Por trás da máscara da sanidade

Essa pessoa necessita a todo o momento ser o centro das atenções, mesmo que tenha que agir por caminhos extremos. O corpo – via doença ou sexualidade- é a ferramenta principal para atrair a atenção de seus admiradores. Excelentes em causar uma primeira boa impressão, logo mostram sua verdadeira natureza: infantil, ciumenta, possessiva e invejosa. Com um senso de identidade difusa devido a traumas da infância, esses indivíduos são verdadeiros camaleões, mudando de postura, linguagem corporal ou até mesmo gostos musicais conforme lhes seja conveniente. Essa instabilidade se reflete nas relações interpessoais- ora amam, ora odeiam, podendo mudar de opinião sobre alguém muito rapidamente.

As conversas sempre giram ao redor dela: quando não estão flertando ou falando sobre suas conquistas sexuais com os amigos, estão recitando uma elegia sobre seu “ horrível” passado, lembrando de como os filhos não se importam com eles, como o ex-marido/esposa foi negligente ou possessivo, ou como foi abandonada pelas pessoas que amava, iniciando uma cascata de lamúrias.

Nos relacionamentos, costumam se mostrar como o par perfeito, espelhando as predileções do indivíduo com quem estão e estabelecendo uma conexão ímpar. Entretanto, a impaciência, exigência extrema, egocentrismo e mitomania acabam por obliterar a confiança e harmonia entre o casal. Vitimar-se é sua especialidade: fazem-no para ganhar simpatia, mesmo que tenham que elaborar histórias absurdas e degradantes sobre outras pessoas ou distorcer a realidade; afinal, só se sentem valorizados caso recebam atenção constante. Inconscientemente avessos à paz e à tranquilidade, histriônicos estão sempre catastrofizando problemas e causando dramas, já que instrospecção faz com que a constante sensação de vazio que sentem se intensifique. Com dificuldade de se lembrar dos detalhes dos acontecimentos que viveram, são esquecidos e com frequência usam a repressão (esquecimento motivado) para evitar que conflitos permaneçam no consciente.

Imaturos emocionalmente, é comum que portadores do transtorno cheguem aos seus quarenta anos exibindo os mesmos traços pueris da adolescência: fazem birra, sentem ciúmes de qualquer pessoa; durante discussões sérias, podem simplesmente ter uma crise de raiva e sair andando, como se ignorar os problemas fosse lhes trazer alguma solução. A mudança é vista como algo ameaçador, e devido a sua hipersensibilidade a críticas, mesmo construtivas, qualquer tentativa de ajudar é vã.

Esses indivíduos são muito impulsivos e promíscuos, pois acreditam que seu valor na sociedade está intrinsicamente ligado ao apelo sexual e capacidade de seduzir pessoas. Com efeito, são sedutores ardilosos, e costumam erotizar, inconscientemente, todas as relações, até mesmo as familiares, rendendo-lhes apelidos como “ doidinhos”, “ aparecidos” ou “ tarados”. Agradar e impressionar estão entre seus objetivos principais. Embora gregários, sempre animados e muito efusivos, estas pessoas têm a autoestima baixíssima, e mascaram sua verdadeira natureza vazia entretendo as pessoas, ou se devotando ao hedonismo, através de sexo, drogas e bebidas. Alcoolismo é comum, intensificando ainda mais suas tendências histéricas e escandalosas e prejudicando a falta de controle de impulsos, quase inexistente. Esses indivíduos são avessos a exercícios que exigem concentração e são muito intolerantes a frustração, precisando de gratificação imediata. Seu imediatismo, indecisão e falta de constância podem fazer com que percam oportunidades de trabalho, perpetuando a situação turbulenta e desestruturada de suas vidas. Alguns são muito funcionais laboral e socialmente, mas é no amor que a patologia atinge seu ápice- a patologia aumenta de acordo com a intimidade. Sentem com frequência uma necessidade avassaladora de ter um porto -seguro, e precisam estar numa relação amorosa para se sentirem completos. Envolvem-se com frequência com figuras narcisistas e autoritárias ou passivas demais, de modo que possam exercer facilmente o controle, enquanto buscam secretamente casos amorosos constantes. “ Joguinhos de sedução” e chantagem emocional são usados para encantar, desconcertar ou se vingar de pessoas com quem tiveram algum embate, pois, na maneira idiossincrática de pensar desses indivíduos, eles são sempre a vítima, por mais abusadoras que sejam suas atitudes diárias. Sugestionáveis, esses indivíduos são facilmente persuadidos e suas opiniões oscilam conforme companhia.

