A QUEM SERVIMOS? O PAPEL DO PROFETA NUM GOVERNO RUIM

“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais.” Romanos 13:1

Recentemente ouvimos uma pregação onde foi tocado esse assunto: Obedecer as autoridades. Uma leitura desmembrada do restante da Bíblia pode nos dar uma impressão errada do que a Bíblia quer realmente dizer.

Para não ser injusto com ninguém tenho orado e pedido a Deus uma iluminação mais correta sobre o assunto. Na verdade meu posicionamento não mudou desde antes da pregação, pois já conhecia o assunto de há muitos anos. Li alguma coisa, ouvi alguma coisa e pensei alguma coisa e é isso que vamos pensar aqui.

Mas precisamos ler todos os versículos para compreendermos corretamente o assunto, porém, vai ai um aviso, não devemos ler esses versículos e excluir do assunto tudo o mais que a Bíblia fala a respeito:

Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.

Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.

Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá.

Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.

Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.

É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho.

Dêem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra.

Romanos 13:1-7

O resumo disso é que devemos nos sujeitar às autoridades, pois as autoridades foram instituídas por Deus, ou por permissão de Deus. Permissão não quer dizer a vontade de Deus, mas Ele permitiu. Paulo fala que os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Aqui estamos na Carta aos Romanos e Paulo estava em Roma, o grande dominador daquela época. Se rebelar contra Roma era a morte. Se você não fizer o mal, a autoridade é serva de Deus para o seu bem. Mas se praticar o mal, ela é a espada.

Acredito que a chave desse assunto, obedecendo apenas esses versículos, por enquanto, é o versículo 6: “É também por essa razão que pagais os impostos, pois os magistrados são ministros de Deus, quando exercem pontualmente esse ofício.” Romanos 13:6. “Os

magistrados são ministros de Deus quando exercem esse ofício.”

E por fim ele fala que devemos pagar o devido. Aqui temos uma progressão, que parte do financeiro, externo, para o espiritual, interno: Imposto, tributo, temor, honra.

Precisamos pensar algumas coisas aqui antes de prosseguir. Primeiro que esses versículos foram uma orientação de Paulo e não um mandado de Deus, é o que nos parece. Porém estão na Bíblia e tudo o que está na Bíblia é entendido como sendo Deus falando conosco. Segundo, em que condições Paulo falou que deveríamos obedecer o Romano, pois é claro que ele estava visando o Império Romano, que era o dominante na época. A impressão que tenho é que Paulo realmente acreditava que seria proveitoso obedecer a Lei Romana. De alguma maneira havia no coração de Paulo uma propensão à obediência romana.

Mas por que Paulo mandou obedecer as leis humanas? Nossa obediência é completa ou relativa? A questão gera muitas dúvidas.

Romanos 13 nos dá dois motivos para obedecermos as autoridades: o primeiro é que a autoridade tem a espada e o segundo, é que Paulo apela para nossa consciência. Mas por que tantos cristãos passaram por sérias provações com as autoridades, que desejam obedecer, ou por causa da espada, ou opor causa da consciência, como o Nazismo, que perseguia claramente a destruição da raça israelita? Porque a nossa sujeição é relativa, e as autoridades nem sempre reconhecem que há limites biblicamente estabelecidos quanto ao que podem exigir. Se a autoridade fira uma treinada consciência cristã, estará indo além do limite fixado por Deus. Jesus indicou isso quando disse: “Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” (Mateus 22:21) Quando César quer o que pertence a Deus, temos de reconhecer que Deus vem primeiro. O limite da autoridade termina onde começa o limite de Deus. A autoridade humana, tem limites.

Podemos ler o versículo 6 da seguinte maneira: As autoridades estão a serviço de Deus, quando estão dedicadas a esse trabalho. Precisamos tomar muito cuidado com pregações afoitas, principalmente num tempo onde o país está dividido em relação aos seus governantes.

Mas que princípio, demonstra que há limites no que as autoridades humanas podem exigir, e é amplamente aceito?

Esta posição, de impor limites aos governantes, é subversiva ou traiçoeira? De modo algum. É, na verdade, uma extensão de um princípio reconhecido pela maioria das nações civilizadas. A história conta que no século 15, um certo Peter von Hagenbach foi levado a julgamento por ter iniciado um reinado de terror na região da Europa sobre a qual exercia autoridade. A sua defesa, de que simplesmente cumpria as ordens de seu senhor, o Duque de Burgúndia, foi rejeitada.

Tal afirmação, de que a pessoa que comete atrocidades não é responsável por seus atos caso esteja cumprindo as ordens de uma autoridade superior, tem sido repetida muitas vezes desde então — lembre dos criminosos de guerra nazistas perante o Tribunal Internacional de Nurembergue. Essa afirmação em geral tem sido rejeitada. O Tribunal Internacional disse em seu julgamento: “Os indivíduos têm deveres internacionais que transcendem as obrigações nacionais de obediência impostas por um determinado Estado.”

