A BÍBLIA E O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

“Porque, em parte conhecemos e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.”

(1 Coríntios 13: 9,10)¹

Geralmente os adeptos de outras denominações do cristianismo afirmam errôneamente que o Evangelho Segundo o Espiritismo é a Bíblia dos espíritas, como se o Espiritismo rejeitasse totalmente a Bíblia trocando-a pelo seu Evangelho.

Contrariamente a essa opinião o Espiritismo vê a Bíblia como um manancial de ensinamentos que podem ser estudados pelo espírita com proveito para a sua educação espiritual. Todavia, somos conscientes de que além dos ensinos morais que ela contém, existem outros que não mais se coadunam com os tempos atuais e todos os estudiosos não fanatizados estão cônscios dessa verdade.

Quem hoje poderia, seguindo as orientações do apóstolo Paulo [2], proibir uma mulher de falar ou pregar numa instituição Cristã ou impor como lei alguns dos estatutos contidos no Deuteronômio como, por exemplo:

“Quando homens estiverem brigando – um homem contra seu irmão – e a mulher de um deles se aproxima para livrar o marido dos socos do outro, e estende a mão, agarrando-o pelas suas vergonhas, tu cortarás a mão dela. Que teu olho não tenha piedade!” [3]

Essas passagens bastam para demostrar que a Bíblia não é infalível, devendo-se separar o que é de Deus, isto é, de inspiração divina e o que é humano e temporário.

Os orientadores espirituais informaram a Kardec que: “Todas as verdades se encontram no Cristianismo, os erros que nele se enraizaram são de origem humana” [4]. Assim, foi com este pensamento que o codificador escreveu o Evangelho Segundo o Espiritismo, a fim de dar maior relevância ao aspecto moral da Bíblia e em particular dos evangelhos. Por isso, o evangelho que utilizamos não substitui as escrituras, mas traz máximas de moral prática facilitando o entendimento da mensagem Cristã.

O Espiritismo é a continuação das duas revelações que constituem a Bíblia e o próprio Evangelho Segundo o Espiritismo aponta essas revelações como sendo as bases religiosas no qual a Doutrina se apoia.

O Antigo Testamento contém os princípios da Primeira Revelação da Lei de Deus trazida, segundo a tradição, por Moisés o grande revelador do monoteísmo: “Deus é único, e Moisés o Espírito que Deus enviou com a missão de fazê-lo conhecer, não somente aos hebreus, mas também pelos povos pagãos.” [5]

O Novo Testamento constitui a Segunda Revelação, contendo a vida, as palavras e os exemplos de nosso Senhor Jesus, que consideramos o ser mais perfeito que já visitou este orbe: “O Cristo foi o iniciador da mais pura moral, a mais sublime: a moral evangélica, cristã, que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los fraternos…” [6]

Assim sendo, o Espiritismo é a Terceira Revelação da Lei divina: “Da mesma maneira que disse o Cristo: “Eu não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”, tambem o Espiritismo nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo, mas, desenvolve completa e explica, em termos claros para todos, o que foi dito em forma alegórica.” [7]

Desse modo, só pode existir verdadeiro Espiritismo quando aliado aos ensinamentos de Jesus. Por isso, os escritos bíblicos permeiam Todos os livros de Allan Kardec que compõem a codificação Kardequiana. Embora a maioria dos espíritas não tenha o hábito de ler a Bíblia diretamente, diversos espíritos superiores vêm comentando as escrituras em diversos livros psicografados, como exemplo podemos citar o livro “Pão nosso” do espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier.

Enfim, O Evangelho Segundo o Espiritismo não é outra Bíblia, também não é outro Evangelho é o mesmo Evangelho de Jesus, apenas comentado pelos espíritos visando o melhor entendimento das suas instruções morais e apresentando questões doutrinárias que não puderam ser desenvolvidas pelo divino mestre, devido as dificuldades culturais e intelectuais, daquela época. [8]

Referências:

[1] Bíblia Sagrada. João Ferreira de Almeida. Ed. 1995 São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

[2] 1Coríntios 14:34-35

[3] Deuteronômio 25:11,12

[4] O Evangelho S. o Espiritismo cap. 6 item 5

[5] Um Espírito Israelita, O Evangelho S. o Espiritismo cap. 1 item 9

[6] idem

[7] idem

[8] João 16:12