A mutilação que nos leva à vida

A mutilação que nos leva à vida

por E. Alyson Ribeiro

O batismo é um ato de fé em Cristo Jesus pelo qual nos unimos a Ele e, consequente, revestimos-nos com as qualidades do próprio Cristo (Gálatas 3:26-27).

Jesus é filho de Deus (João 3:16) e todos aqueles que O recebem, também ganham o poder serem feitos filhos de Deus (João 1:12). Apesar disso, se somos filhos de Deus, é necessário que morramos para o pecado, pois o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23). Cristo tomou sobre Si as nossas enfermidade e as nossas dores levou sobre Si, Jesus foi transpassado por nossas transgressões e esmagado por causas das nossas iniquidades, o castigo que deveríamos receber por pecarmos foi aplicado a Cristo e, por isso, fomos sarados da vida pecaminosa que vivíamos (Isaías 53: 4-8). Então, Jesus morreu porque nós pecamos, contudo, Cristo ressuscitou (João 2:22). Resumindo, se nós cremos em Jesus Cristo, devemos nos unir a Ele e nos revestir com as qualidades do próprio Cristo. Quais são essas qualidades? Resposta, morrer para o mundo e viver para Deus. Como fazer isso? Por meio do batismo, o qual nos une a Jesus, pois o batismo nos possibilita ser sepultados com Jesus Cristo e ressuscitados com Ele pela fé no poder de Deus (Colossenses 2:12).

O batismo nas águas é a forma de você demonstrar a sua fé em Deus.

Mas de onde surgiu o batismo?

A palavra Batismo, segundo o dicionário bíblico Strong publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil, origina-se da palavra hebraico “Baptizo” cujo significado é “mergulhar repentinamente, imergir (afundar-se), submergir (embarcações afundadas); limpar mergulhando ou submergindo, lavar, tornar limpo com água, tomar banho”.

Apesar disso, não é possível explicarmos o batismo sem antes apresentarmos o contexto da circuncisão. Oi? Circuncisão?! O que é isso? Qual é a relação disso com o batismo?

Pois bem, circuncisão é um processo cirúrgico de remoção do prepúcio (dobra da pele do pênis que recobre a glande), podemos concluir que a circuncisão é uma mutilação (corte ou amputação de alguma parte do corpo). Nossa! Mas o que isso tem a ver com batismo? Respondo, calma.

Certa vez, nos primórdios da história bíblica, Deus se revelou a Abraão e o escolheu para formar uma grande nação e, desse modo, abençoar todos os povos do mundo (Gêneses 12:3). Abraão, que até então nunca tivera contato com o Pai Celestial, creu em Deus e isso o justificou (Romanos 4: 2-3). Desse modo, para formalizar a aliança, Deus ordenou que todos os homens e, posteriormente, todos os meninos com oito dias de vida pertencentes a descendência de Abraão fossem circuncidados. O Todo-poderoso justificou que a circuncisão seria o sinal dessa aliança. Além disso, o Criador também afirmou que quem não fosse circuncidado não poderia viver no meio do povo de Deus (Gêneses 17:10-14). Então, primeiro Deus apareceu a Abraão, prometeu que esse homem seria pai de multidões, fez uma aliança com ele, a qual consistia na circuncisão dos seus descendentes. E qual o significado dessa aliança? Servir como prova desse acordo e ser a identidade do Povo de Deus. Assim, após os descendentes de Abraão se tornarem muitos, seria fácil identificá-los. Como? Aquela família em que tataravô, depois o bisavô, em seguida o avô, o pai e o menino fossem circuncidados, certamente, pertenciam à descendência de Abraão.

Pois bem, com passar dos tempos, os descentes de Abraão acabaram se tornando escravos no Egito. Deus, então, usou Moisés para libertar esse povo e, após isso, deu-lhes uma Lei. Isto é, um conjunto regras que normatizavam uma vida segundo a vontade do Pai Celestial. Dentro desse conjunto de normas, apresentava-se a circuncisão (Levíticos 12: 2-3). Portanto, os descendentes de Abraão, agora tinham uma Lei que definia a conduta correta a ser seguida, a sentencia para quem desobedecesse e a forma de pagar a pena.

É interessante apresentar que se um indivíduo não pertencesse ao Povo de Israel, mas desejasse fazer parte desse Povo, ele deveria ser circuncidado (Gêneses 34:15; Êxodo 12: 4-8). Podemos, então, concluir que a circuncisão era uma forma de identificação do povo de Deus.

Além disso, dentro da Lei também havia a comemoração da Páscoa, que era uma forma do Povo de Israel se lembrar da primeira Páscoa. Como assim? Quando os descendentes de Abraão eram escravos no Egito, Moisés várias vezes foi falar com o Rei daquele lugar para libertar o povo, contudo, o faraó resistia. Como consequência disso, Deus castigava aquele povo egípcio. Essa série de castigos ficou conhecida como as “pragas do Egito”.

Pois bem, a primeira Páscoa ocorreu e uma dessas “pragas”. Deus pediu para que o Povo de Israel matasse um cordeirinho ou um cabrito e passasse o sangue do animal na porta de suas casas, assim quando o Anjo da Morte fosse castigar o povo egípcio, não entraria nos lares dos descendentes de Abraão, pois o anjo veria a marca do sangue do cordeiro na portas dessas casas (Êxodo 12). Aliado a isso, as posteriores comemorações da Páscoa foram tidas como Lei (Êxodo 12:43) e o seu significado era lembrar do que Deus fizera ao povo do Egito e a da misericórdia que tivera com o Povo de Israel (Êxodo 12:27).

