SÉRIE: TEOLOGIA SISTEMATICA “A IGREJA”

Mais uma vez seguimos o livro do pastor Myer Perlman: Conhecendo as Doutrinas Bíblicas, que não deixa de ser uma Teologia Sistemática, mesmo que leve outro nome. Aqui vamos ver os seguinte tópicos:

I. A natureza da Igreja

II. A Fundação da Igreja

III. Os membros da Igreja

IV. A obra da Igreja

V. As ordenanças da Igreja

VI. A Adoração da Igreja

VII. A Organização da Igreja

Jesus projetou, claramente, a existência duma sociedade de seus seguidores que daria aos homens seu Evangelho e ministraria à humanidade no seu Espírito, e que trabalharia pelo aumento do reino de Deus como ele o fez. Ele não modelou nenhuma organização e nenhum plano de governo para essa sociedade... Ele fez algo mais grandioso que lhe dar organização — ele lhe concedeu vida. Jesus formou essa sociedade de seus seguidores chamando-os a unirem-se a ele, comunicando-lhes, durante o tempo em que esteve no mundo, tanto quanto fosse possível, de sua própria vida, de seu Espírito e de seu propósito. Ele prometeu continuar até ao fim do mundo concedendo sua vida à sua sociedade, à sua igreja. Podemos dizer que seu dom à igreja foi ele mesmo. — Robert Hastings Nichols.

I – A NATUREZA DA IGREJA

Que é a igreja? A questão pode ser solucionada considerando: 1) As palavras que descrevem essa instituição; 2) As palavras que descrevem os cristãos; 3) As ilustrações que descrevem a igreja.

1. Palavras que descrevem a igreja. A palavra grega no Novo Testamento para igreja é "ekklesia", que significa "uma assembléia de chamados para fora". Aplica-se a:

1) Todo o corpo de cristãos em uma cidade (Atos 11:22; 13:1.)

2) Uma congregação, (1Cor. 14:19,35; Rom. 16:5.)

3) Todo o corpo de crentes na terra. (Efés. 5:32.)

2. Palavras que descrevem os cristãos: irmãos, crentes, santos, os eleitos, díscipulos, cristãos, os do caminho.

3. Ilustrações da igreja.

a) O corpo de Cristo.

b) Templo de Deus.

c) A noiva de Cristo.

II. A FUNDAÇÃO DA IGREJA

1. Considerada profeticamente.

Israel é descrito como uma igreja no sentido de ser uma nação chamada dentre as outras nações a ser um povo de servos de Deus. (Atos 7:38.) Quando o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, a palavra "congregação" (de Israel) foi traduzida "ekklesia" ou "igreja". Israel, pois, era a congregação ou a igreja de Jeová. Depois de a igreja judaica o ter rejeitado, Cristo predisse a fundação duma nova congregação ou igreja, uma instituição divina que continuaria sua obra no terra (Mat. 16:18). Essa é a igreja de Cristo, que veio a ter existência no dia de Pentecoste.

2. Considerada Historicamente.

A igreja de Cristo veio a existir, como igreja, no dia de Pentecoste, quando foi iniciada pela unção do Espírito.

III. OS MEMBROS DA IGREJA.

O Novo Testamento estabelece as seguintes condições para os membros da igreja:

a) - fé implícita no Evangelho e confiança sincera e de coração em Cristo como o único e divino Salvador (Atos 16:31);

b) - submeter-se ao batismo nas águas como testemunho simbólico da fé em Cristo; e

c) - confessar verbalmente essa fé. (Rom.10:9,10.)

Poderíamos imaginar que esses requisitos para ser Igreja eram da época da Igreja Primtiva. Hoje sabemos por experiência discernir um convertido de alguém que não o é. Igreja é uma congregaçãode gente convertida, transformada pelo Espírito Santo. O grande requisito para ser Igreja não é professar a fé, mas ter o testemunho do Espírito. A cada dia estamos ficando mais aptos a discernir os convertidos dos que não o são.

IV. A OBRA DA IGREJA.

1. Pregar a salvação.

2. Prover meios de adoração.

3. Prover comunhão religiosa.

V. AS ORDENANÇAS DA IGREJA

O Cristianismo no Novo Testamento não é uma religião ritualista; a essência do Cristianismo é o contato direto do homem com Deus por meio do Espírito. Portanto, não há uma ordem de adoração dogmática e inflexível, antes permitindo à igreja, em todos os tempos e países, a liberdade de adotar o método que lhe seja mais adequado, para a expressão de sua vida. Não obstante, há duas cerimônias que são essenciais, por serem divinamente ordenadas, a saber, o batismo nas águas e a Ceia do Senhor.