DE novo: O julgamento nazista de Nuremberg afirmou que as pessoas têm deveres internacionais que transcendem as obrigações nacionais de obediência cega impostas por determinados Estados. No nosso caso, nós cristãos, temos deveres morais e bíblicos, para com a sociedade e Deus, que ultrapassam, em muito, qualquer governo terreno.

O crente tem dois limites com a autoridade: a espada da autoridade e a sua consciência, onde tudo o que fazemos dever como a Deus. Fazendo assim, vivendo uma vida quieta, estaremos cumprindo a Lei de Deus. Isso pressupõe bons governantes.

Mas vamos retornar a Isaías 3.4: “E dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles.” Meninos por príncipes e crianças governando quer dizer gente não madura, governos não maduros. E governos não maduros não pme parece coisa boa. E nesse caso específico Deus está diretamente envolvido no assunto, pois Ele diz que foi Ele, Deus, quem deu esses meninos e essas crianças para governar o povo. Foi Deus quem deu gente sem maturidade para governar, mas por qual motivo?

Em Isaías 2.5 há um chamado: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.” Daí em diante, do versículo 6 até o final do cap. 4, ou seja, nos capítulos 2, 3 e 4, Deus julga o pecado de várias maneiras. Entre outras penalidades como paga do pecado, meninos e crianças iriam governar Israel.

O Brasil tem tido um governo ruim atrás do outro e o motivo bíblico é o pecado. Porém mesmo esses governos ruins, têm limites.

Qual é a função do profeta no reinado?

Recordamos que a função de Deus é a destruição de todo mal na criação, e se ao invés de nos opormos à destruição, estamos nos aliando a ela, alguma coisa está errada. Estamos nos aliando a quem? Essa polarização, esse apoio acrítico a uma autoridade, mesmo que essa autoridade esteja se opondo a tudo aquilo que o Evangelho está dizendo, de que maneira nós vamos responder a isso? Nós vamos continuar simplesmente apoiando, mesmo sendo a destruição da nossa casa, ou nós vamos nos posicionar como profetas, a qual fomos chamados e sinalizar à autoridade que ela está no erro, que ela está em pecado, e aquilo que ela está fazendo não tem nada a ver com aquilo que a Trindade deseja?

“Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.”

Se Israel tivesse obedecido primariamente o chamado de Deus no capítulo 2, de Isaías, não precisaria passar por julgamentos enormes que duraram, só a sua descrição, até o final do cap. 4, pois alguns julgamentos duraram anos.

E um dos julgamentos de um povo rebelde é que meninos e crianças, gente imatura, estará governando, por causa do seu pecado Israel.

Ainda tem chão até chegarmos a Jeremias 3.15.

Vá e proclame esta mensagem para os lados do norte: " ‘Volte, ó infiel Israel’, declara o Senhor, ‘Não mais franzirei a testa cheio de ira contra vocês, pois eu sou fiel’, declara o Senhor, ‘Não ficarei irado para sempre.

Mas reconheça o seu pecado: você se rebelou contra o Senhor, o seu Deus, e ofereceu os seus favores a deuses estranhos, debaixo de toda árvore verdejante, e não me obedeceu’ ", declara o Senhor.

"Voltem, filhos rebeldes! Pois eu sou o senhor de vocês", declara o Senhor. "Tomarei vocês, um de cada cidade e dois de cada clã, e os trarei de volta a Sião.

Então eu lhes darei governantes conforme a minha vontade, que os dirigirão com sabedoria e com entendimento.

Jeremias 3:12-15

Se houver arrependimento e reconhecimento que pecamos contra Deus, então ele nos dará governantes sábios e entendidos.

São muitos os exemplos que Deus mandou o profeta repreender o rei, que era o governo. Samuel repreende Saul. Natã repreende Davi. O sogro de Moisés repreende Moisés. Um animal repreende um profeta. Todos os profetas grandes ou pequenos do Antigo Testamento, repreendem tanto os seus governos, outros países, quanto o povo em pecado, exigindo uma volta à santidade.

Devemos tomar muito cuidado em estar pregando alguma coisa afoitamente, sem pensar corretamente em todas as situações envolvidas. O governante, qualquer um, tem limites estabelecidos por Deus. Existe o governante que é permissão de Deus, como Saul, que foi escolha do povo, não de Deus, Deus não tinha nada a ver com Saul, e o governante Davi, que Deus mandou Samuel ungir e ainda o chamou de um homem segundo o coração de Deus.

Dizer que todo governante é da vontade de Deus é esquecer de Saul, que era governante como que por uma rebelião, pois eles não queriam Deus, mas eles queriam um rei terreno. Dizer que todo governo é da vontade de Deus é ferir diretamente os livros proféticos que dão mostras enormes que Deus interfere nas escolhas humanas e nos países com seus governos.

Devemos viver quietos e cuidar de nossas coisas. Devemos pagar os impostos devidos e trabalhar como para Deus, mas todo governo tem limites, A César o que é de César, a Deus o que é de Deus.

Amém.

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 12/10/2019
Reeditado em 12/10/2019
Código do texto: T6767628
Classificação de conteúdo: seguro