Geralmente têm uma relação deficiente com pessoas do mesmo sexo, e só estabelecem esse tipo de amizade caso estes também exibam traços histriônicos. Contudo, amizades duradouras se tornam difíceis, pois o histriônico pode expor completamente seu melhor amigo, simplesmente para ter a atenção toda para si ou para se vangloriar em cima da inferioridade alheia . São muito exigentes, sem oferecer reciprocidade. Assertividade e pensamento racional não existem em seu vocabulário: sempre fazem picuinhas e intrigas e tomam decisões baseadas em emoções em detrimento de fatos e evidências.

Esses indivíduos representam grande perigo para a sociedade: são inescrupulosos e com frequência inventam mentiras perniciosas, afirmando que passarão por uma cirurgia ou que têm câncer, fazem falsas acusações de estupro ou agressão e falsificam testes de gravidez, tudo, claro, para chamar a atenção ou se vingar de seus adversários. Com um talento nato para interpretar papéis, histriônicos podem fazer parte de um grupo social seleto por muitos anos, sem que, no entanto, deixem sua máscara cair, fingindo-se de bobos ou desentendidos. No tribunal, são ainda mais lesivos: fazem uso de armas hediondas para ganhar brigas por guarda, alegando, em meio a lágrimas de crocodilo, que seus filhos foram deflorados pelo ex-cônjuge. Por falta de um mecanismo de defesa mais maduro, quando diante de uma possível situação de rejeição ou abandono, podem cometer as maiores baixezas para prender o parceiro, como jogos de culpa e medo, ameaçar a se deitar com seus melhores amigos ou familiares ou ameaçar suicídio ( diferentemente do borderline, que corre efetivamente risco de se suicidar, histriônicos o fazem apenas para chamar atenção). Não raro, esses indivíduos têm vida dupla, com namoros ou até mesmo outro casamento em outra cidade, sites de pornografia pessoal, ou fazem parte de comunidades religiosas, sem nutrirem nenhuma fé pelo credo de que fazem parte. Casos de prostituição extraconjugal não são raros: por saberem dissociar sexo de sentimentos e serem excelentes em racionalizar seu comportamento, acreditam que se prostituir é apenas uma forma de conseguir remuneração pelo que já fazem de graça (qualquer insinuação a respeito por parte do marido/ esposa é retaliado com indignações, lágrimas e distorção de realidade).

Enquanto a mulher histriônica é encontrada em consultórios médicos queixando-se de depressão e dores misteriosas (somatização) após terminar um relacionamento, homens com o transtorno fazem frequentes visitas à delegacia por violência doméstica.

Histriônicos são uma verdadeira antítese: exibem uma dependência coerciva para com seus parceiros através de um amor grudento, pegajoso e destrutivo, mas são infiéis sexualmente, praticando infidelidade extraconjugal sem proteção e trazendo doenças venéreas para dentro de casa. Manipuladores hábeis, são maestrais quando se trata de jogar pessoas umas contra as outras, mas podem exibir uma ingenuidade infantil, com dificuldade de perceber nuances sociais elementares.

Taxados como “ sem-noção”, histriônicos não tem filtro, proferindo coisas constrangedoras e geralmente de cunho sexual na frente de estranhos. Também consideram as relações mais íntimas do que elas são, expondo sua vida e a de outros para pessoas da internet que nem conhecem ou abraçando e conversando com pessoas que conheceram há poucos dias, como se tivessem toda a intimidade do mundo.

