ADVENTO DA PÁSCOA - TEMPO DE ESPERA

O Ano Litúrgico nos oferece dois momentos sagrados e nos convida a reflexão: O tempo do Advento, nos predispõe para o Natal do Senhor e a Quaresma nos prepara para a Páscoa.

Tempo que nos ajuda a caminhar com a Igreja, nas estradas da história, iluminados por esses mistérios de nossa fé e conduzidos pelo Espírito Santo de Deus.

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de treva para outro de luz; isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade.

A Páscoa cristã não era uma libertação política do poder dos romanos, como os judeus esperavam. Poucos entenderam que o Reino de Deus transcendia o aspecto político, histórico e geográfico...

Hoje, ao celebrarmos a Páscoa, não o fazemos com sacrifício do cordeiro e alimentando-nos com pães sem fermento, pois Cristo se deu em sacrifício, como cordeiro pascal, para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime.

A Páscoa é a fartura, é a plenitude, é a vida transbordante que não pode nem deve ser contida por nenhum jejum. A Páscoa é a libertação de um povo que tem fome de pão, de justiça e de esperança. De um povo que jejua há mais de 500 anos de seu sonho de igualdade.

Na periferia dos grandes centros urbanos, se Jesus procurar um pedaço de pão e um pouco de vinho para sua última refeição, não encontrará, pois seus convidados estão de mãos vazias...

Jesus manda que arrumem a casa, mas casa já não há, nosso povo habita sob um viaduto ou sob alguma marquise...

Ah, como esperamos por uma boa Páscoa!.. Quantas vezes Cristo terá que ser crucificado para que o povo de Deus ressuscite?

Os pobres esperam a fartura, os doentes a saúde, os melancólicos a alegria, os marginalizados a cidadania, os drogados a recuperação, os leigos a igualdade, as religiões a comunhão, os brasileiros a dignidade!..

O Espírito da Passagem nos impulsiona para frente. Para o novo. Para a esperança...

Celebrar a Páscoa é fazer refeição com o Cristo. Ele é a Páscoa do pobre. Ele é o prato, o pão e a saciedade. Ele é a Páscoa da Igreja servidora. Ele é a Páscoa dos pais e dos filhos, do branco e do negro. Ele é a Páscoa dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada...

Ele é o vinho. O som. O sabor. O alívio e o conforto. Ele é a Páscoa dos profetas, dos perseguidos, dos mutilados, dos famintos, das prostitutas, dos gays, dos foras da lei e dos drogados. Ele é a Páscoa de todos nós e ouve o clamor que chega dos miseráveis, dos órfãos e das viúvas.

Dizei aos pastores que animem seu povo. Ele está vindo! Eis que chega com a aurora, flutuando sobre a terra e trazendo a história nas mãos.

Invadirá as plantações e saciará os famintos. Destruirá os Templos que exploram os humildes. Denunciará os Governos deste mundo, subverterá a ordem estabelecida e anunciará o seu dia. O dia do Senhor!

De grão em grão Ele fará o pão. E de uva em uva Ele fará o vinho. E quando formos muitos não haverá mais fome, nem sede, nem frio, nem dor, nem desabrigado. Seremos fartos, plenos de vida.

Ele está à porta esperando para entrar! Abra e diga: Senhor eu sou digno que entreis em minha morada, apiede-Se da minha alma para que eu seja salvo, amém !

Manoel Lobo

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 19/03/2019
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