1. O batismo.

a) O modo. A palavra "batizar", usada na fórmula de Mateus 28:19.20. significa literalmente mergulhar ou imergir.

b) A fórmula. "Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19).

d) O recipiente. Todos os que sinceramente se arrependem de seu pecado, professam a fé no Senhor Jesus, podem ser batizados.

e) A eficácia. O batismo nas águas, em si não tem poder para salvar; as pessoas são batizadas, não para serem salvas, mas porque já são salvas. O batismo nas águas aponta para o mundo a morte do cristão para o mundo.

f) O significado. O batismo sugere as seguintes idéias:

1) Salvação.

2) Experiência.

3) Regeneração.

4) Testemunho.

2. A ceia de Senhor.

Pontos principais. Define-se a Ceia do Senhor ou Comunhão como o rito distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória. Consiste na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a ele. Os seguintes são os pontos-chave dessa ordenança:

a) Comemoração. "Fazei isto em memória de mim."

b) Instrução. A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho:

1) A encarnação. Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nos"

2) A expiação. Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo.

3) Inspiração. Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é, ter "comunhão com ele".

4) Segurança. Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue"! (1 Cor. 11:25).

5) Responsabilidade. Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do Senhor? Paulo trata da questão dos que são dignos do sacramento em 1Cor. 11:20-34. "Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor." Quer isso dizer que somente aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos nós estamos excluídos! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima das misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está falando acerca da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações.

VI. A ADORAÇÃO DA IGREJA.

Das epístolas de Paulo inferimos que havia duas classes de reuniões para adoração: uma consistia em oração, louvor, e pregação; a outra era um culto de adoração, conhecido como a "Festa de Amor" ("ágape", em língua grega). O primeiro era culto público; o segundo era um culto particular ao qual eram admitidos somente os cristãos.

1. O culto público. O culto público, segundo o historiador Robert Hastings Nichols, era "realizado pelo povo conforme o Espírito movesse as pessoas".

2. O culto particular. Lemos que os primeiros cristãos perseveraram no "partir do pão" (Atos 2:42). Descrevem essas palavras uma refeição comum ou a celebração da Ceia do Senhor? Talvez ambas.

VIII. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

1 - O Governo da Igreja.

É evidente que o propósito do Senhor era que houvesse uma sociedade de seus seguidores que comunicasse seu Evangelho aos homens e o representasse no mundo. Mas ele não moldou nenhuma organização ou plano de governo; não estabeleceu nenhuma regra detalhada de fé e prática. Entretanto, ele ordenou os dois singelos ritos de batismo e comunhão. Ao mesmo tempo, ele não desprezou a organização, pois sua promessa concernente ao Consolador vindouro deu a entender que os apóstolos seriam guiados em toda a verdade concernente a esses assuntos. O que ele fez para a igreja foi algo mais elevado do que organização: ele lhe concedeu sua própria vida, tornando-a em organismo vivo. Assim como o corpo vivo se adapta ao meio ambiente, semelhantemente, ao corpo vivo de Cristo foi dada liberdade para selecionar suas próprias formas de organização, segundo suas necessidades e circunstâncias. Naturalmente, a igreja não era livre para seguir nenhuma manifestação contrária aos ensinos de Cristo ou à doutrina apostólica. Qualquer manifestação contrária aos princípios das Escrituras é corrupção. Durante os dias que se seguiram ao Pentecoste, os crentes praticamente não tinham nenhuma organização, e por algum tempo faziam os cultos em suas casas e observavam as horas de oração no templo. (Atos 2:46.) Isso foi completado pelo ensino e comunhão apostólicos. Ao crescer numericamente a igreja, a organização originou-se das seguintes causas: primeira, oficiais da igreja foram escolhidos para resolver as emergências que surgiam, como, por exemplo, em Atos 6:1-5; segunda, a possessão de dons espirituais separava certos indivíduos para a obra do ministério. As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo, circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos, e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja. (Atos 6:3-6; 15:22; 1Cor. 16:3; 2Cor. 8:19; Fil. 2:25.) Pelo que se lê em Atos 14:23 e Tito 1:5, poderá entender-se que Paulo e Barnabé nomearam anciãos sem consultar a igreja; mas historiadores eclesiásticos de responsabilidade afirmam que eles os "nomearam" da maneira usual, pelo voto dos membros da igreja. Vemos claramente que no Novo Testamento não há apoio para uma fusão das igrejas em uma "máquina eclesiástica" governada por uma hierarquia. Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. Naturalmente os "Doze Apóstolos" eram muito respeitados por causa de suas relações com Cristo, e exerciam certa autoridade. (Vide Atos 15.) Paulo exercia certa supervisão sobre as igrejas gentílicas; entretanto, essa autoridade era puramente espiritual, e não uma autoridade oficial tal como se outorga numa organização. Embora que cada igreja fosse independente da outra, quanto à jurisdição, as igrejas do Novo Testamento mantinham relações cooperativas umas com as outras. (Rom. 15:26, 27; 2Cor. 8:19; Gál. 2:10; Rom. 15:1; 3João 8.) Nos séculos primitivos as igrejas locais, embora nunca lhes faltasse o sentimento de pertencerem a um só corpo, eram comunidades independentes e com governo próprio, que mantinham relações umas com as outras, não por uma organização política que as reunisse todas elas, mas por uma comunhão fraternal mediante visitas de delegados, intercâmbio de cartas, e alguma assistência recíproca indefinida na escolha e consagração de pastores.