Por ser um transtorno com ligação direta com o aspecto luxuriosos, não é de se espantar que histriônicos são excelentes parceiros sexuais, se empenhando ao máximo para ter uma performance de alta qualidade, já que este é um dos principais mecanismos para “prender” alguém.

A etiologia é multifatorial, porém acredita-se que há influências genéticas e sociais. Um histórico familiar típico é a de uma mãe narcisista, autoritária e negligente e um pai passivo demais ou ausente. Abuso sexual durante a infância também pode ter ocorrido.

Embora, por questões de convenção, transtornos de personalidade sejam diagnosticados após os dezoito anos, adolescentes com o problema costumam manifestar os sintomas muito precocemente, entre eles: automutilação ( sugerindo comorbidade com transtorno de personalidade borderline); fugas frequentes de casa; problemas familiares, mudando-se com frequência da casa de um parente para outro; mentira e dissimulação, geralmente percebida pelos pais; promiscuidade precoce; problemas recorrentes de violência física; e necessidade de aparecer, geralmente de maneira negativa.

Crenças histriônicas comuns são:

Sou interessante/excitante

Para ser feliz, preciso da atenção dos outros

Nada sou se não impressiono as pessoas

Se não gostam de mim, não prestam

Sou o centro das

atenções

Sentimentos e intuição são mais importantes

que planejamento racional

Se não entreter as pessoas, perceberam minhas fraquezas.

Preciso ter ótimo desempenho sexual ou ficarei sozinha.

Problemas associados:

Tricotilomania, bulimia nervosa, anorexia nervosa, depressão, ansiedade, transtorno de personalidade borderline, alcoolismo, compulsão sexual, transtornos somatoformes e conversivos e hipocondria.

ALERTA: se você está envolvido com um histriônico, seja no âmbito familiar, social ou amoroso, você irá experimentar grande destruição emocional em sua vida. Estes indivíduos têm desprezo por diagnósticos e têm comportamento inflexível e duradouro, caracterizando, assim, um transtorno de personalidade. Embora tenham como objetivo amar e ser amados, os traumas severos da infância transformam essas pessoas em indivíduos disfuncionais e com uma visão de mundo peculiar (distorção perceptiva). Intimidade com alguém assim é impossível.

Como identificar um histriônico:

1) Desejam ser o centro das atenções;

2) Não tem bom-senso sobre o que devem ou não falar;

3) São sedutores e flertam com mais frequência do que o usual;

4) Mentem ou distorcem a realidade todo o tempo, mas de maneira muito convincente;

5) Consideram as relações mais íntimas do que elas são;

6) São sugestionáveis;

7) Vitimam-se com frequência e raramente assumem responsabilidade pelo que fazem;

8) Mudam de humor rapidamente, podendo estar alegres e contentes e logo tristes ou raivosos;

9) São impulsivos e costumam se tornar briguentos, promíscuos, escandalosos ou chorar incontrolavelmente, especialmente quando há consumo de álcool.

10) São ciumentos e têm pavor de abandono ou rejeição. Tudo é motivo para confusão e brigas.

11) Gostam de expor as pessoas.

12) São excessivamente dramáticos.

13) Têm tendências hipocondríacas.

14) São manipuladores e têm boas habilidades sociais.

15) No início de uma relação, se mostram sempre disponíveis e podem ser muito submissos.

16) São infiéis e desleais em todas as suas relações interpessoais;

17) Preferem ter amizade com pessoas do sexo oposto.

18) Têm sentimentos frequentes de inveja, vazio ou raiva.

19) Podem se fingir de bobos, ingênuos ou frágeis, a fim de conseguir apoio.

20) São exibicionistas e teatrais.

UM VIKING DE ÓCULOS
Enviado por UM VIKING DE ÓCULOS em 03/01/2017
Código do texto: T5871025
Classificação de conteúdo: seguro