do jeito de Cristo. Em uma de suas recentes obras, o teólogo latino-americano J. M. Vigil pergunta: “Sobra-nos ainda alguma utopia? Ou resta-nos apenas o gosto amargo de mais uma decepção?” (in La ética del hombre y de Dios, Barcelona, 1995).

A transfiguração (Mt 17, 1-9) é um evento marcante na vida de Jesus, do mesmo modo que a cruz. Jesus encarnou-se para ser o go’el, o defensor dos pobres. A Igreja espera de seus fiéis, atentos aos efeitos daquelas manifestações, façam com que o evento cruz, no sentido de dor e tortura, seja algo banido da vida das grandes multidões, e que o rosto de Cristo, desfigurado no sofrimento de tantos irmãos nossos, seja transfigurado na ressurreição de uma nova práxis cristã, onde a ética e a moral sejam regentes de todo um processo social. Assim Deus projetou; assim ele espera que a gente faça.

Nesse processo, interliga-se a conversão pessoal, a atividade na política, no sindicalismo e nas iniciativas comunitárias e classistas. A transfiguração é um evento sucedido na terra, como prenúncio da glória dos céus. É a prévia da vitória do tempo do Messias, “... tempo novo de eterna justiça...”, assim como da dimensão terrena do Reino, que começamos a construir, a partir de agora.

A nova moral

É inegável que exista hoje uma crise de moral sem precedentes. Essa crise, de raízes tão diversas, não é uma característica só do Brasil. Cada país, cada continente, vive problemas éticos motivados pelos mais variados motivos. Há lugares onde a moral se esfacelou, por causa da riqueza e da fartura. Em outros, a carência material gerou a instabilidade econômica que, por sua vez, deu à luz a um processo degenerativo na moral. No próximo capítulo abordaremos noções mais ou menos gerais a respeito da prática da ética e da moral.

Aqui cabe trazer para a mesa de estudos o aspecto moral inserido na atualidade brasileira. Trata-se de descobrir aquilo que se convencionou chamar de “nova moral”. A crise moral brasileira deriva da descrença sociopolítica e do esforço das elites em “vender seu peixe”. Quando não se sabe qual a ordem dos fatores, no debate social, se diz que os mestres estão procurando saber quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo. E por curiosa que possa parecer esta expressão, essa dúvida às vezes aparece no estudo da ciência política, quando muitos perguntam se a crise é oriunda do social, do político ou do econômico. Ou de todos esses fatores. A solidariedade é a medida da ação cristã.

Os grandes expoentes intelectuais das ciências humanas e do comportamento, Max Weber, Erich Fromm, e modernamente Eduardo Dussel e Leonardo Boff, afirmam que o homem, por ser intrinsecamente bom, nasce voltado para a prática do bem. Então, pergunta-se, de onde vêm os problemas sociais? De onde brota a corrupção? A história da civilização nos mostra, às escâncaras, o desejo de realização do ser humano, seja no terreno material, social e político. E a partir desse incontido desejo de felicidade, cada um tem procurado, a seu modo, estabelecer formas ou sistemas, de como ganhar mais, ou obter notoriedade, ou dominar. E aí estão as guerras, as conquistas, os genocídios, a atestar essa sede de realização humana, nem sempre conduzida pela ética e pela moral.

Embora se admita que o homem nasce bom, os estímulos negativos, os traumas psicológicos, a falta de perspectiva de vida, a carência ou mesmo o mau caráter, podem levá-lo a afastar-se dessa bondade intrínseca para aderir a um comportamento circunstancial de busca de seus objetivos. Quando o bem se torna mal, se perde todo o referencial axiológico.

Marx (†1883) afirma em “O Capital” que a solução do social passa pelo econômico. O marxismo como teoria econômica tem pontos interessantes, mas como doutrina social peca pelo reducionismo. Tanto assim que nos países onde foi integralmente implantado como alimentador da ideologia política, foi um fracasso. Mas, de certa forma, porém, em alguns aspectos, Marx tem uma certa razão. Sem o problema econômico, as crises sociais seriam minimizadas. Digo minimizadas, pois a visão de países do primeiro mundo onde não há crise econômica, a sensação de fartura e segurança cria como um tédio, uma náusea para usar a expressão sartriana, revelando um problema social manifesto, que desemboca no comportamento alienado de certos segmentos da população, como homossexualismo, uso de drogas e, não-raro, suicídio.