Bom, relacionando esse fato com Jesus, a Bíblia nos diz que Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo (João 1:29), o Emanuel foi o Cordeiro pascal que foi sacrificado pela misericórdia de Deus (1 Coríntios 5:7). Concluímos com isso que Jesus estava simbolizado na Lei.

Além do mais, no antigo testamento, alguns profetas de Deus anunciavam obediência a Lei, outros falavam sobre a vinda de Cristo para a remissão dos pecados, isto é, diziam que viria alguém para ser sacrificado e, assim, livrar-nos do pecado. Em Isaías 53: 4-5 apresenta o sofrimento de Jesus na cruz e o significado disso em nossas vidas.

Mas o que isso tem a ver com o batismo?

A circuncisão estava na Lei, assim como a Páscoa. A vinda de Jesus havia sido anunciada para remissão dos nossos pecados. Cristo tornou-se maldito ao pegar para Ele os nossos pecados e, por causa disso, ser crucificado. Essa atitude foi necessária para que todos pudessem receber as bênçãos que Deus prometera a Abraão (Gálatas 3:13-14). Então, a Lei de Deus foi dada ao Povo de Israel para que fosse revelado tudo aquilo que desagrada a Deus (Gálatas 3:19) e, consequentemente, ao reconhecermos o erro é necessário a remissão do pecado, que antes era por sacrifício de animais, mas hoje é por meio da cruz de Cristo.

Jesus veio cumprir a Lei (Mateus 5:17), foi descende de Abraão, foi circuncidado e, como já vimos aqui, todos que foram circuncidados deveriam obedecer a Lei que Deus revelou a Moisés. Jesus cumpriu a Lei até mesmo quando foi crucificado, pois a Lei diz (isso está escrito em Deuteronômio 21:22-23) que todo aquele que fosse pendurado num madeiro deveria ter o corpo retirado dali até o pôr do sol, pois um corpo pendurado assim faz maldição de Deus cair sobre a terra. Isto é, pela Lei, Jesus se tornou maldito por ser crucificado num madeiro e, por isso, Cristo pôde tomar sobre si os nossos pecados. E como a consequência do pecado é morte (Romanos 6:23), Jesus morreu.

Então, por Jesus ter pagado o preço exigido pela Lei aos pecadores e, isso, retirar a condenação imposta por essa Lei, devemos crer em Cristo Jesus e nos batizar como prova da nossa fé em Deus. Assim, não seremos condenados, pois ao batizarmos afirmamos nossa Fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

O batismo substitui a circuncisão, pois ao nos unirmos a Cristo somos circuncidados (isto é, mutilado), não por aquela feita no corpo, mas por aquela circuncisão feita por Jesus, pela qual somos libertados do poder da natureza pecadora; pois ao sermos batizados somos sepultados com Cristo, mas também ressuscitado com Jesus pela fé no poder de Deus (Colossenses 2:11-12). Se não fosse isso, estaríamos sob a condenação da Lei e seríamos mortos devido aos nossos erros; mas por causa do sacrifício de Jesus, nossos pecados foram perdoados, anulando a dívida que o pecado nos colocou (Colossenses 2:13-14).

TODOS que tiverem fé em Jesus Cristo são filhos de Deus, porque foram batizados para ficar unidos com Cristo (Gálatas 3:26). O batismo nos faz ser filho de Deus, isto é, nos inclui como parte do corpo de Cristo. Assim como a circuncisão significava a identidade do Povo de Deus, o batismo é a identidade dos Filhos de Deus.

Para finalizar, a circuncisão é uma mutilação no prepúcio do pênis, isso foi estipulado por Deus aos descendentes de Abraão como um sinal da Aliança feita entre o Pai Celestial e Abraão. A circuncisão representava a identificação do Povo de Israel e, consequentemente, aqueles que receberiam as bênçãos do Grande Eu Sou. Esse ato foi registrado como Lei de Deus por Moisés. Nessa mesma Lei se apresentavam alguns atributos que apontavam para Cristo, como a Páscoa. Além disso, a Lei também afirmava a necessidade de sacrifício aos que pecavam. Os profetas anunciaram que viria alguém que seria sacrificado para retirar o pecado do mundo. Jesus, desde o seu nascimento, obedeceu a Lei que Deus deu a Moisés. E assim, Cristo cumpriu as Escrituras Sagradas ao ser morto na cruz. Desse modo, todo aquele que se unisse a Jesus estaria livre da condenação imposta pela Lei. Para isso, é necessário crer em Jesus Cristo e, como confirmação da fé, é necessário o batismo. Pois o batismo representa a nossa união com Jesus e o nosso sepultamento e ressurreição, isto é, a nossa mutilação (circuncisão) da vida pecadora para uma vida unida com Cristo.

Só mais uma coisa, "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" (Marcos 16:16). Quem crê em Jesus, certamente, batizará pois a consequência de crer é o batismo; mas quem não crê em Jesus, não será batizado pela falta de fé e, assim, o pecado produzirá a morte.

"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1 João 1: 5-10)

"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.

E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.

Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (1 João 2:1-6)

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