Tornou-se comum no nosso tempo que as pessoas encontrem o amor de suas vidas pelo menos pelo menos uma vez por mês. O modo e a rapidez com a qual lidamos com trabalho, estudos, redes sociais, acabou se transferindo também para as relações. E é aqui que se instala um paradoxo: ao mesmo tempo que o pensamento dominante coloca a realização pessoal no individualismo, na tentativa de independência, também prega, como paradigma de realização um ‘encontro de conto de fadas’. Essa contradição entre ser feliz sozinho e precisar encontrar o amor da vida para ser feliz acaba promovendo uma banalização das relações, é tudo muito rápido, intenso, instintivo, e ao mesmo tempo, vazio! Pode ser uma visão muito radical, mas aos poucos parece que a essência dos relacionamentos tem deslocado seu eixo do amor para a satisfação. É sim preciso que um relacionamento seja satisfatório para aqueles que nele se envolvem, o que não pode acontecer é que a satisfação seja o que sustenta a relação.
Se o verdadeiro sentido do amor entre um homem e uma mulher não for resgatado, aos poucos as relações se tornarão mais vazias, passageiras, frustrantes. É cada vez mais comum ver relacionamentos que existem apenas para manter uma máscara social de realização ou mesmo para suprir carências físicas e psicológicas. Há casais que estão juntos apenas porque ambos são carentes de afeto, atenção, toque, prazer. Suprir carências é uma das partes de qualquer relacionamento, mas esta não pode ser a sua base, o seu fundamento. Pensando um pouco de modo cristão, o relacionamento homem-mulher tem, ou ao menos deveria ter, uma função divina: homem e mulher que unidos se tornam uma só carne participam do ato divino da criação. Este deveria ser o pano de fundo de todo relacionamento desde o seu início: eu, unido àquela outra pessoa, participo de um ato criativo de Deus, um casal que nutre um amor verdadeiro é uma prova da existência de Deus. Por isso mesmo ninguém deveria iniciar um namoro simplesmente para não ficar sozinho ou para suprir carências, o namoro não é a fase de testes de um projeto humano, é a construção de um plano divino a ser plenamente revelado no matrimônio. Nenhum namoro tem como resultado obrigatório o casamento, mas todo namoro precisa ter no horizonte o casamento, para que seja de fato uma relação onde o amor é nutrido.
É preciso tirar da mente influenciada pelo senso comum que só é feliz quem namora, casa, quem tem um relacionamento para exibir e chamar de seu. Ter uma relação que não te faz uma pessoa melhor é um desserviço! Ter uma relação só porque você é carente é falta de amor próprio! Se você não é feliz sozinho, não vai adiantar tentar colocar sua felicidade no outro! Qualquer relacionamento que te afaste de Deus, da sua família e dos seus amigos não é baseado em amor, mas no inferno!
Alguns elementos podem auxiliar aqueles que querem verificar a autenticidade do próprio relacionamento ou aqueles que se sentem vocacionados à vida matrimonial e familiar: só quem está bem consigo mesmo tem condições de se relacionar bem com o outro; a confiança está na base de todas as relações, ou ela existe, ou você não está pronto para um relacionamento; andarilho é quem anda sozinho e não sabe para onde vai, peregrino é quem anda acompanhado e tem destino certo, você sabe para onde seu namoro está indo?; a união do casal precisa ser testemunho, as pessoas que convivem com vocês sentem a presença de Deus através de vocês?; todo relacionamento, do namoro ao matrimônio é serviço, você está disposto (a) a trabalhar para que seu ou sua companheiro (a) chegue ao céu, e mais, que outras pessoas possam chegar ao céu através de vocês?
É muita coisa né? Claro que é! Você não é um objeto, sua vida não é uma coisa que você entrega na mão de qualquer um, bem como a vida do outro não pode ser brinquedo na sua mão. Em tempos líquidos, aonde até as relações estão escorrendo pelos dedos, o desafio é construir relacionamentos sólidos, que sejam estrada para o céu, caminho para Deus.
Abra a Porta e Hiago Fonte Boa
Enviado por Abra a Porta em 02/06/2021
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