DEPENDE? - (2ª Coríntios 6.1fine)

Alguém perguntou ao teólogo Leandro, da ASD, no canal da NOVO TEMPO, se o crente pode perder a salvação.

Sua palavra inicial foi: “Depende”.

Então passou a considerar o texto de 2ª Coríntios 6.1, mais especificamente a sua parte final, que diz: ... “também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus”.

Estranhei a visão dele sobre este texto, dando foco no receber a graça de Deus em vão. Como se quem recebe a graça de Deus em vão é porque perde! Mais estranhesa causou-me ainda ao comparar com certo artigo de revista da ASD, que alguém (não me recordo se pastor ou teólogo) deu a entender que é calvinista (que advoga da segurança do crente na salvação) neste assunto e não arminiano (que defende a perda).

Ora, vejo aí exatamente o contrário: quem a recebe em vão não perde, porque nunca teve-a em seu coração. Receber em vão, é uma das possibilidades do fingimento. É fingir que recebeu! (Lembrando que este fingimento só serve para as demais pessoas, não para Deus!)

Verifico diversas situações em que o ser humano finge as coisas.

O primeiro caso é o já citado, com base no texto epigrafado: é possível fingir receber a graça de Deus, mas não a receber de verdade. Quem finge que recebeu, engana-se a si mesmo – não a Deus!

E se finge, nunca a teve, verdadeiramente. Portanto, jamais perderá o que nunca teve! (É claro que Deus sabe e a pessoa fingida também! Nós é que não sabemos! A menos que o fingido declare. Ou então, mais cedo ou mais tarde poder-se-à descobrir, tal como se descobre o fruto da árvore depois que esta cresce, se este será doce ou azedo!)

É possível fingir ter fé (1ª Coríntios 15.2, 14). Assim alertou o apóstolo dos gentios ao jovem pastor de Éfeso, Timóteo!

É possível fingir que ama (Romanos 12.9a; 2ª Coríntios 6.6).

É possível (verazmente, aqui não se finge) ter um coração perverso e endurecido pela incredulidade e nunca ter sido salvo (Hb 3.12, 13 e 19).

É possível (deveras) operar ou administrar “milagres”, mas nunca ter comunhão com Cristo (Mateus 7.21-23).

É possível infiltrar-se no seio da Igreja e não ser salvo, tal como o “vulgo” ou “populacho” no meio de Israel, quando este saiu do Egito (Êxodo 12.38). (É o categórico “não salvo” dentro da Igreja).

É possível usar de estratagema, como fizeram os Gibeonitas, para ganharem lugar no meio dos acampamentos de Israel e para não serem mortos! (Josué 9.3-21).

E, finalmente, é possível “recuar” tal como nos alerta a Epístola aos Hebreus (Hb 10.39), a partir de várias possibilidades, a saber: antes do fim, antes do meio, antes do início (para quem entrou). MAS, TAMBÉM, é possível recuar antes de dar o primeiro passo! ANTES DE TOMAR QUALQUER CAMINHO! ANTES DE ENTRAR!

Antes de alguém pular para dentro de um rio, pode voltar, ficar à margem e recuar, sem molhar nem as pontas dos artelhos! Se recua antes, NÃO PERDE NADA, apenas deixa de se envolver ou mergulhar, no caso do rio!

Repetindo: recua-se antes de começar quaisquer intentos! É o caso de quem finge! Quem finge nunca tomou o rumo de nada! Nunca possuiu. Se não possuiu, nunca perderá! A graça de Deus não se perde. Ou se a possui ou não! Não há meio termo com Deus!

Rive (ES), 12 de setembro de 2019

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