Para estudarmos os descaminhos sociais no Brasil, teríamos que imaginar a crise como um grande lago, alimentado por alguns rios. O Brasil possui um componente histórico de pobreza, como vimos no tópico anterior. Ora, a pobreza é um obstáculo para a realização do ser humano; não absoluto, mas relativo e ponderável, na medida em que se amplia. A pobreza absoluta, a indigência, a privação dos bens essenciais, gera o problema social. Social é uma palavra derivada de sociedade. Vem do socius, no latim, que exprime um regime de convivência em que todos são sócios. Ora, se todos são sócios, todos têm, mais ou menos, direitos semelhantes. E não é o que ocorre. A partir do momento em que a carência material (econômica) cria um desnível entre os sócios, ou seja, entre aqueles que ocupam o mesmo espaço sociológico, há que se buscar meios de contemporizar essa discrepância. E os meios buscados, infelizmente, nem sempre são lícitos e/ou éticos. A política como instrumento de poder nem sempre é conduzida dentro da ética social. Assim, ela vem permeada de valores espúrios, como corrupção, oligarquias, corporativismo, esquemas de sustentação, etc.

A corrupção, a violência, a marginalidade social (muitas vezes verificada nas classes altas, no chamado “crime do colarinho branco”), que gera a perda de referencial do ético, nasce da adoção de idéias equivocadas como o proporcionalismo (meu crime é infinitamente menor que o cometido pelo N...) e pelo conseqüencialismo (meu crime não terá maiores consequências, talvez nem descubram, e é coisa comum, todos fazem...). Tudo isso, no Brasil, é alimentado por um cancro que se chama impunidade.

De todos esses desvios nasce um novo tipo de comportamento: uma nova moral. A tevê está cheia, em suas novelas e mini-séries, de apologias à nova moral, onde o velhaco é chamado de esperto, o adúltero de bon-vivant, o explorador de homem de objetivos, o homossexual visto como alguém que fez sua escolha de vida, e vai por aí. Sempre que os valores sociais são desprezados ou subvertidos, não é difícil observar-se o surgimento de novos costumes que, se profundos e radicais, podem ensejar o surgimento de novos padrões de moral.

Por exemplo, dentro das novas tendências neoliberais de hoje, o mercado é o novo deus da sociedade. A idéia de deus sempre foi ligada ao juízo vida. Quem tem deus tem vida; deus dá vida. Ora, numa sociedade em que o mercado é deus, a vida das pessoas provém do mercado. E sabendo-se que 68% da população de nosso país está excluída do mercado de consumo, não é difícil afirmar que, economicamente falando, mais de 95 milhões de brasileiros não têm vida. A nova ordem econômica (há quem afirmou estar vinculada à “nova era”) diz que é preciso construir apartamentos de luxo, pois para esses há mercado consumidor, e que é economicamente inviável construir casas para pobres, pois, além desses não terem recursos, um imóvel simples dá pouco lucro. De acordo com essas teorias, excludentes e injustas, não se deve construir imóveis para uma faixa da população que não é consumidora.

Restou aos pobres a ilusão das políticas governamentais eleitoreiras e institucionais, de programas de “casas populares”, que além de escassos produzem imóveis de baixa qualidade, além da exigência – em geral dos bancos estatais – que o futuro mutuário abra uma “poupança”, faça “saldo médio” e tenha um cadastro imaculado. Na celebração da idolatria do mercado, os governos de todos os tempos vão à tevê pedindo que o povo tenha fé; fé na moeda, nos planos econômicos, nos políticos, no mercado...

A nova moral não se limita a ser permissiva só na questão sexual ou na lisura dos negócios, mas admite também o vale-tudo – uma característica do neoliberalismo – no terreno econômico, onde passaram a vigir alguns axiomas: “o maior engole o menor”, “o mundo é dos vivos” ou “se deve levar vantagem em tudo”. Desde 1891, a Igreja denuncia a riqueza, que em mãos de poucos, ocasiona a indigência das multidões. Para compensar os efeitos dessa nova moral sobre as populações empobrecidas, verifica-se o crescimento inusitado de um dos grandes erros sociopolíticos das sociedades de Terceiro Mundo: o assistencialismo.