Apesar das Igrejas serem de certa forma independentes, ainda assim a Igreja não eram muitas, mas uma só Igreja de Cristo.

3. O ministério da igreja.

No Novo Testamento são reconhecidas duas classes de ministério:

1) O ministério geral e profético geral, porque era exercido com relação às igrejas de modo geral mais do que em relação a uma igreja particular, e profético, por ser criado pela possessão de dons espirituais.

2) O ministério local e prático local porque era limitado a uma igreja, e prático, porque tratava da administração da igreja.

a) O ministério geral e profético.

1) Apóstolos. Eram homens que receberam sua comissão do próprio Cristo em pessoa (Mat. 10:5; Gál. 1:1), que haviam visto a Cristo depois de sua ressurreição (Atos 1:22; 1Cor. 9:1); haviam gozado duma inspiração especial (Gál. 1:11,12; 1Tess. 2:13); exerciam um poder administrativo sobre as igrejas (1Cor. 5:3-6; 2Cor. 10:8; João 20:22, 23); levavam credenciais sobrenaturais (2Cor. 12:12), e cujo trabalho principal era estabelecer igrejas em campos novos. (2Cor. 10:16.) Eram administradores da igreja e organizadores missionários, chamados por Cristo e cheios do Espírito. Os "doze" apóstolos de Jesus, e Paulo (que por sua chamada especial constituía uma classificação à parte), eram apóstolos por preeminência; entretanto, o título de apóstolo também foi outorgado a outros que se ocupavam na obra missionária. A palavra "apóstolo" significa simplesmente "missionário". (Atos 14:14; Rom. 16:7.) Tem havido apóstolos desde então? A relação dos doze para com Cristo foi uma relação única que ninguém desde então pôde ocupar. Sem dúvida, a obra de homens tais como João Wesley, com toda razão, pode ser considerada como apostólica.

2. Profetas. Eram os dotados do dom de expressão inspirada. Desde os primeiros dias até ao fim do século constantemente apareceram, nas igrejas cristãs profetas e profetisas. Enquanto o apóstolo e o evangelista levavam sua mensagem aos incrédulos (? 2:7,8), o ministério do profeta, era particularmente entre os cristãos. Os profetas viajavam de igreja em igreja, tanto como os evangelistas o fazem na atualidade; não obstante, cada igreja tinha profetas que eram membros ativos dela.

3. Mestres. Eram os dotados de dons para a exposição da Palavra. Tal qual os profetas, muitos deles viajavam de igreja em igreja.

b) O ministério local e prático.

O ministério local, que era nomeado pela igreja, com base de certas qualidades (1Tim. cap. 3), incluía os seguintes:

1. Presbíteros, ou anciãos, aos quais foi dado o título de "bispo", que significa supervisor, ou que serve de superintendente. Exerciam a superintendência geral sobre a igreja local, especialmente em relação ao cuidado pastoral e à disciplina. Seus deveres eram, geralmente de natureza espiritual. Às vezes se chamam "pastores". (Efés. 4:11, Vide Atos 20:28.) Durante o primeiro século cada comunidade cristã era governada por um grupo de anciãos ou bispos, de modo que não havia um obreiro só fazendo para a igreja o que um pastor faz no dia de hoje. No princípio do terceiro século colocava-se um homem à frente de cada comunidade com o título de pastor ou bispo.

3. Associados com os presbíteros havia um número de obreiros ajudantes chamados diáconos (Atos 6:1-4; 1Tim. 3:8-13; Fil. 1:1) e diaconisas (Rom. 16:1; Fil. 4:3), cujo trabalho parece, geralmente, ter sido o de visitar de casa em casa e exercer um ministério prático entre os pobres e necessitados (1Tim. 5:8- 11). Os diáconos também ajudavam os anciãos na celebração da Ceia do Senhor.

Amém.

Fique na paz.

Bibliografia: Conhecendo as Doutrinas Bíblicas – Myer Perlman

pslarios
Enviado por pslarios em 04/10/2019
Reeditado em 04/10/2019
Código do texto: T6761353
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