ANTÓNIO PESTANA GARCIA PEREIRA - A REPERCUSSÃO DA CRISE EUROPEIA NO BRASIL

Para um dos mais conceituados e respeitados políticos portugueses, a crise é do sistema capitalista global e não, precisamente, europeia

Embora o tema de sua palestra no XI CONSIG – Congresso de Sindicalismo Global tenha sido “A Repercussão da Crise Europeia no Brasil”, para o professor universitário e político português António Pestana Garcia Pereira não há precisamente uma crise europeia, mas uma crise do sistema capitalista global que vem desde 2008. “A crise atingiu primeiro os Estados Unidos e depois se alastrou por outras zonas do mundo, designadamente a Europa. Porém, seus parâmetros são bem diferentes de crises anteriores, como a de 1929”, compara, fazendo uma breve retrospectiva histórica sobre a evolução do conceito de capitalismo. “Desde o final do século 15 já existia um mercado global capitalista, com o comércio indo buscar parte da produção para colocá-la onde mais lhe convinha; entretanto, ainda não havia um capitalismo global”, explica, complementando que, após um processo de fusão com o capital industrial, no final do século 19 e inicio do século 20, configurou-se um sistema global regido pelo capital financeiro. Ou seja, o sistema passou a ser controlado pelas empresas multinacionais, e não mais pelas nações. “O grande capital financeiro não tem pátria, não tem nação”, sintetiza, citando Karl Marx e sua célebre obra O Capital.

Com papel importante na resistência antifascista portuguesa na década de 1970, António Pestana Garcia Pereira sempre teve seu nome ligado a movimentos estudantis e à política, tanto que, por duas vezes consecutivas, concorreu à presidência da República – em 2001 e 2006. Ainda hoje, apesar de mais comedido nas palavras, o advogado e autor de diversos livros ainda se mostra bastante contundente, sem deixar, inclusive, de dar uma alfinetada na Alemanha, um dos únicos países europeus que parecem estar imunes à crise. “O dólar e o euro disputam o controle financeiro do mundo, mas enquanto os Estados Unidos têm na sua moeda um meio internacional de troca, a Europa não tem. Por exemplo: compra-se petróleo com dólares, não com euros. A luta feroz entre esses imperialismos conduziu à chamada ‘crise do euro’, moeda que outra coisa não é senão o marco travestido”, acusa o palestrante. Antes da unificação europeia, o marco era a moeda oficial da Alemanha.

Com muitos aplausos, António Pestana Garcia Pereira foi homenageado com a placa de participação no congresso pelos mediadores Solomar Pereira Rockembach e Roberto Santos Sampaio, respectivamente presidentes do SINTEC-PR – Sindicato dos Técnicos Industriais do Estado do Paraná e do SINTEC-SE – Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio no Estado de Sergipe.

Fonte: SINTEC-SP em Revista - Edição 154

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 04/12/2012
Reeditado em 06/12/2012
Código do texto: T4019599
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