O assistencialismo, para que se entenda bem, está para a ação social efetiva, assim como a esmola está para a caridade. Ou seja, enquanto a primeira é circunstancial, temporalmente limitada e superficial, a segunda é transformadora, perene e profunda. Entretanto, praticar o assistencialismo, seja por parte do governo ou das instituições, é mais fácil e custa menos. E não afronta as elites e os donos do poder.

No século XX, período pós-revolução industrial, o progresso tecnológico foi tanto um fator de desenvolvimento quanto de ameaça para o ser humano. A técnica, igualmente entronizada como divindade, tem contribuído para, em paralelo com a solução de alguns problemas materiais, o aparecimento de outros, no tocante aos aspectos ontológicos da pessoa. Assim, enquanto as máquinas são rápidas, eficazes, quase não erram, de outro lado elas ferem, expulsam o homem do campo, desempregam... Igualmente as teorias morais, sejam elas sociais, políticas, jurídicas ou econômicas tornam-se um desafio à ética cristã e ao bom senso. Se num primeiro momento visam equilibrar a vida em sociedade, em outro, exploram, violentam, excluem, degradam e protegem quem oprime. No campo da técnica, por exemplo, o homem tem desenvolvido armas cada vez mais modernas, sob o fulcro do brocardo romano “si vis pacem para bellum”.

A manutenção da paz, entretanto, tem gerado a países de terceiro mundo, uma corrida armamentista sem precedentes, cujos gastos são suportados compulsoriamente pela população. As armas com que se pretende estabelecer um estado de defesa, matam, aterrorizam, mutilam. E economicamente empobrecem. A esse respeito, há uma oportuna manifestação de João Paulo II na Encíclica “Redentor do Homem”:

O homem de hoje parece estar sempre ameaçado por aquilo que ele mesmo produz; ou seja, pelo resultado do trabalho de suas mãos, ou ainda pelo resultado do trabalho da sua inteligência e das tendências da sua vontade (RH 15).

A nova moral afirma que sem o rico, sem o empresário, o pobre morreria de fome. É sarcástica essa colocação, à medida em que vemos o pobre morrer, por culpa da indevida acumulação de bens, por parte dos ricos. Não que se pregue “luta de classes”, em que só a eliminação do rico favoreceria o pobre. Não é por aí. O que o cristianismo e o bom senso apregoam é que o supérfluo dos ricos, se repartido sistematicamente, na figura de salários melhores, de participação nos lucros, programas de preservação da saúde, valorização da vida, evitaria essa enorme e preocupante brecha. É bom que o empresário progrida. É salutar que a empresa dê lucro. Mas é social e eticamente imperioso que o agente desse lucro também dele participe.

O que se viu – e isso é condenável – é uma escalada de luxo e esbanjamento de muitos empresários, em viagens, moradias suntuosas, lotadas de valiosas quinquilharias, casas de veraneio na praia e na serra, coleções de carros importados, armários abarrotados de roupas finas, iates, depósitos no exterior, amantes, muita comida jogada no lixo, e outros desperdícios, enquanto ao lumpenproletariat, - só para provocativamente usar uma expressão marxista - é reservada uma feição subumana de vida, em que o homem vegeta, sem recursos, sem perspectivas de vida. A classe abastada brasileira, sempre afeita aos bônus, no afã de tirar de seus ombros o ônus, não cansa de afirmar que o problema social e econômico do Brasil é culpa do governo.

Talvez seja, na medida em que este não tem mecanismos hábeis, eficazes e confiáveis de fiscalizar a origem das rendas, a causa dos enriquecimentos, taxando e cobrando com justiça os grandes ganhos e patrimônios expressivos. Dentro desse espírito - dessa nova moral, sem querer ser repetitivo - é que as sociedades neoliberais querem a presença cada vez menor do Estado nas relações sociais, indo contra, também, a qualquer tipo de controle da sociedade sobre o Poder Judiciário.

