O TABERNÁCULO - “AS DIFERENÇAS ENTRE O SACERDOTE E O PROFETA”

SERIE: O TABERNÁCULO - “AS DIFERENÇAS ENTRE O SACERDOTE E O PROFETA”

Ao estudarmos qualquer assunto da Bíblia precisamos ter em mente que precisamos ir além do que apenas narrar os acontecimentos. O pregador deve ser sobretudo um intérprete de Bíblia e explicar ao ouvinte, o que não está tão claro assim para ele.

No Antigo Testamento, Deus instituiu o Sistema Sacrificial, com a criação do Tabernáculo, da necessidade do povo pedir perdão a Deus oferecendo um animal inocente no lugar de seu pecado, as várias ofertas e várias leis. Isso deveria ser regulado por alguém, Deus levantou então os sacerdotes.

Haviam dois cargos espirituais muito importantes na Antiga Lei, que eram o sacerdote e o profeta. A diferença entre o sacerdote e o profeta, é que o sacerdote intercedia a Deus pelo povo e o profeta falava ao povo as palavras de Deus. Os cargos não competem entre si, mas se complementam. É óbvio que o cargo de profeta é mais importante do que o cargo de profeta, pois um intercede por um povo pecador e o outro fala do Deus onipotente.

A Igreja precisa de intercessores e precisa de profetas. É difícil dizer que o cargo de pastor não está ligado ao cargo de sacerdote. Todo crente no Novo Testamento é tanto sacerdote, ou intercessor, quanto profeta, ou pregador das verdades de Deus. Mas existem aqueles que tem o ministério sacerdotal, como os chamados intercessores nas nossas Igrejas, ou os pastores, que precisam zelar pelo cristianismo.

MANUTENÇÃO DEPOIS DA CURVA

Outra diferença entre o sacerdote e o profeta, é que o sacerdote deve zelar pela manutenção do Tabernáculo, da religião do Antigo Testamento. O sacerdote precisa interceder pelo povo, suplicar o perdão de Deus ao povo. O sacerdote precisa arrumar o altar, acender o fogo, puxar a brasa, colocar a oferta no altar.

O sacerdote, hoje representado principalmente pelo pastor da Igreja Local, deve zelar pela religião, pela Igreja, pelas doutrinas, pelos ensinamentos, assim como pelas pessoas que se achegam a Deus, através de seu ministério. De certa forma o sacerdote é religioso, deve prestar contas para outras pessoas, não pode falar tudo e nem cabe muitas novidades no seu culto.

O profeta é alguém que presta contas só para Deus. Lembre dos profetas da Bíblia, talvez principalmente Jeremias, que sofreu barbaridades pelo que dizia. O profeta fala o eu Deus manda, ele não é tolhido em seu discurso, podendo falar abertamente no culto, todas as coisas, é o seu ministério. O profeta tem uma visão que a maioria das pessoas não tem, ele está em contato com o divino, diretamente, que lhe direciona o que dizer.

O profeta é alguém que sabe que seu ministério é de conflito. Ao ele abrir a boca e proferir sua profecia, instalasse o conflito. O profeta por não ter que prestar contas como o sacerdote, pode ter um ministério muito mais aberto e livre.

No Novo Testamento o maior profeta, aquele que mais trouxe revelações de Deus é Paulo. Ele era um profeta marginal, como Jesus, alguém além da curva, aliás muito além. Mesmo Pedro disse que não compreendia tudo o que Paulo falava, tendo alguns pontos bem difíceis. Hoje a dificuldade foi embora pois temos muitos livros e escritos que explicam Paulo e sua Teologia.

Tendo como exemplo Jeremias notamos que o cargo profético era espinhoso e podia ocasionar inimigos. Muita gente acha muito bonito o cargo profético, mas nem todos querem pagar o preço, ou se perdem no caminho, se recolhendo numa caverna e parando de falar o eu deveria falar.

A VIDA COMUM JUNTO COM A VIDA NOVA

Tanto o cargo de sacerdote, quanto o cargo de profeta são imprescindíveis para a Igreja. O sacerdote pelo seu cargo deve seguir normas e regras rígidas. Ele é importantíssimo para a manutenção da Igreja. Um verdadeiro pastor deve pregar e ensinar exaustivamente as doutrinas bíblicas para a Igreja, se quer que essa mesma Igreja permaneça. Sua fala então é até certo ponto.

Enquanto o sacerdote tem regras a serem seguidas, o profeta por outro lado fala de novidade. O sacerdote existe para a manutenção do que existe e o profeta existe para provocar o novo. Um existe para dizer não mexam e o outro existe para dizer não segurem a vida, ou a novidade de vida, ela é dinâmica. Isso foi bom ontem, pois fez bem ontem, mas o que foi bom ontem, se não continuar no processo dinâmico de vida e transformação, ao contrário se dogmatiza, se transforma num modelo, se sacraliza tal modelo isso vai matar, ao invés de gerar vida. O que antes foi bom, se a gente institucionaliza e diz não vamos mexer, por que deu certo antes e dará certo para sempre, freqüentemente é aquilo que trabalha contra nós.

Por outro lado o profeta está livre na palavra proclamada, não está preocupado com quem quer que seja, e sabe que o que diz pode ser perigoso e pode trazer e trará o perigo contra ele, ou critica a ele, ou perseguição a ele. Porém ele tem a convicção, não porque ele mesmo se elegeu para essa tarefa, mas que isso é algo totalmente inafastavel dentro dele, ao profetizar o embate está estabelecido.

