Misericórdia e Graça

Se fossemos cronometrar no tempo os instantes de Deus para conosco, deduziríamos que a cada pecado humano cometido entra em cena a misericórdia de Deus, como Pai. Uma espécie de previdência, ou socorro espiritual para um corpo prostrado na sarjeta do pecado.

Como Deus não comunga com o pecado e estando nós mortos em delitos, Ele faz uso de sua infinda misericórdia (Efésios 2:4,5). Que é a única causa de não sermos trucidados: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...” (Lamentações 3:22). Não sermos consumidos, mas, sim, conservados.

Dessa maneira a misericórdia é um espaço reservado dentro do amor de Deus, conhecido por retardamento de Sua ira. Lugar de compaixão divina para com todos os pecadores, para que cada possa chegar, um dia, à conversão pelo arrependimento: “... convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se” (Joel 2:13). Este espaço reservado a todos contém, retém, resguarda e, mais precisamente, adia o dia do julgamento do ser humano.

A segunda função da misericórdia de Deus busca dar tempo suficiente para que cada pessoa, dentro do espaço citado, possa se humilhar, se arrepender e um dia se converter.

Outra porção do seu infindo amor, vizinha à misericórdia, a conhecemos por graça. Na verdade, podemos dizer, a graça é “parede-meia” com a misericórdia. Unidas por uma porta conhecida por porta estreita (Mateus 7:14), a qual poderíamos chamá-la de “porta da humildade”, por ser a condição sem a qual não se poderá alcançar a graça - passar da misericórdia para a graça. Porta acessível a todos, mas que poucos passam. Não que seja estreita para passar, mas porque nem todos a encontram. Não encontram por a estreiteza de visão (falta de fé versus excesso de soberba) ser maior que a estreiteza da porta.

Em relação a Deus, a misericórdia é o lugar de sua suma paciência em manter os todos que carecem da Sua glória (Romanos 3:23). Em relação à nós a graça é um lugar reservado do amor de Deus para os muitos que aprenderam a ter essa paciência divina. Os justificados gratuitamente (Romanos 3:24) pela fé em Cristo Jesus (Romanos 11:6).

A Graça independe de feitos, méritos, realizações, obras ou outros nomes que se queira dar às ações humanas de agradecimentos. No caso a verdadeira ação de graça que uma pessoa possa dar a Deus é agradecer louvando. Somente. As demais “realizações” humanas são por estar na graça e não para estar na graça.

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 30/01/2020
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