A partir dos desníveis econômicos surge a discriminação social. Por exemplo, o negro não é discriminado tanto por ser negro, mas por ser pobre. No Brasil o branco ganha mais que o negro; o homem mais que a mulher. Essa discriminação começa a partir do econômico. Por ser mais pobre, o negro em geral aceita serviços mais humildes, e aí começa ser discriminado, e sem notar, está acelerando o círculo vicioso de pobreza. É como uma panela de pressão: fogo (a miséria) embaixo, pressão (leis, repressão, injustiça, indignação, falta de esperança) em cima. Um dia explode. É curioso que toda essa distorção é vista pela sociedade como um fato normal. Quando ocorre um roubo em nossa casa, um assalto ao banco em que temos conta, ou o sequestro de alguém importante, colocamos as mãos à cabeça, culpando, via-de-regra, o governo. A violência social tem fundo econômico. Cansado de passar fome, recebendo salários indignos, sendo revistado nos ônibus pela polícia - segundo a qual, todo pobre tem cara de suspeito - o homem é empurrado para o crime.

A mesma sociedade que cria o marginal, condena seu crime e gasta fortunas para mantê-lo encarcerado. E, segundo a teoria de Weber, ele nasceu bom; foi corrompido pela nova moral de uma sociedade que exclui. Embora tenham atenuado sensivelmente o discurso social, que parece ter sofrido uma filtragem, os bispos latino-americanos, reunidos em Santo Domingo, em 1992, assim se manifestaram, relativamente à marginalização do povo:

Um número crescente de famílias interpela governos, sociedade e organismos internacionais, partindo de sua situação de miséria e fome, em razão do desemprego, da carência da vida digna, de serviços educativos e sanitários, de salários baixos (SD 218).

A discriminação do trabalhador fica patente num discurso de um empresário, proferido numa associação classista do centro do país, quando foi afirmado que, “... quando os trabalhadores entram na fábrica, são fatores econômicos; quando saem, são problemas sociais e trabalhistas”.

O homem viola sua dignidade, e cai numa terrível dependência, quando diviniza as coisas, como o poder, a riqueza, o Estado, o sexo, a técnica, a ideologia. A partir desse comportamento, para manter seu sistema ou sua ideologia, ele passa a desprezar o outro, que em sua visão economicista é apenas um número, um fator de produção, uma peça da engrenagem de fazer dinheiro. A visão do homem, com todos os seus valores inerentes, intrínsecos e extrínsecos, é chamada de humanista.

A visão humanista do ser humano enxerga-o como alguém em construção, de posse de todos os seus direitos, e apto a cumprir seus deveres. As teorias sociais, políticas e econômicas, tão comuns em nosso cotidiano, para validar seus descaminhos, criaram a nova moral, um foro particular, capaz de absolver suas mais equivocadas atitudes. São os que afirmam ser julgados e submetidos ao império de suas consciências (estejam elas certas ou erradas). Há, no atual quadro, uma chamada visão não-humanista, que concebe o ser humano de uma forma inadequada:

• máquina de produzir lucro (visão neoliberalista);

• a pessoa só vale se for útil ao mercado (visão consumista);

• objeto de prazer sexual (visão hedonista);

• pobre é pobre porque Deus assim o quis (visão determinista);

• povo deve servir como massa de manobras (visão marxista-leninista).

Programas sociais mais recentes como o “bolsa família” pretendiam em sua proposta básica restaurar a dignidade dos mais pobres, dos assalariados e suas famílias, mas tudo não passou de uma ilusão eleitoreira e populista, pois a corrupção e o mau uso que fizeram dessa iniciativa acabou por comprometer causas e consequências do programa.

Os sistemas tecnicistas tratam cada dia mais, de criar super-homens, em termos de técnica, resistência, competência e competitividade, em detrimento da maioria que vive excluída, com fome, desdentada, cheia de vermes.

Hoje, o deus-lucro é pai da iniquidade e guia de todos os descaminhos para os pobres. A nova ordem econômica que busca unificar mercados (os mercados comuns), línguas (o inglês), a música (o rock), a moeda (o dólar) vai, nessa busca de eficácia e standardização, criando multidões de empobrecidos, que, alijados dos processos de desenvolvimento, vão inchando as periferias das metrópoles do Terceiro Mundo, com toda a violência decorrente da exclusão social (A.M.GALVÃO, O Reino é dos Excluídos, artigo in Revista “O Recado”, março/95).

