ANJOS E DEMÔNIOS NA ALQUIMIA (Parte 1)

Anjos e Demônios são criaturas divinas poderosíssimas, com sabedoria e dons que nenhum homem tem. A queda dos demônios não os tornou criaturas cegas ou débeis. Os anjos e os demônios são de uma mesma natureza, não do mesmo modo, mas de uma mesma origem, e ambos foram criados juntos no primeiro instante da criação. O que muda entre um e outro é a inclinação; enquanto os anjos se inclinam para Deus, demônios se inclinam para Satanás. O domínio das trevas não é bagunçado, há uma ordem de princípios a serem obedecidas. Isso é assim porque Deus colocou a Lua no domínio das trevas, para a governar.

E a intenção desse texto será mostrar alguns poderes que anjos e demônios possuem. Quando esse é o assunto, infelizmente muita gente já lê viciada por conceitos falsos sobre esses espíritos, alguns chegam a acreditar em sofismas do tipo que reduzem essas criaturas à meras ações humanas, como se a mera semelhança de uma ação fosse em si a mesma coisa que o objeto da ação. Por ex., há muita gente que atribuí aos seres humanos os atributos de Querubim, de Lúcifer, de Satanás, etc., sem fazerem nem mesmo uma pergunta básica: Tais termos usados como predicados cabem ao homem, cabem além da analogia com algumas de suas ações? Sempre que na bíblia usam termos extrahumano para lidar com coisas humanas, isto só cabe como símbolo, metonímia, ou mera analogia. Isso é a coisa mais fácil de entender.

Vamos ao que interessa: Toda criatura é dotada de dons inatos, naturais, infuso desde o nascimento desse ser, e com os anjos e os demônios não é diferente. Os anjos são dotados de uma potência de operações que só está abaixo do poder de Deus. De todas as criaturas que Deus fez, os anjos são as mais poderosas, nada se compara ao poder de um anjo. Para vocês terem uma idéia desse poder, um único anjo conhece todas coisas que Deus fez, o princípio delas e, portanto, a finalidade delas. Por isso se diz que coube aos anjos entregar a lei de Deus aos homens, pois essa lei foi toda fundada na conduta dos anjos que perseveraram antes e depois da queda.

Quando se diz que a Lei veio através de anjos, esse 'através' não significa uma atitude superficial, não é como a ação de um carteiro que entrega a carta e em seguida desaparece. Esta Lei é a mais concreta iluminação dos anjos, óbvio que, não do mesmo modelo externo da razão humana, mas do mesmo espírito. No homem todo o seu discernimento é adquirido, nos anjos todo discernimento é iluminação, instantânea, é já neles, e é sempre por infusão, nunca e jamais por apreensão. Então a Lei ao modo de cada residência dos anjos, foram dadas no precípuo instante em que foram criados, no momento exato em que disseram: Eu. Só nisto você pode ver como os anjos são poderosíssimos. Mesmo assim um não ousa ser Senhor dos outros, pois no Reino de Deus só Deus é o Senhor: "Só à Deus servirás", lembrou Jesus à um anjo caído, quando este quis usar a lei em vão. Usar a lei em vão, significa usar o nome de Deus em vão.

A unidade da Lei é a unidade da criação, este é o nome de Deus, O TETRAGRAMA. Daí amaldiçoar a natureza é amaldiçoar Deus, pois o conceito de criação trás em si, consigo, o conceito de Criador; assim como no conceito de Filho subentende-se o de Pai. Deus se torna amaldiçoado imediatamente na sua Criação, pois segundo a genealogia, Adão é Filho de Deus. Isso também é o que se diz em metafísica, ao estabelecer que não há rupturas entre Ser e Ser, a não ser tipo formalmente, nocionalmente. Desse modo você entende a analogia da queda dos homens com a dos anjos. Os anjos caídos precedem Adão no pecado, e da mesma forma que os anjos que não cairam não foram afetados pela queda dos demônios, também não o foram pela queda dos homens, exceto de um modo indireto. Acidentalmente tudo o que existe é amaldiçoado pelo pecado. (...) O TETRAGRAMA FOI AMALDIÇOADO. Todavia, voltemos ao assunto central, que é o poder de anjos e demônios.

Anjo não pode criar mas pode mecher nas leis da criação, podem possuir a figura de qualquer coisa, podem imitar a natureza de qualquer elemento, pode representar o papel de qualquer força da natureza. Anjos são seres alquímicos. É óbvio que os anjos não saem por aí fazendo experimentos, pois eles já tem a luz sobre a causa e efeito de tudo. Ora, experimentar é coisa para quem ainda não conhece as causas e os efeitos. Eu estou apenas dizendo o que eles podem fazer, e não o que eles vivem fazendo. Da mesma forma os demônios; demônios não são seres que vivem de fazer algum experimento, pois causa e efeito para eles é besteira, é detalhe pífio. O que eles fazem realmente é perverter tudo, eles falsificam as leis, as mesmas leis da unidade do Ser, que eles quebraram quando eram anjos de luz. E só pode falsificar a verdade quem conhece a verdade. As leis que para os anjos é luz, para os anjos-demônios é trevas. Ainda assim são iluminados por uma meia-luz, do contrário, oş seres das trevas não seguiriam ordem nenhuma.

Um alquimista trabalha da seguinte maneira, transmutam vários elementos para alcançar a imitação de um outro. O ouro é o que mais buscam fazer, mas não existe a imitação exata de nenhum elemento, a imitação é sempre distante. O ouro como a natureza faz só pode ser feito por Deus. O ouro não é valioso pelo uso que tem, mas pela substância que tem. Um alquimista não pode imitar a essência de uma substância criada, a substância criada por alquimistas é sempre imperfeita, não realiza o que a substância natural realiza. O ouro criado por Deus possui potências que nenhum ouro alquímico possui. Jesus não fazia as coisas pelo poder alquímico, mas sim pelo poder do Pai, isto é, o mesmo poder que Ele usou para criar cada detalhe no universo. Os anjos e os demônios, por não serem todopoderosos, só podem atuar sobre o que já existe, através da magia alquímica. O ouro natural tem o poder de curar, já um ouro alquímico não possui esse poder. Alquimia se faz sobre a matéria, não sobre a alma. Na alma se faz apenas uma alquimia simbólica, não material. E não se deve confundir magia-alquímica com outros tipos de magia.

Continua....