Assim Paulo foi o mais profético dos apóstolos. Paulo provocou os outros apótolos que ficavam parados em Jerusalém. Paulo os provocou, os incitou a andar, os empurrou, os puxou pelo braço, criou situações, abriu Igrejas, pregou aos gentios, fez um ministério evangelístico, foi às cidades, saiu de encontro às pessoas.

De certa forma a Igreja, principalmente quando é uma Igreja que está há muitos anos no mesmo lugar, não enxerga que estacionou. Ai então é o momento de Deus colocar um profeta dentro de suas portas para provocar o novo, ou a volta do primeiro amor. O choque é que a Igreja não aceita que o antigo modelo foi bom ontem, mas hoje está gerando morte, ao invés de vida.

Ai Deus manda o profeta que vai revirar a vida da Igreja, provocando situações, sendo incoveniente alguns momentos, falando alto, cobrando, mudando, cantando hinos fora da caixinha, falando palavras difíceis de serem ouvidas, pedindo, empurrando, puxando pelo braço, forçando situações, querendo evangelizar, ir de encontro às pessoas lá fora, ao invés de esperar que elas venham. O pofeta não se acomoda com a situação da Igreja, porque isso está no seu sangue. Há um impulso pra isso, gerado por Deus.

O profeta é o “ombudsman” de Deus. O profeta é o “crítico” de Deus contra sua Igreja.

Existiam no Antigo Testamento os profetas institucionalizados, como os profetas dos reis, mas existiam aqueles fora da caixa, os além da curva, fora da vista, que eram os profetas marginais. Esses profetas eram aqueles caras que iam pregar no centro das cidades, nos desertos, nos rios. Esses eram nômades indo e voltando. João Batista, Jesus, Paulo, Felipe, eram profetas marginais.

AS ENTRELINHAS DA BÍBLIA

A Bíblia é um livro cheio de lacunas, cheio de entrelinhas. A maneira assumidamente resumida da escrita da Bíblia, deixa margem para lermos as entrelinhas e as preenchermos. Na Bíblia apesar de tantos detalhes, faltam detalhes.

Não há regras rígidas sobre como fazer culto, mas sabemos quando não está bom. Deus nos deu esse discernimento.

A Igreja precisa mais do que nunca das doutrinas bíblicas para combater as heresias. A Igreja precisa do sacerdote de manutenção. Precisamos do homem rígido em regras que zela pela Igreja e pela religião, porém temos uma advertência das mais severas a respeito de não haver profeta numa Igreja:

“Onde não há profecia, o povo se corrompe.” Provérbios 29:18

OS PROFETAS SÃO PERSEGUIDOS POR GENTE QUE NÃO QUER MUDAR

Por isso fica claro que não dá pra viver só de novidae e revelação, a Igreja precisa de doutrinas, assim como não dá pra viver só de doutrinas, a Igreja precisa de revelações.

A profecia é revelação.

O maior casamento entre sacerdote e profeta é quando o próprio pastor é sacerdote e profeta, como Jesus, Pedro e Paulo o foram.

ACOSTUMADOS COM PEDRAS FORA DE LUGAR

Ninguém gosta de ser criticado e o profeta é aquele camarada que chega num lugar e consegue enxergar algumas pedras fora de lugar. Talvez as pedras estão fora de lugar faz tanto tempo que a Igreja se acostumou com elas fora de lugar, mas o profeta vendo aquilo vai apontar: Ei, tem pedras fora de lugar aqui.

Algumas pessoas que já se acostumaram com as pedras fora de lugar, achando que vai dar muito trabalho colocá-las no lugar, prefere que ninguém aponte para as pedras fora de lugar. A máxima é: Deu certo até aqui. Entretanto o profeta está ali, a mandado de Deus justamente para mudar o que deu certo no passsado, mas que Deus sabe que não vai dar no futuro.

SINAIS QUE ESCOLHEMOS NÃO ENXERGAR

Dizia ele à multidão: "Quando vocês vêem uma nuvem se levantando no ocidente, logo dizem: ‘Vai chover’, e assim acontece. E quando sopra o vento sul, vocês dizem: ‘Vai fazer calor’, e assim ocorre.

Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como não sabem interpretar o tempo presente? "Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? - Lucas 12:54-57

Jesus faz aqui uma crítica das mais severas. Os homens sabiam discernir o tempo, se ia chover ou fazer frio ou calor mas não conseguiam discernir o que era justo. Esses versículos falam de sinais que escolhemos não enxergar.

É mais ou menos igual à pessoa que está sendo traída, ela tem sinais que nega a si mesmo que existem.

Todas as vezes que uma Igreja recebe um profeta entre si, não deveria mandá-lo embora, tentá-lo calar, não lhe dando oportunidades, pois ele vai gerar vida novamente na Igreja. Queremos um avivamento sem profecia. Nosso modelo de avivamento é um corpo estranho na Bíblia.

Um dos cargos mais bonitos de toda a Igreja é ser profeta, porém é sabidamente o mais perseguido. Infelizmente os profetas são perseguidos justamente pela Igreja que Deus o mandou ajudar a se levantar. Se compreendessem que é necessário o profeta em Igrejas que pararam de andar. Estava evangelizando, ganhando almas e simplesmente pararam de andar. Isso me lembra as duas tribos que preferiram escolher as terras do lado de fora da Terra Prometida, ao invés e seguirem adiante. Tem gente que está se contentando com pouco, sendo que Deus tem mais.

Amém

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 18/09/2019
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