Nesse conturbado nó-de-relações, os que procuram ser honestos, viver com simplicidade, construir uma vida modesta, porém digna, esses são motivo de chacota, considerados fora da realidade e, por isso mesmo, excluídos do processo social, pelo menos de suas benesses. O hedonismo, qual uma hidra de muitas cabeças (o divórcio, a pornografia, o adultério, a promiscuidade sexual, o homossexualismo e o aborto) tenta passar a todos, e especialmente à juventude, uma idéia de modernidade, de liberdade e de satisfação, quando a realidade revela pessoas angustiadas e insatisfeitas.

Um dos efeitos devastadores desse hedonismo é a geração de pessoas sem a mínima estruturação psicossocial. Os “meninos de rua” que perambulam aos magotes por nosso país, dizem bem, como o sexo e a construção familiar são conduzidos por muitas pessoas. O problema dos menores sem lar, obscurecido por uma “nova” forma de encarar os problemas sociais (o pobre é culpado e responsável por sua indigência), que hoje é crucial, poderá tornar-se incontrolável num futuro bem próximo.

Excluídos, indesejados, hostilizados, eles vão querer cobrar - alguns já estão cobrando - na porta de nossas casas - um preço muito alto da sociedade que os criou e os rejeitou. Só a fé cristã pode indicar ao homem o caminho da justiça, como que um regresso ao princípio (cf. Mt 19, 8). Infelizmente, apesar do progresso apregoado, as ciências modernas perderam o referencial para essa retomada. Só a fé num Deus amor, Deus da vida, é capaz de dar espaços a esse novo pensamento. Mas até compatibilizar a fé em Deus e a solidariedade ao próximo, como juízos de mesma idéia e valor, muito caminho ainda tem que ser percorrido.

A moral, antes de códigos, tabus ou regras, é uma procura daquilo que é necessário fazer. Antes de uma mera “ciência do bem e do mal”, a ela importa conhecer o bem e o mal. Por isso diz-se que a moral supõe um esforço de reflexão e de criação. Moral é basicamente uma prática, exercitada como experiência concreta do cotidiano. Assim, conceitualmente Teologia Moral é a ciência dos valores que orienta e ilumina a conduta, para que o ser humano possa se realizar como pessoa.

Dessa forma vemos que a reflexão moral dentro da Igreja, precisa ser desenvolvida sempre baseada na interpretação que a ortodoxia elabore, a partir dos Textos Sagrados. Por esta razão, diz-se que a Teologia Moral é uma ciência que acolhe e interroga a Revelação divina e, ao mesmo tempo, responde às exigências da razão humana. Essa teologia é uma reflexão que se refere à moralidade, ou seja, ao bem e ao mal dos atos humanos e da pessoa que os realiza, e neste sentido está aberta a todos os homens; mas é também Teologia, enquanto reconhece o princípio e o fim do agir moral naquele que ‘só é bom’ e que, doando-se ao homem em Cristo, lhe oferece a bem-aventurança da vida eterna.

Hoje, autores, professores, pregadores, comunicadores, formadores de opinião, assim como algumas correntes de filósofos, costumam dizer que as palavras moral e ética são sinônimos, e que se pode empregar (como muitos efetivamente o fazem) tanto uma como a outra. Isto é correto? Moral vem de mos, moris, no latim, que academicamente refere-se a um costume, o conjunto de regras próprias a uma época ou a uma cultura, ou consideradas como universalmente válidas. Tanto assim que a expressão moralia,is significa um bom costume, uma aceitável regra de comportamento.

Moral pode ser vista como algo que diga respeito à atividade humana do ponto de vista do bem e do mal. A lei moral, segundo o Catecismo, é obra da Sabedoria divina (VS 29). Em Santo Tomás de Aquino vamos encontrar mos como costume, ou inclinação natural para se fazer (bem) alguma coisa.

Ética e Moral, embora possam figurar num mesmo contexto, têm juízos díspares, visto cada verbete adequar-se a um tipo de atividade humana. Na sociedade, por exemplo, desvios da moral nos revelam que nem sempre as leis são justas. Porque foram promulgadas por um Legislativo corretamente constituído, são legais, e por isto éticas, mas por não atenderem ao bem comum e se tornarem injustas, são imorais. Também a chamada “ética profissional” que pode ser corporativa mas não moral. São reconhecidas três condições necessárias para o exercício da vida moral:

a) a razão

Só pela inteligência pode o homem conhecer o fim para o qual é inclinado;

b) o livre-arbítrio

Só pode tomar decisões corretas e isentas quem é integralmente livre;

c) a inclinação

É a tendência natural, antes de ser corrompido por fatores externos, que o ser humano tem para a prática do bem.

