Eu também não posso silenciar

A propósito de um artigo do respeitado recantista Celso Panza, a quem estimamos como amigo, sob o título Não posso silenciar" (com uma exclamação que acho desnecessária), após ter postado dois comentários e sentindo que não há clima para discutir por lá, vou trazer o assunto para cá. Sem nenhum prazer, pois tenho assuntos mais gratificantes para tratar, mas atendendo à ordem da minha consciência.
Trata-se dos ofícios do Procurador Geral da República, Augusto Aras, e do Advogado Geral da União, André Mendonça, endereçados ao STF no sentido de garantir a liberdade de culto e a reabertura das igrejas, mandadas fechar em vários lugares, e a liminar concedida pelo Ministro Kassio Nunes Marques. O Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, recusou-se a atender e em consequência Kassio Nunes oficiou à PF de Minas Gerais no sentido de garantir a abertura dos templos. E Kalil poderá responder nos termos da lei, se resistir.
É preciso entender que tais fechamentos são arbitrários e configuram perseguição contra a liberdade de culto, a pretexto de combater a covid. Como lembrou há pouco tempo o Padre Christian, e eu também dou testemunho, ninguém mais do que as igrejas zela pelas normas de precaução: máscaras, distanciamento, tomada de temperatura, limitação de público, higienização do local. Ele observou que as paróquias estão gastando o que não têm para manter a higienização, inclusive passando álcool gel nos bancos antes e depois da cerimônia.
Não, Celso, eu não sou como você, formado em Direito. Não sei falar jurisdiquez mas sei falar português. Isso porém não me impede de opinar, caso contrário você está fazendo como fazem os adversários da Greta Thunberg que pululam na internet, que combatem as posições da moça não pelo exame dos seus argumentos mas pela desqualificação da sua pessoa. E esse critério eu não aceito.
Eu não tenho o seu lastro jurídico, prezado amigo, mas aprendi a pensar com hermenêutica, a fazer as relações necessárias e utilizar fatos concretos e argumentos objetivos. Se o conhecimento jurídico é tão importante assim lembro que a sua opinião está se chocando com a de três pessoas que possuem lastro jurídico: o PRG, o AGU e o Ministro do STF. Quanto àquela determinação do plenário do STF que autoriza governadores e prefeitos a administrarem a crise, isso não quer dizer que eles possam fazer o que querem e bem entendem. Não é de hoje que o STF avança nas atribuições dos outros quatro poderes e isso vem causando, conforme a nobre opinião do eminente e cultissimo jurista Dr. Ives Gandra Martins, insegurança jurídica, como por várias vezes ele se expressou em seu programa da Rede Vida, "Anatomia do Poder".
Que já existe perseguição religiosa no Brasil, com agressões diversas às igrejas, isso só não vê quem não quer. Este prefeito precisa urgentemente ser afastado e quiçá preso.
Celso, com todo o respeito e consideração, pois sou seu leitor assíduo, diferente de você eu não me incomodo que discordem de mim, desde que o façam com respeito, e na minha escrivaninha não me incomodo de ser questionado 50 vezes seguidas na mesma postagem pela mesma pessoa. É o meu critério. Todavia, reservo-me o direito de dar a última palavra.
Sinto estar discutindo este assunto desagradável no Domingo da Páscoa, mas é justamente porque precisamos defender o direito da Cristandade na maior data do Calendário Litúrgico, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
E feliz Páscoa para todos.