ASIA BIBI - PELA VIDA DA CRISTÃ

Condenação à morte de cristã paquistanesa mobiliza igrejas e organismos internacionais em defesa dos direitos humanos

Promulgada pelo general Zia-ul-Haq na década de 1980 e extremamente inflexível, a ponto de até incentivar muitos muçulmanos paquistaneses a fazer justiça com as próprias mãos, a Lei da Blasfêmia tem dado o que falar nos últimos meses, principalmente após a condenação à morte da cristã Asia Bibi, uma trabalhadora rural e mãe de três filhos acusada de ofender o profeta Maomé – ou Muhammad, o fundador da religião islâmica.

Já que no contexto paquistanês, a palavra de um muçulmano tem peso maior do que a de dois cristãos, e que não é necessário haver provas concretas para a acusação de blasfêmia, a prisão de Asia aconteceu assim que a queixa foi levada a um clérigo da região do Punjab, na fronteira com a Índia, em junho de 2009. Desde que a sentença de condenação por enforcamento foi anunciada, em meados de novembro, inúmeros têm sido os apelos e manifestações provenientes de todas as partes do mundo, principalmente de entidades relacionadas aos direitos humanos, em favor da vida da cristã.

Governador do Punjab, Salmaan Taseer chegou a declarar a um jornal local que considera a sentença de morte um “episódio vergonhoso para o país”, demonstrando assim que nem todos os paquistaneses compactuam com as leis impostas pelos ditadores e radicais islâmicos. Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso – departamento da Igreja Católica que tem como finalidade o diálogo entre religiões –, o cardeal Jean-Louis Tauran esteve, pessoalmente, no Paquistão – país de maioria esmagadora muçulmana, incluindo a região da Caxemira, pivô de uma disputa territorial histórica com a Índia – para tentar sensibilizar o governo local sobre o caso e solicitar a revogação da lei. “A comunidade internacional está acompanhando com grande preocupação a difícil situação dos cristãos no Paquistão, muitas vezes vítimas de violência e discriminação”, afirmou o papa Bento XVI, semanas antes do embarque do padre francês à Ásia. “Peço que lhe seja restituída a liberdade o mais rapidamente possível, e os que se encontram em situações análogas que tenham sua dignidade humana e direitos fundamentais respeitados”, complementou o pontífice.

Entre os crentes, a corrente também tem sido grande contra a intolerância religiosa no país asiático; vale lembrar que, em setembro, um pastor evangélico – Patras Sani, da Church of God Ministries – foi agredido e morto por paquistaneses, num mal explicado episódio de assalto ocorrido na comunidade de Sandha Chistana. Nas ruas ou na prisão, o fato é que crente algum pode se sentir seguro no Paquistão; afinal, indícios dão conta de que há até uma recompensa para quem assassine a mulher cristã antes que os apelos internacionais façam algum efeito.

Fonte: Revista Eclésia - Edição 146

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 24/01/2011
Reeditado em 12/03/2012
Código do texto: T2749068
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