É imprescindível que se enxergue a moral ocidental apoiada em duas pilastras fundamentais: a ética greco-romana e a moral judaico-cristã.

A moral que se quer teológica, não pode permanecer ao nível da simples constatação de fatos e comportamentos. Este é um dado prévio, sob o qual se deve refletir à luz da fé. A Teologia Moral deve ser um instrumento destinado a favorecer o crescimento, tanto das pessoas como da sociedade. Crescer significa caminhar para um ideal (cf. A. Moser. Teologia moral).

Caminhando mais adiante, é possível, conforme a maioria dos autores, identificar quatro elementos constitutivo da moral: o fundamento, o fim, a obrigação e a sanção. Vamos ver cada um desses elementos:

 fundamento

vontade de Deus que estatui preceitos morais

 fim (finalidade)

a posse eterna do agathón (o bem infinito)

 a obrigação que impõe

vinculo da moral à vontade  para que atue em conformidade com o mandato divino (lei de Deus)

 a sanção

remuneração  prêmio ou castigo (eternos)

Mais do que juízos, a Teologia Moral deve proporcionar ajuizamentos e discernimentos para que os sadios possam melhor ajudar os doentes e desanimados a seguirem caminhando dentro de suas possibilidades e limitações. Quem discerne não o faz para condenar, mas para encontrar os melhores caminhos da realização dos fracos (idem).

A moral humana, por condicionada à dialética de bem e mal que caracteriza nosso comportamento, está sujeita à ambivalência, uma vez que se constata a existência de tesouros (a lei de Deus) contida em vasos de barro (o coração humano). As atitudes humanas trazem consigo luzes e trevas; não há como se escapar disso.

O ser humano não escapa da ambivalência. Sente-se atraído para a plenitude e a verdade como impulso maior. No entanto, faz continuamente a experiência da vaidade, genitora do orgulho e da simulação, da hipocrisia, do vício e do pecado. Cada pessoa sente possuir muitas possibilidades, bem como não menos deficiências. Por um lado, descobre-se criatura, marcada pela incompletude, relatividade e limite. Por outro lado, sente regurgitar em si energias e sementes positivas, que solicitam uma progressiva efetivação (N. AGOSTINI, Teologia Moral – Entre o pessoal e o social, Ed. Vozes, 1995).

O juízo moral, no entanto, nem sempre coincide com a conclusão de uma determinada ciência. No terreno da bioética, por exemplo, nem sempre certas recomendações, no campo da sexualidade, aborto, eutanásia, fertilização, por mais apoiadas que sejam, por mestres e especialistas, tem aprovação moral. Com isso constata-se que nenhuma ciência, por mais desenvolvida que seja, consegue ultrapassar seus próprios limites. Ela sempre será, de uma forma ou de outra, setorial.

O grande problema de nosso tempo é a crise moral e a consequente relatividade da moralidade humana. Recordo que em 1969, meu pai João Manoel Galvão (1914-1984), um filósofo, afirmava que no ano seguinte (1970), em face do que lhe era dado observar, “...ia se acabar a reserva moral do mundo”. Imaginem se ele vivesse hoje, neste conturbado século XXI? A verdade é que a moral, apesar de - por sua contingência ao momento histórico - nunca ter chegado a ser vivida em plenitude, era sempre uma força orientadora dos comportamentos, quando não uma utopia, uma esperança do tipo “dias melhores virão”.

Hoje se constata, em muitos segmentos de nossa sociedade, a partir de alguns nichos da mídia, meios artísticos e intelectualidade, um forte sentimento de rejeição à mais simples idéia de moral. Para muitos, a moral é uma maçada, composta de proibições, repressões, leis autoritariamente coercitivas e limitações, fatos geradores, não-raro, de complexos de culpa, capazes de investir contra a liberdade e a felicidade de um tipo de vida alegre e descontraída.

Fontes da moral

A moral, dizem os especialistas em axiologia, é uma necessidade que brota do âmago das estruturas psicossociais e antropológicas do ser humano. A conduta moral deve ter, como base inescusável, a aceitação das verdades reveladas. Teologicamente, vemos, para os cristãos, a necessidade de apoiarem sua moral em duas pilastras convergentes e afins: a fé e a razão. O mandamento da moral não é mais do que um eco de nossa consciência, e nos impele a viver de tal forma que respondamos, na quase integralidade, à nossa vocação humana.

A rigor, para fins de estudo, é lícito afirmar que a Moral cristã jorra a partir de quatro fontes, a saber: as Sagradas Escrituras, a Tradição Cristã, o Magistério da Igreja, e as chamadas “outras fontes”, como veremos a seguir: Esse rico manancial tem abastecido a Igreja, desde os primórdios da sã e ortodoxa doutrina, desde as palavras e o exemplo moral do Ressuscitado. Vamos estudar cada uma dessas fontes:

a) As Sagradas Escrituras

Por ser a Palavra de Deus, endereçada à humanidade, a Bíblia é a primeira e principal fonte da moral cristã. A Teologia Moral tem no Antigo Testamento muitas fontes de onde pode/deve haurir seus ensinamentos. É preciso aprender com as grandes e envolventes perspectivas do AT, pois ali, os grandes temas da ética e da moral estão proficuamente desenvolvidos e sobremodo incluídos uns nos outros a ponto de se integrarem mutuamente. Com frequência, acontece serem eles a chave para a compreensão mais clara do Novo Testamento e para a Eclesiologia.

A Bíblia nada é senão uma série de cartas enviadas por Deus aos homens, para os exortar a viverem santamente (Santo Agostinho).

Para que o homem soubesse com segurança e sem erros as normas reguladoras de sua conduta, Deus estabeleceu, quer no AT quer no NT, prescrições de natureza moral. Os textos das Sagradas Escrituras estão revestidos de inerrância em matéria de moral e fé.

b) A Tradição Cristã

Fonte complementar das Sagradas Escrituras. Nem todas as verdades reveladas por Deus estão contidas na Bíblia. Muitas delas foram reveladas oralmente por Deus, por Cristo ou por meio dos apóstolos (Igreja), inspirados pelo Espírito Santo. A Tradição possui três canais:

 Os Pais da Igreja (Patrística)

Conjunto de escritores, dos primeiros séculos (II-V) da Igreja, cujo ensinamento é base em fé, moral, costumes e doutrina;

 Os Teólogos – Autores posteriores à era patrística,

dedicados ao estudo das verdades relacionada com a fé e com os costumes, como, por exemplo S. Tomás de Aquino;

 A própria vida da Igreja, desde o início, através da liturgia, da catequese e do sentir do povo cristão;

Embora vistos como fontes da moral, a tradição e os costumes não podem ser aceitos de forma acrítica, como dogmas ou normas obrigatórias, sob pena de se fossilizarem, degenerarem e assim prejudicar a capacidade de julgamento das pessoas (A. M. GALVÃO, Teologia moral trocada em miúdos, Ed. O Recado, 2002).

Nessa perspectiva acrítica de uso, o costume é capaz de trazer prejuízo à capacidade de superar o nível estritamente convencional da moral. Paulo, o apóstolo dos gentios lutou para libertar a Igreja nascente das “tradições” e costumes do judaísmo. O Vaticano II fez o mesmo. Uma das tarefas urgentes da Teologia Moral é discernir profundamente a Tradição das tradições.

c) O Magistério da Igreja

O magistério da Igreja é a instância única de estudo, decisão e interpretação autêntica e fiel da doutrina da fé e da lei moral. Dele fazem parte o Papa, o Colégio Universal dos Bispos e os Teólogos Por expressa determinação de Cristo (unir... perdoar... ensinar... apascentar... confirmar...) o Magistério guarda e interpreta legitimamente a Revelação Divina e tem plena autoridade para impor leis (canônicas) aos homens, como se fossem emanadas de Deus.

d) Outras fontes subsidiárias

A razão natural (que é universal) atua como uma lei natural, na qual o homem dotado de uma ordenação natural que lhe possibilite discernir valores e assim atingir o fim para o qual foi criado. A ética (ou moral cristã) tem origem, além da Grécia, também, nas culturas antigas, que historicamente cruzaram a vida do povo de Israel. Assim, temos relatos de enchentes e cataclismos, no livro do Gilgameš, que se assemelham ao dilúvio bíblico.